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A melhor amiga do Ceo

A melhor amiga do Ceo

img Romance
img 11 Capítulo
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img Lian21
5.0
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Sinopse

Quando Júlia, a amiga de infância do poderoso CEO Leonardo Leone, reaparece após anos, ela desperta memórias, segredos e uma tensão silenciosa em seu casamento com Isadora. O que começa como uma amizade reacendida logo se transforma em um jogo sutil de sentimentos, ciúmes e dúvidas. Até onde vai a lealdade - e onde começa a traição?

Capítulo 1 A Chegada

A torre espelhada da Leone Group refletia a cidade abaixo como um monumento moderno à ambição. Ali dentro, no topo do 32º andar, Leonardo Leone - CEO da empresa que levava seu nome - digitava freneticamente em seu notebook, finalizando os últimos ajustes de uma apresentação que definiria os rumos do novo projeto internacional da companhia. O mercado de energia limpa exigia ousadia, e ele era exatamente o tipo de homem que sabia transformar visão em lucro.

Leonardo era conhecido por sua postura firme, seu olhar calculista e uma elegância contida. Aos trinta e seis anos, carregava nos ombros o legado de uma empresa construída com sangue e sacrifício pelo pai, e ampliada por sua visão futurista e implacável. Casado há seis anos com Isadora, uma curadora de arte discreta e refinada, sua vida parecia perfeitamente organizada, como os quadros pendurados com precisão milimétrica nas paredes do apartamento onde viviam, em Higienópolis.

Isadora era o oposto do mundo corporativo que consumia o marido. Ela vivia entre galerias, exposições e projetos educativos para jovens artistas. Tinha uma sensibilidade apurada, um olhar que enxergava beleza até no desgaste de uma parede antiga. Talvez por isso tivesse se apaixonado por Leonardo, tempos atrás, quando o encontrou perdido em meio a uma instalação contemporânea sem entender se estava olhando para uma obra ou para o teto.

Apesar das diferenças, o amor entre eles havia crescido. Mas com o tempo, as ausências dele se tornaram mais frequentes, as conversas mais curtas, os sorrisos mais raros. Ainda assim, Isadora acreditava que era só uma fase. Leonardo trabalhava demais, e ela compreendia.

Até o dia em que Júlia apareceu.

Era uma tarde cinzenta de terça-feira quando Leonardo desceu até a recepção para uma reunião informal. A mulher que esperava por ele estava de costas, mexendo no celular, o cabelo castanho preso em um coque bagunçado. Ao vê-lo se aproximar, ela virou-se de súbito, e um sorriso largo se abriu em seu rosto.

- Léo! - disse ela, com a voz animada, já abrindo os braços.

Ele parou por um instante. O choque o atravessou como um raio silencioso. Depois, um sorriso discreto rompeu sua expressão habitual. Abriu os braços e a envolveu num abraço apertado, deixando por um instante a rigidez de lado.

- Júlia? - murmurou ele, ainda em choque. - Não acredito. Depois de todos esses anos...

- Eu voltei - disse ela, afastando-se um pouco, ainda com as mãos nos ombros dele. - Voltei pra ficar.

Júlia. O nome soou como uma memória adormecida. Eles haviam sido inseparáveis na infância. Moravam na mesma rua, dividiam aventuras, medos, sonhos. Quando o pai de Leonardo morreu e ele teve que assumir a empresa ainda muito jovem, ela foi uma das poucas pessoas que tentou ficar por perto. Mas ele havia se fechado. Aos poucos, Júlia foi sumindo. Mudou de cidade. Parou de responder. Ou talvez fosse ele quem tivesse deixado de procurar.

Agora, ali estava ela. Mais madura, mais bonita - e ainda com o mesmo brilho nos olhos.

- E então, você vai me convidar pra subir ou vamos ficar aqui como dois adolescentes reencontrando o primeiro amor?

Leonardo riu, sem saber como reagir àquele comentário.

- Claro, vamos subir. Quero saber tudo sobre você.

No 32º andar, entre cafés e lembranças, Júlia contou que havia morado fora por anos, estudado Psicologia em Lisboa, viajado pelo mundo, trabalhado com desenvolvimento humano em empresas europeias. Voltou ao Brasil para cuidar da mãe, que estava doente, e pensava em abrir uma consultoria.

- Pensei em vir aqui... Sei que sua empresa está expandindo. Talvez você precise de alguém como eu.

