Caminho em direção ao balcão, vou pegar uma cerveja para esperar pelo Rafael, passo a mão no bolso para pegar o meu celular e avisá-lo sobre onde estou, mas esqueci o aparelho no carro, abaixo as vistas procurando e nada.
Ao levantar o olhar, correndo minha visão por todo espaço, cruzo com um par de olhos castanhos em um rosto angelical e sorriso inocente, uma bela jovem me prende a atenção por alguns segundos.
Sorrio e ela corresponde com simpatia, antes que eu reaja uma amiga pega em seu braço mudando meus planos, me lembro que preciso buscar meu celular no carro.
Pego o telefone, ligo para o Rafael que por sorte está próximo, confiro se está tudo comigo desta vez, ajusto a arma na cintura de modo discreto e retorno para os planos iniciais.
Peço uma cerveja, a qual bebo na garrafa mesmo, volto meu olhar na multidão e me perco nas curvas daquela mulher, não consigo entender o que está acontecendo comigo. Sou forçado a desviar minha atenção quando ela percebe que a estou observando.
Viro para o garçom e pergunto alguma coisa aleatória sobre a cidade, ao que ele começa a responder, mas pausa ao ser interrompido.
- Então o galanteador não é da cidade? - A bela moça me surpreende.
- Recém-chegado, vim a trabalho. Você é daqui? - Pergunto, mas quem responde é a amiga que está visivelmente alterada.
- A casa dela é aqui, mas vive mais viajando do que na cidade, não sei nem com qual milagre ela está aqui e saiu daquela casa. - Apesar do pequeno desconforto que senti na jovem, ela sorriu das palavras da amiga.
- A propósito, não nos apresentamos, eu sou o Romero, consultor de segurança. - Minto minha profissão, afinal, não sei quem são as pessoas com quem estou me relacionando, preciso aproveitar ao máximo o anonimato.
- Eu sou a Amanda, esta é a Heloísa, Helô para os íntimos, amiga ele pode te chamar de Helô? - A amiga pergunta sem nenhum tipo de filtro.
- Amanda, minha querida, você por aqui? - Ouço a voz do Rafael chegando e a situação fica ainda mais embaraçosa.
Os dois se abraçam em um cumprimento bem íntimo, eu e a Helô, ou Heloísa sorrimos um ao outro e sem muita oportunidade de conversarmos ela é arrancada de perto de nós pela amiga "doidinha".
- Pelo visto nem precisa de mim, já está se enturmando. - Rafael provoca em um riso debochado.
- Até parece, mas preciso confessar que aquele um e sessenta e pouco de altura tem curvas muito bem distribuídas e um sorriso magnífico, já que as conhece, pode passar a ficha.
- Só conheço a Amanda, tivemos um after um tempo atrás, mas posso averiguar. - Ele responde entusiasmado.
- Não, não, esse não é meu objetivo agora, vamos focar no que interessa, ou seja na Naty. - Respondo bebendo mais um gole do líquido gelado.
Rafael pega um balde com várias cervejas, nem sei se tenho pique para tanto, o acompanho até uma mesa mais discreta e com o som bem baixo.
Conversamos sobre nossa busca e sobre as informações oriundas do rapaz, espero que tenhamos muitos frutos dessa caçada.
- Deixa a Naty para seu horário de trabalho, foca na morena que não para de te olhar. - Rafael fala apontando para a mesa das meninas,
- Você sabe que esse não é meu foco, né? Eu vim a trabalho e quero voltar por cima quando essa disciplina acabar, eu só vou conseguir isso se eu prender essa desgraçada.
- Cuidado, essa sua obsessão vai acabar com você, ou melhor com a gente já que eu estou dentro de todas as suas empreitadas. - Rafael avisa em tom de brincadeira, mas com muito de verdade.
Mudo o foco da conversa, não quero falar sobre a Naty e nem sobre as meninas que estão tentando flertar conosco, assim, desenterro do fundo das memórias lembranças de quando eu e Rafael nos conhecemos.
O papo fluiu de forma tão natural que funcionou, sequer vi o momento em que as meninas saíram do Pub, bebemos todas as cervejas que pegamos e ainda pedimos uma segunda rodada.
A noite se estendeu até a madrugada, me despedi do Rafael lá pelas tantas, quase de manhã, irresponsavelmente dirijo para casa, não consigo me repreender por meus atos e imaginar os noticiários caso algo ruim aconteça.
Ao chegar vou direto para o banho, preciso dormir ao menos um pouco, saio vestido em uma box branca e me deito na cama, rolo de um lado para o outro e não consigo dormir, pior ainda, a imagem da Helô não sai da minha mente.
- Romero, Romero! - Me repreendo. - Vai dormir que agorinha seu dia vai estar um caos.
Fixo meu olhar em um ponto e deixo a imaginação fluir, preciso descansar e me repreender não está funcionando, passo a mão no meu amiguinho e viajo na fantasia que o está estimulando.
- Maldito álcool! - Reclamo depois de terminar a brincadeira e arrependido por ter dado asas à imaginação.
Antes de dormir pego o meu telefone digito uma mensagem para o Rafael, desisto de enviar e apago, contudo, uma força maior me faz digitar novamente.
Eu (04:26)
Quero o número da Heloísa
na minha mesa amanhã
no primeiro horário,
isso é uma ordem!
O dia nem amanheceu e eu já me arrependi das graças de ontem, não posso ir trabalhar virado, amanhã tem vários cumprimentos de mandados, as equipes devem estar quase saindo e eu ainda estou nesse estado.
Quem não deveria acordar está firme e forte novamente, sem escolha, brinco outra vez e é claro que a homenageada é ela a dona dos meus pensamentos.
- Pronto! Agora que já ocupou todo espaço e corrompeu minha razão, tem como me deixar dormir, Heloísa? - Resmungo em voz alta e afundo minha cara no travesseiro.