Os seios firmes, mal escondidos pela lingerie transparente, eram um pecado por si só. Eu queria abocanhá-los, senti-los enrijecerem contra minha língua enquanto ela arqueava o corpo para mim. Meu desejo era tão palpável que minha excitação se tornou evidente, um peso latejante que pulsava contra a calça.
Eu não era o tipo de homem que pagava para ir para a cama com alguém. Nunca precisei. Mulheres se jogavam em mim o tempo todo, oferecendo saciar todos os meus desejos. Mas aquela pequena mulher me fazia esquecer todas as outras. O que eu queria com ela não era comum, não era suave. Eu queria tomá-la, cravar minhas mãos em suas coxas e marcá-la como minha, mesmo que por uma única noite.
Seus olhos encontraram os meus, e naquele instante o jogo começou. Ela sabia o que estava fazendo, me perguntava se ela sabia o poder que tinha. Seu olhar era um desafio direto, e eu aceitei sem hesitar. Levantei-me, cruzando a distância que nos separava. Quando a puxei pela cintura, ela não recuou. Pelo contrário, inclinou-se contra mim, o calor de seu corpo atravessando minhas roupas e incendiando minha pele, enquanto a pressionava contra minha ereção.
Inclinei-me em sua direção, sua respiração roçando minha boca. Estávamos tão próximos que eu podia sentir o tremor sutil que ela tentava esconder. Nossos lábios quase se tocaram, e eu podia jurar que o mundo inteiro havia parado para aquele momento.
Mas então, como se o universo se recusasse a me dar o que eu queria, o som estridente de um alarme de incêndio ecoou pelo salão. Ela se sobressaltou, e o momento foi quebrado.
Antes que eu pudesse reagir, ela se afastou, deslizando pelos meus braços como areia. Eu a segui pelo caos, determinado a não a perder, mas quando finalmente saímos para o ar fresco da noite, ela já havia desaparecido.
Fiquei ali, com o som do alarme ainda ecoando em meus ouvidos, o gosto do desejo ainda queimando minha boca. Eu não sabia seu nome, mas sabia que precisava encontrá-la novamente.
Uma semana antes
Capítulo 1
Elena Ricci
Eu me encontrava ao lado da cama do hospital, segurando a mão pequena e delicada da minha sobrinha Sofia. Os monitores emitiam "beeps" constantes, mas, naquele momento, tudo o que eu conseguia ouvir era a respiração suave dela. "Você vai ficar bem," sussurrei, mais para mim mesma do que para ela.
A porta se abriu, e uma das enfermeiras encarregadas por seu tratamento, entrou. O seu olhar para mim foi cheio de compaixão.
- Elena, você não deveria ficar aqui a noite toda. Ao menos você, deveria descansar. - Sua voz era suave, mas eu sabia que o conselho era impraticável.
Para mim era muito difícil ficar longe de Sofia e de Julia, afinal elas eram a minha única família.
- Preciso ficar mais um pouco. - Minha voz mal passava de um sussurro.
Ela assentiu e saiu, me deixando sozinha com os meus pensamentos e o peso crescente das dívidas que se acumulavam ao meu redor.
Julia estava enfrentando um desafio extremamente doloroso; sempre fomos unidas, e agora era a minha vez de ajudá-la.
Aproveitei a oportunidade quando outra enfermeira entrou e começou os procedimentos de cura de Sofia para procurar minha irmã. Caminhei pelos corredores do hospital com passos apressados e mente inquieta, até encontrá-la no refeitório. Não precisei procurar muito; lá estava Julia, em sua cadeira de rodas, absorta, perdida em um vazio que parecia maior que ela mesma.
Julia sempre fora uma mulher vibrante, com olhos que carregavam um brilho único e um sorriso que iluminava qualquer ambiente. Mas agora, diante de mim, restava apenas uma sombra do que ela havia sido.
A beleza que costumava ser sua marca parecia apagada, soterrada pelo cansaço que a consumia, pela dor que carregava nos ombros, pelos problemas que a cercavam e, acima de tudo, pelo luto que sufocava seu coração.
- Seu café já esfriou, comeu algo? - Falei enquanto me sentava ao seu lado.
- Não consegui comer, Elena. Estou tão preocupada...
