Desde que saiu do quarto de Miranda, sua mente ainda não era a mesma, e cair na bebida com Claudio e as inúmeras mulheres ao seu redor foi uma sabia escolha, uma das melhores de sua vida. Já passava das dez da manhã e isso queria dizer que o fim da estadia naquele hotel estava próximo. Não havia ligações de sua casa, mas sim do escritório do seu pai que não conseguia ficar calmo com seus dois filhos pequenos e uma esposa tão nova para brincar.
Tinha que ficar ligando sem parar como se fosse preocupado com a empresa, o que na verdade, estava interessado mesmo é no quanto ele iria receber para enfim, ultrapassar Victoria e seu marido.
- Até que fim! Achei que tinha esquecido que tem uma pessoa ansiosa por informações – reclamou do outro lado da linha. Levi sorriu indo atrás de um copo de água, sua garganta estava seca.
- Estava dormindo, os horários são diferentes aqui e não consigo me acostumar – Marlon reclamou mais alguns segundos - Está tudo certo. A filha de Claudio pretende ir para conhecer nossas empresas.
- O que? – era notável a surpresa de Marlon.
- Ela acha que confiar demais em uma empresa assim do nada não é do seu agrado. Quer conhecer onde trabalhamos e como fazemos isso. E ai mesmo pretende assinar o contrato. Claudio já deixou claro que nossa parceria será feita, mas a última palavra e a assinatura de Miranda é que vale. – Disse com clareza e Marlon escutou tudo até o fim e logo um suspiro foi ouvido. - Aproveite para mandar vestir suas secretarias, ela vai conhecer o escritório, obviamente.
- Então ela virá para nos conhecer. É apenas por isso mesmo? Ou você decidiu fazer alguma coisa mais... indecente? – Levi ergueu a cabeça avistando a bonita vista além da janela - Levi, eu espero que não tenha feito nada para desagradar essa mulher. É a nossa chance e temos que nos agarrar nela.
- Esta tudo sob controle. – afirmou desligando o celular. Fixou o olhar sobre a janela e riu de lado.
Estava realmente, tudo sobre controle.
Ao pensar em controle, Levi lembrou-se vagamente do que aconteceu naquele camarim noite passada, certamente as coisas não estariam tão perfeitas assim se Marlon soubesse que apesar de estar diante de uma mulher tão bela que nutria os mesmos gostos que ele, não aceitou sua proposta de sexo, ou melhor, uma ordem para que transassem ali mesmo.
Ah, ele com certeza não estava interessado. Com um longo suspiro ele se lembrou do sorriso de Mel e daquela correria toda para lhe abraçar quando saiu se perguntava se teria a mesma quando chegasse, se ela correria para seus braços e lhe beijaria na frente de tudo e de todos sem se importar com o resto do mundo.
Isso era muito bom.
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- Senhorita! – A voz trêmula de Martin denunciava seu medo de continuar naquele quarto. Já haviam se passado quinze minutos desde que chegou ali e Miranda não tinha lhe respondido um "oi" se quer. Deu outro suspiro alto fazendo-se ser percebida, e mesmo assim, não teve resposta de sua chefa - Miranda eu acho que já está bom, não é?
Miranda não respondeu, deixou o copo de uísque sobre a mesinha ao lado da cadeira de sol na sacada da sua cobertura e levantou arrumando sua saída de banho e retirando o chapéu grande que a protegia do sol ardente, uma das coisas que ela mais amava. Entrando outra vez no quarto, ela encarou a mulher que trazia uma pequena mala e um sorriso no rosto.
- O que você quer? – questionou passando por ela e chegou em frente ao espelho encarando seu reflexo, era linda demais para receber um não daquele homem.
- Dizer que nós temos uma mala para começar a arrumar. Você ainda vai viajar para a cidade dele, não é? Levi mandou um e-mail, ele disse que o jato de sua família sai depois das seis e meia da noite. E pelo que vi, ainda não fez nenhuma das malas.
- É claro que eu vou. Mas não estou preocupada com roupas, estou mais preocupada é como eu vou fazer para trazer aquele homem para minha cama. – virou para a secretaria que abaixou os olhos - Sou uma mulher bonita demais para receber um não de um empregado praticamente. Sem mim, ele não vai ganhar aquela porcaria de corrida contra seu padrasto e mãe. E eu não vou assinar nada se ele não dormir comigo.
- Isso tá parecendo meio desesperador, não acha não? – Miranda desanimou, mas acabou rindo depois - você é bonita sim, não precisa se rastejar para ter a atenção dele.
