- Sirva uma bebida para o senhor Relish, - a mulher de rosto pálido olhou para Evelyn.
Mary não parava de sorrir para o solteiro convicto enquanto esperava pelo marido.
Do outro lado da sala, Evelyn desejava que o seu irmão mais velho chegasse a tempo de ver a esposa flertando com o senhor Nathan Relish.
- Você é surda? - Mary indagou asperamente. - Faça logo o que te mandei!
No fundo, Evelyn sabia que a cunhada só queria ficar a sós com a visita.
- Temos apenas uma dose na garrafa de uísque do meu irmão, - Evelyn cochichou para a cunhada.
- Eu aceito um copo de água - a voz rouca saiu num barítono aveludado.
- Vou buscar para o senhor.
Não demorou muito, até que a jovem de cabelos dourados e olhos verdes retornou.
Os pêlos de sua pele eriçaram quando Nathan encostou no dorso de sua mão enquanto ela lhe servia o copo com água.
Do outro lado da sala, Mary franziu o rosto, mas logo forçou o riso quando o marido apareceu.
- Como foi a viagem, senhor Relish?
Richard era o irmão mais velho de Evelyn. Era responsável pela fazenda que se localizava a 30 km a oeste de Paris. Desde que os pais morreram em um acidente de carro, ele herdou a fazenda, mas não demorou muito a mostrar que não possuía tino para os negócios.
- Eu não gosto de perder tempo, - Nathan encurtou a conversa, - Quero me casar com Evelyn.
Apreensiva, Mary arregalou os olhos e se mexeu no sofá.
- Claro - Richard trocou olhares com a esposa. - Aceitamos o acordo! - Ele nem mesmo quis saber a resposta da irmã caçula.
Quando Evelyn viu o senhor Relish pela primeira vez, ela ficou encantada com a sensualidade que emanava daquele homem. O elegante terno azul feito sob medida delineava o peitoral e os ombros largos. Não entendia porque um homem tão bonito queria se casar com uma garota do campo como ela.
- Não! - Evelyn respondeu baixinho.
Ela pretendia sair da fazenda desde que atingiu a maioridade, mas não daquela forma.
- O que disse? - Mary ergueu a sobrancelha espessa.
- Não está nos meus planos casar tão cedo.
Dando alguns passos, Richard foi na direção da irmã. Com apenas um olhar, amedrontou-a.
- Preciso de um minuto para conversar com a minha irmã, - Richard apertou o pulso magro da jovem esguia e a levou.
Mary sorriu para o senhor Relish enquanto o marido se retirava da sala. Os cílios batiam um contra o outro enquanto ela paquerava o homem inquieto.
Pondo o copo na mesinha ao lado da poltrona, ele virou o rosto para o corredor ao ouvir a voz alterada.
- Você sairá desta fazenda por bem ou por mal! - Richard vociferou. - Esta propriedade é minha. Você já é adulta e eu não tenho obrigação de te sustentar.
Com os olhos cheios de lágrimas, ela concordou com a cabeça. O irmão mais velho sempre dizia que ela devia ter morrido no acidente ao invés dos pais.
- Recomponha-se e volte logo para a sala.
Evelyn passou a mão no pulso quando Richard a soltou e caminhou com um cordeirinho pronto para o abate.
"Não seria ruim casar ir para bem longe daquele lugar", a jovem pensou ao retornar.
- Vá pegar as suas coisas! - Richard ordenou.
- O quê? - inquiriu, hesitante. - Tenho que ir hoje?
- Vá logo! - Mary sustentou o olhar de Evelyn. - Não vamos deixar o senhor Relish esperando. - Vamos?
- Não! - respondeu, cabisbaixa. - Licença, eu vou arrumar a mala.
- Não demore, - disse Richard.
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Ao voltar para a sala com a bagagem, Evelyn foi conduzida até o escritório onde assinou os papéis.
Ela não conseguiu tirar os olhos do homem elegante que pegou a bengala e começou a mancar até a saída.
- O que está olhando?
- Nada, senhor - a voz estremeceu diante do homem que se agigantou.
Evelyn tinha apenas vinte anos quando seu irmão a entregou como uma simples moeda de troca. Richard receberia o perdão da dívida e o apoio financeiro de um poderoso magnata do petróleo e da rede hoteleira.
Evelyn não se despediu do irmão e muito menos da cunhada. Entrou no carro de luxo sem olhar para trás.
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Desde que tirou Evelyn da fazenda, o senhor Relish não ficava em casa.
Quase sempre, Nathan aparecia acompanhado por jovens modelos e atrizes em fotos na internet.
Evelyn não tinha a mesma postura e nem mesmo se sentia bonita como as mulheres que o marido gostava.
Por alguns meses, ficou satisfeita por ele não procurá-la. Tudo ia bem até a noite em que ele retornou de uma viagem de negócios e, em passos sorrateiros, invadiu o seu quarto.
Natan pretendia obrigá-la a cumprir com os seus deveres de esposa, mas grunhiu ao vê-la envolta aos lençóis grudados em seu corpo. Evelyn moveu o rosto para o homem parado ao lado de sua cama. Ele ergueu uma única sobrancelha quando a esposa abriu os olhos e puxou o lençol branco até o queixo.
- O senhor deseja alguma coisa?
- Eu vim exigir o que é meu! - esbravejou.
Nathan despiu o roupão e o deixou cair no chão. Os olhos brilharam no quarto iluminado apenas por um abajur. Parecia que ele estava despindo a sua alma.
- O que o senhor quer de mim?
Nathan chegou mais perto. O colchão afundou quando ele subiu e puxou o lençol que a cobria.
- Eu não sei como fazer...
- Ótimo! - Mordiscou o lábio ao constatar que ela nunca foi tocada por um homem.
O coração parecia que ia sair por sua garganta. Ela sabia que aquilo seria bem mais complicado do que havia fantasiado.
Ele estava tão perto de seu rosto que o ar morno da respiração acariciava a bochecha direita de Evelyn. Engolindo seco, ela estendeu o corpo na cama, esperando pelo que estava por vir.
- Eu te quero!
Um arrepio percorreu por sua espinha quando sentiu a ponta da língua de Nathan passeando por sua orelha.
- Tem certeza? - Ela ofegou ao indagar.
- Sim! Quero você por completo.
- Eu, eu... - gaguejou enquanto os lábios de Nathan deslizava pela base de seu pescoço
Evelyn arfou. Aquele carinho destruía todo medo e, pouco a pouco, derrubava as suas defesas.