Puxei a cadeira para mais perto, acariciando seus cabelos e envolvendo-a em um abraço.
- Você precisa ser forte por nossa pequena Sofia. Ela vai precisar de nós duas quando acordar deste coma.
Quando nos afastamos um pouco, ela perguntou:
- Elena, como vamos pagar por tudo isso? - Sua voz estava cheia de preocupação.
- Vou dar um jeito, Julia. Sempre dou. Não se preocupe. - Respondi, tentando transmitir confiança.
- Se ao menos eu conseguisse um emprego... - Ela começou com a conversa de sempre.
- Julia, você deveria estar fazendo a fisioterapia. Em breve, espero conseguir dinheiro suficiente para te ajudar a iniciar o tratamento.
Ela soluçou alto e nos abraçamos. Ambas choramos; ela estava exausta, desmotivada e sofrendo, e eu compartilhava de seus sentimentos. Mas eu era a única que podia mudar essa situação.
Quando nos acalmamos, eu me afastei um pouco e entreguei um lenço de papel a ela e enxuguei as minhas próprias lágrimas.
- Vamos conseguir, somos fortes...
- ... porque temos uma à outra para sempre. - Ela completou a frase, algo que repetíamos desde a infância sofrida.
- Agora coma, por favor. Vou ficar com Sofia enquanto você se alimenta.
Ela deu um sorriso fraco e iniciou a sua refeição.
Voltei para o quarto e me sentei na cadeira ao lado do leito de Sofia. Meu celular vibrou e eu olhei para a tela, ignorando o conteúdo da mensagem que chegara, um saldo em aberto de uma fatura do hospital.
Respirei fundo e deletei a mensagem, como se eu fosse capaz de eliminar também a dívida em um passe de mágica.
Mas a tela a seguir me trouxe novamente para a dura realidade, um e-mail do Banco.
"Prezada senhorita Ricci, suas dívidas estão se acumulando. Precisamos de um plano de pagamento. Infelizmente, como não recebemos uma proposta e nenhum pagamento, teremos que tomar providências..."
Senti minha dor de cabeça aumentar, algo que se tornara uma constante nos últimos tempos.
Massageei minhas têmporas, repetindo para mim mesma: "vou conseguir, vou encontrar uma solução, só preciso de um pouco mais de tempo."
Como se fosse um sinal do destino, talvez, meu telefone vibrou com uma mensagem de Luana.
"Eu ainda acho que você deveria estar aqui comigo; hoje está bem movimentado. Pense sobre isso."
A proposta que eu jamais pensaria em aceitar agora parecia ser a minha única saída, devido às respostas negativas para um segundo emprego e o meu visto de trabalho terminando. Apenas a cafeteria não seria suficiente para pagar todas as dívidas e os tratamentos da minha irmã e sobrinha. Muito menos seria garantia de uma renovação da minha permissão de trabalho.
Lembrei-me das promessas que fiz a mim mesma, de nunca me envolver em trabalhos que comprometessem meus princípios. No entanto, diante da situação desesperadora em que me encontrava, sabia que algo precisava mudar.
"Você vai ganhar muito mais. Você é bonita, sabe dançar, já fez aulas, lembra? Só precisa fingir que eles não estão lá. Não é obrigada a tirar toda a roupa, muito menos a ir para a cama com alguém, a menos que queira. O que ganhamos na cafeteria nunca vai ser suficiente para sustentar nossas vidas aqui neste país."
Era impossível afastar a verdade do que ela havia dito, mas o que me corroía era a realidade por trás daquela escolha. Não era sobre o dinheiro, as contas ou a sobrevivência. Era sobre o que aquilo significaria para mim, sobre as promessas que fiz a mim mesma. Ainda assim, ali, segurando aquele cartão, tudo o que restava era a dura constatação: talvez não houvesse outra saída.
Com o coração pesado, peguei meu celular novamente e disquei o número do cartão. Minha voz estava firme quando falei:
- Olá, sou Elena, a amiga de Luana, estou ligando sobre o trabalho na boate...
Fechei os olhos por um momento, sentindo a realidade da minha decisão. Era um caminho sem retorno, mas era o único que eu conseguia enxergar para salvar minha família.
