João Pedro, o JP, um pescador mudo.
Casei-me com Isabela Alencar, herdeira de um império.
Todos na vila se perguntavam: como uma mulher tão rica e falante se casava com um homem de mar e silêncio?
Diziam que eu havia tirado a sorte grande.
Mas o amor dela era uma jaula.
Com a porta fechada, o sorriso sumia.
"Seus pais", ela sussurrava, exibindo um vídeo falso deles em perigo no mar.
Era um aviso. Era uma ameaça.
Fui forçado a viver humilhações com seu amante, Ric.
Minha tentativa de envenená-la, buscando liberdade, virou combustível para sua crueldade.
Ela me jogou no armazém fétido de peixe podre, meu pior medo de infância.
E então, a dor final: ela me mostrou um vídeo de meus pais se afogando.
Meu mundo desabou.
Mas Ric reapareceu. Vivo.
A morte dos meus pais... apenas uma farsa.
Eu havia sido quebrado, torturado, por nada.
Dignidade, família, esperança: tudo em ruínas.
Restava apenas uma raiva profunda e gélida.
Como pude ser tão cego?
Foi então que tomei a decisão derradeira.
Com o pequeno frasco do "veneno" de Mateus em minha mão.
No dia do casamento dela com Ric, engoli a última dose.
A única saída. A única liberdade possível.