- Ele disse que tem uma garota que gosta e eu estou indo apenas para conhecê-la. Não vou ser trocada por qualquer mulher, espero ao menos uma modelo rica de olhos e um corpo invejado e mesmo assim, eu não ser rejeitada, eu vou acabar com Levi Santiago. – Martin engoliu a seco - Levi vai saber com quem se meteu. Eu nunca fui uma pessoa que desiste do que quer depois de um "não". Ele vai ser meu, por bem, ou por mal.
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- MEL! – Mel quase não teve tempo de soltar as sacolas quando Maurício pulou em seus braços para um forte abraço naquela tarde de domingo. O beijou pelas bochechas quando enfim o deixou no chão. - Não acredito que não estou indo embora, eu queria ir hoje.
- Infelizmente hoje ainda não pode ir. Mas terça-feira, você vai pra casa comigo. Eu arrumei tudo pra você voltar e advinha, você tem um quarto novo e ele é maravilhoso. – gritou ela junto do outro, ambos felizes - mas eu não fiz sozinha, tive ajuda da sua nova amiga que resolveu te trazer um presente. – Becca estava junto e Mel assistiu os dois se abraçarem antes de começarem a desembrulhar as coisas.
Aos poucos, terminou de entrar no quarto deixando a sacola de roupas novas que haviam trago para Maurício e encarou a janela do quarto. O sol já começava a desaparecer, certamente, Levi estava chegando e em breve estaria de volta, na sua casa, e isso queria dizer que a conversa sobre eles iria acontecer. Suspirou.
Havia passado o final de semana inteiro arrumando o apartamento para a chegada de Maurício que nem pensou nas palavras que usaria com Levi.
Mas o que mais usaria de se não o que sentia de verdade? Ela gostava dele, diria que queria ficar com ele sem dinheiro, sem contratos, sem nada, apenas como um namorado, e uma namorada, duas pessoas que se gostam e querem estar juntas. Era isso.
- Mel, olha o que eu ganhei – Mel se virou devagar sorrindo para o boneco de porcelana em forma de homem de ferro, o melhor vingador diretamente nas mãos do garoto ruivo e olhos brilhantes - É o melhor presente de todos.
- Ela passou meia hora escolhendo ele, e veio até aqui só pra lhe entregar pessoalmente – disse Mel fazendo o garoto sorrir outra vez para Becca.
- Eu gostei. Juro! – agradeceu novamente para Becca e lhe abraçou. - Obrigado.
- De nada. Mas agora eu estou indo. Meu chefe está voltando de uma viagem, e eu preciso deixar tudo pronto para ele – avisou ao pequeno que assentiu voltando pra cama, - E você Mel, quando vai?
- Vou conversar com Maurício primeiro, e depois eu vou.
- Diz que eu amo ele – riu quando Mel revirou os olhos e logo saiu do quarto dando tchau aos dois.
- Você se sente bem mesmo? – Mel se aproximou da cama pegando a pequena poltrona para se sentar ao lado e sorriu para o irmão. Maurício concordou dando vários sorrisos, ansioso para ir pra casa - quero te contar sobre uma pessoa.
- Você está namorando? Mamãe disse que isso chegaria um dia. Eu vou gostar dele? É legal? Ele vai ser meu novo irmão? Ou um pai?
- Porque ele seria o seu pai? – Maurício riu de canto e voltou a encarar seu novo boneco.
- Por que você parece à mamãe. Eu queria que você fosse a minha mãe. Se eu estou vivo é por sua causa, e tenho que agradecer, você é a melhor de todas. – Mel riu se aproximando mais da cama e segurou as mãos do menino. - É sério? Tá namorando?
- Para de dizer isso. Não estou namorando, mas quem sabe isso possa acontecer em breve. Ele quem me ajudou com você. Com o dinheiro que eu precisava para você. Ele quem te deu metade dos brinquedos que estão aqui, quantas malas será preciso pra levar tudo isso? – olhou ao redor dando um largo sorriso.
- Não muda de assunto. – Mel riu voltando ao irmão - eu achei que você tinha arrumado um emprego, não um namorado – questionou a si mesmo e Mel ficou séria. De fato, ele não está errado.
- As coisas podem mudar às vezes, e para melhor. – Maurício cruzou os braços dando um sorriso desconfiado, - não faz essa cara, você não sabe de nada. É só uma criança.
- Você certamente agarrou o chefe – os dois riram.
- Eu vou pra casa agora, e venho pegar você quando já puder sair. Tenho algumas coisas para fazer Maurício, mas já deixo avisado que quando precisar de qualquer coisa, peça para alguém me ligar, por você eu largo qualquer coisa que estiver fazendo para vir até seu encontro. – Maurício assentiu.
- Vou me preparar também. Quero estar 100% melhor pra quando for assinar minha saída. Eu te amo.
- Eu te amo mais.