***
Dias atuais...
O aroma de pães recém assados, café fresco e leite quente permeava o ambiente, envolvendo-me completamente. No entanto, esse odor não me despertava apetite; era uma fragrância que eu associava ao estresse e à agitação das manhãs no centro de Milão. Nossos clientes, em sua maioria, eram provenientes da Marzano Group, a luxuosa empresa situada ao lado da cafeteria.
Eles chegavam bem-vestidos, absortos em seus telefones, tablets e laptops, sempre com pressa. Naquela manhã, o frenesi de pessoas parecia ainda mais intenso. Todas as mesas estavam ocupadas, e havia uma fila considerável de pedidos para viagem.
Eu, Luana, e as outras duas atendentes enfrentamos horas de agitação enquanto servíamos as mesas. E quando finalmente pareceu que a movimentação estava se acalmando, fomos confrontados com o caos de organizar tudo: uma pilha de pratos para lavar e materiais para repor.
Após cada uma de nós ser designada para uma área específica da cafeteria, finalmente consegui um momento de paz, até que Luana apareceu ao meu lado, se preparando para organizar sacos de café.
- Você teve sorte ontem à noite. - Ela começou, e eu estava tentando evitar essa conversa.
Toda a situação na boate tinha sido estranha. O homem que pagara por uma dança privada comigo era incrivelmente atraente, e não mentiram quando disseram que ele pagaria bem por algo exclusivo, mesmo sem ter me tocado. A dona do clube fez questão de me dar uma parte do pagamento que ele havia feito. Isso não resolvia todos os meus problemas, mas pelo menos saldaria um dos aluguéis atrasados.
- Foi estranho ontem, com o alarme de incêndio. - Eu disse, tentando desviar o assunto do meu suposto cliente.
- Foi só um cliente bêbado que jogou um cigarro aceso no lixo, e o alarme disparou. Nada demais. - Luana deu de ombros, como se a confusão de ontem fosse algo corriqueiro. Então, com um brilho malicioso no olhar, acrescentou: - Mas me conta, você chegou a dar ao menos um beijo nele...?
- Luana, preciso de você no almoxarifado agora! - A voz de Ava, nossa gerente, interrompeu a conversa.
Continuei colocando as coisas na lava-louças, tentando manter o foco no trabalho e afastar os pensamentos inquietantes que insistiam em me distrair. Assim que terminei, segui para as mesas ainda desorganizadas, empilhando xícaras e limpando restos esquecidos pelos clientes apressados.
De costas para o salão, trabalhava concentrada tentando não me perder em certas lembranças. Enquanto retirava as xícaras e limpava as mesas, uma voz firme e profunda ecoou atrás de mim, me fazendo parar por um instante:
- Bom dia, um expresso, por favor.
Quando me virei para responder, a bandeja caiu instantaneamente dos meus dedos. O som metálico ecoou no ambiente, mas tudo ao meu redor pareceu congelar no instante em que o vi.
Diante de mim, vestindo um terno impecável que delineava seu corpo atlético, estava o mesmo homem da noite anterior.
Ele era muito mais alto do que eu lembrava, tão imponente que parecia dominar o espaço ao seu redor. Seus ombros largos e a postura perfeita exalavam confiança. Cada detalhe parecia cuidadosamente alinhado: o cabelo escuro impecavelmente penteado, o rosto com traços definidos como se esculpido por um artista clássico, olhos claros que carregavam uma intensidade desconcertante.
Seu olhar estava tão surpreso quanto o meu. Eu já não usava a peruca ruiva da noite anterior, mas não seria difícil ele me reconhecer.
De fato, ele estava ali, imóvel, com um olhar que parecia me despir, reconhecendo cada curva que ele havia explorado na noite passada. O perfume dele chegou até mim, inebriante e convidativo, trazendo de volta a sensação de estar em seus braços na noite anterior, quando o mundo parecia ter desaparecido ao nosso redor.
Sua expressão era uma mistura de surpresa e uma espécie de admiração velada, como se estivesse vendo algo precioso e inesperado. Em meio ao caos do café, havia uma quietude em seu olhar, uma intensidade que me envolveu, fazendo-me sentir nua sob o peso daqueles olhos.