Eu, Liana, uma simples herbalista, sentia-me a mulher mais feliz do mundo.
O Coronel Inácio, meu amor, o filho do mais poderoso fazendeiro, jurou me amar para sempre.
Com meu bornal, curei seus homens e o ajudei a consolidar seu poder.
Entreguei-lhe meu coração e, por um tempo, tudo pareceu um conto de fadas.
Até que, um dia, Inácio trouxe para casa Sílvia, a noiva falecida de seu primo, alegando "dever".
Logo, essa desculpa se revelou a mais cruel das traições.
Uma noite, grávida de quatro meses, vi a cena que estraçalhou meu coração: Inácio e Sílvia juntos na cama.
Essa quebra desencadeou uma avalanche de horrores.
Meu filho nasceu morto, uma dor insuportável, atribuída à minha "fraqueza".
Mesmo sem culpa, fui forçada a assinar minhas terras para ele e drogada com uma poção que me tirou a capacidade de ter filhos.
O ápice da crueldade veio quando, acusada publicamente de adultério e bruxaria, Inácio, o homem que eu amei, acendeu pessoalmente a pira sob meus pés.
As chamas lambiam meu corpo, mas a verdadeira dor era a incompreensão em meu coração.
Como o homem por quem sacrifiquei tanto pôde me fazer isso?
Por que ele me condenou à morte depois de tudo?
Meu último pensamento antes da escuridão foi de profundo arrependimento por um dia o ter amado.
Eles me deram como morta, mas não conheciam o segredo do bornal da minha avó.
Eu sobrevivi.
A velha Liana morreu entre as cinzas.
Agora, marcada por cicatrizes, nasço para redefinir meu destino e buscar a verdadeira cura para as feridas que ele me causou.