Leonardo a ouviu com atenção, mas não era a parte profissional que o intrigava. Era a naturalidade com que ela se movia entre as memórias, como se tivesse voltado ao passado com a chave certa.

Ela conhecia tudo sobre ele - seus gostos, seu jeito de coçar a sobrancelha quando estava nervoso, seu café preferido. E isso o desconcertava.

- E a Isadora? - perguntou Júlia, cruzando as pernas e recostando-se na poltrona de couro. - Está tudo bem entre vocês?

Ele hesitou por um instante.

- Está... Sim, claro. Ela está bem. Trabalha bastante também. Um pouco distante às vezes, mas é normal, né?

Júlia assentiu, mas não disse nada. O silêncio entre eles foi preenchido por uma lembrança antiga, talvez a de um verão em que ficaram olhando as estrelas deitados no capô de um carro velho.

Naquela noite, ao chegar em casa, Leonardo encontrou Isadora no sofá, lendo um catálogo de arte francesa. O cabelo preso com um lápis, os pés descalços sobre uma manta. Um quadro tranquilo. Doméstico.

- Oi, amor. - Ela sorriu, mas seus olhos não deixaram a página.

- Oi. - Ele se aproximou, deu um beijo em sua testa e sentou-se ao lado dela.

- Te atrasei muito?

- Não, tranquilo. Estava numa reunião... informal.

- Com quem?

A pergunta veio casual, mas o tom não. Leonardo a encarou por um segundo.

- Júlia. Uma amiga de infância. Apareceu hoje na empresa. Anos sem nos vermos.

Isadora finalmente fechou o catálogo e o observou com mais atenção.

- Júlia? Você nunca falou dela.

Ele coçou a sobrancelha, sem perceber.

- É, faz tempo. Perdemos o contato... mas agora ela está de volta.

Isadora assentiu lentamente, como quem registra algo importante. Mas não disse mais nada.

Nos dias seguintes, Júlia passou a frequentar o prédio da Leone Group com frequência. Às vezes com currículo em mãos, outras apenas para "almoçar com um velho amigo". Leonardo, aos poucos, deixava espaços em sua agenda para ela. Entre cafés e conversas, a amizade ressurgia com uma força inesperada.

Isadora percebia as mudanças. As mensagens que Leonardo respondia sorrindo, as reuniões "de última hora", a maneira como se distraía nas conversas com ela. Havia algo ali. E não era só nostalgia.

Certa tarde, ao visitar o marido no trabalho para entregar um convite de uma exposição onde ela participaria como curadora, Isadora viu Júlia saindo do elevador com Leonardo. Riam de algo que ele dizia, os olhos dela brilhando.

- Ah, Isadora! - disse ele, surpreso. - Essa é a Júlia. Já falei dela.

- Claro - disse Isadora, estendendo a mão. - A amiga de infância.

Júlia apertou sua mão com firmeza e um sorriso largo.

- Oi! Ouvi falar muito de você. Sua galeria é incrível. Gosto do seu estilo.

- Que bom. Mas estranho... nunca ouvi falar de você até três dias atrás - disse Isadora, sem desviar o olhar.

Júlia riu, como se fosse uma brincadeira.

- É, eu desapareci mesmo. Mas estou de volta. E quero recuperar o tempo perdido.

Isadora apenas sorriu. Mas em seu peito, algo havia mudado.

Nos dias seguintes, o clima em casa se tornou mais silencioso. Isadora não perguntava, e Leonardo não contava. Pareciam dois desconhecidos dividindo o mesmo teto.

Uma noite, enquanto ele dormia, ela vasculhou discretamente suas mensagens. Nada comprometedor. Mas o tom. Ah, o tom... risadas demais, emojis demais. Cumplicidade demais.

Ela desligou o celular e foi até a varanda. A cidade lá fora parecia indiferente ao que estava prestes a desmoronar.

Do outro lado da cidade, Júlia olhava para uma foto antiga em sua escrivaninha. Ela e Leonardo, crianças, cobertos de lama depois de brincarem na chuva. Havia uma doçura ali. Uma dor também.

Ela sabia que estava invadindo algo. Mas também sabia que nunca havia esquecido aquele menino que virou homem demais cedo. Ela voltara por mais do que trabalho. Voltara por respostas. Talvez por amor.

Ou por vingança.

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