Capítulo 5 - Príncipe

Quando meus olhos param naquele enorme castelo, eu fiquei surpreendida. Era deslumbrante cada pedacinho dele.

Era uma das coisas mais bonitas que eu já havia visto em toda a minha vida... O Jardim logo a sua frente parecia ser mágico, haviam centenas de espécies diferentes de flores e um lindo chafariz bem na frente como uma recepção. Eu estava encantada.

O cheiro de ar puro e das flores dançavam junto ao vento, fazendo meus cabelos voarem.

Era do jeitinho que minha mãe descreveu em seu diário... Era magnífico!

A mulher desceu da carruagem, entrando dentro do Jardim. Eu estava tão encantada que mal prestava atenção nela, mas o seu grito me chamando me faz a seguir.

Era como se eu conhecesse cada canto desse castelo apenas pelas palavras que minha mãe colocou em seu diário.

Atravessamos a porta, por dentro era ainda mais incrível. Haviam milhares de decorações, quadros, estátuas espalhadas por todo lugar. Haviam entradas, portas e escadas por toda parte e eu nem comento sobre os incríveis lustres que haviam em cada cômodo.

Eu caminho distraidamente observando todo o local, até a mulher chamar a minha atenção me entregando vários livros de uma só vez. Eu fico confusa franzindo o cenho.

- Carregue isso - Manda, e novamente começa a andar. Zhafrina estava logo a minha frente, ela também estava com vários livros e encantada olhando para todos os lados.

Quando minha mãe descreveu esse lugar, eu não imaginava que ela realmente já esteve aqui, sempre achei que fosse a sua imaginação que criou cada detalhe. Mas eu estava enganada, todo o local era como ela havia descrito no seu diário. Eu o lia tantas vezes que eu conseguia reconhecer cada canto.

Eu estava tão distraída que havia me esquecido dos sete livros que estavam em minhas mãos, então quando eu dou por mim, todos eles já estavam no chão fazendo um grande barulho, pois eles eram pesados e grossos.

Merda.

Zhafrina e Freya olham para mim, Freya parecia furiosa. Eu me abaixo no mesmo momento e começo a pegar um por um, nervosa.

- Sua estúpida! - Ela gritou.

- Me desculpe - Digo colocando um livro em cima do outro.

- Sua desastrada, preste aten... Alteza! - Ela se curva no mesmo momento olhando para algo por trás de mim, Zhafrina rapidamente faz o mesmo.

Fico confusa no começo, mas então logo imagino que o rei ou a rainha estavam logo atrás de mim quando ela diz "alteza" Ótimo! Essa é uma linda maneira de conhecer o rei e a rainha! Parabéns, Imogen.

Viro minha cabeça lentamente, eu estava com vergonha, eu estava tão impressionada com o castelo que havia me esquecido do motivo de eu estar aqui.

Consigo espiar a pessoa que estava atrás de mim, era um homem. Ele iria me olhar mas eu rapidamente viro o meu rosto, chega de passar vegonha por hoje!

- Príncipe Aidan! Mil perdões... Elas são novas e idiotas, mas eu darei um jeito disso nunca se repetir e...- Ela parou de falar imediatamente.

Vejo outra mão pegando os meus livros me surpreendendo, ok, eu nunca esperaria isso vindo de um príncipe.

Meu cabelo cai em meu rosto, eu agradeço mentalmente já que que não queria que minha bochechas coradas fossem expostas, porque eu estava com vergonha e medo. Será que eles são treinados para reconhecerem bruxas atá mesmo de longe?

- Você se machucou? - Sua voz me faz arrepiar. Eu apenas balanço a minha cabeça. - Bem... - Ele iria se levantar, mas então eu sinto seus dedos tirando o cabelo do meu rosto e colocando atrás da minha orelha. Com certeza ele iria ver que eu estava da cor das cortinas.

Meus olhos se movem em automático e param em seu rosto e... Merda!

O susto foi tão grande que eu perco o meu equilíbrio e caio no chão.

Eu nunca me esqueceria desses olhos, desse rosto... Mesmo estando escuro eu não iria conseguir esquecer, era o garoto que estava quase morrendo, o garoto que eu salvei...

Ele estava ainda mais bonito do que antes...

Inferno, ele não pode me reconhecer, caso ele consiga eu estarei morta! Ele iria saber da magia que eu usei, iria saber que eu sou uma bruxa!

Eu te odeio destino por me colocar apenas em ciladas que eu não consigo sair!

Ele também continuava me encarando, provavelmente pensando no jeito que iria mandar me matar. Mas enquanto ele pensa, eu iria dar o fora.

Me levanto rapidamente e pego os livros do chão pronta para correr.

- Eu ajudo vocês - Diz estragando os meus planos. Ele estende a mão esperando que eu entregue alguns livros. Eu balanço a cabeça, negando.

- Não é necessário...- Digo baixo, ele arqueia as sobrancelhas.

- Não foi um pedido - Responde calmamente olhando em meus olhos. Em seguida ele pegou três livros em minha mão. Engulo um seco e começo a andar ficando ao lado de Zhafrina.

Aparentemente ele não sabe que sou eu, isso era um alívio muito grande.

Ele caminha até Zhafrina e pega mais três livros de suas mãos. Ela me olhou confusa e eu dou de ombros também sem entender.

- Majestade, não é preci... - Freya começa, mas é cortada.

- Freya, querida, eu já disse que não foi um pedido... Aliás, suas mãos estão vazias, porque não pega dois livros das meninas e as ajude? - Ele arqueia as sobrancelhas para ela, que rapidamente nos olhou.

- Claro - Responde sem humor, pegando um livro da minha mão e mais um da mão de Zhafrina. - Devemos levar isso para o quarto delas. - Diz com sua voz baixa.

- Ótimo! - Respondeu.

Ela não diz mais nada, apenas começa a andar.

Queria rir pelo corte que ele deu nela, esse é o resultado por ser uma vaca! Bem feito.

E eu antes que estava distraída com o castelo, não cometo mais o mesmo erro, até porque eu estava com os olhares do príncipe sobre mim. Eu sabia que ele me achava familiar, Se ele se lembrasse provavelmente eu estaria presa para morrer.

Descemos várias escadas até chegar num lugar subterrâneo, eu era uma das mais rápidas, apenas não queria ficar mais próxima do príncipe para não dá brecha de alguma memória aparecer em sua cabeça.

Eu o salvei, e agora teria que matar o pai dele... que ironia...

O corredor que passávamos era horrível, parecia ser tudo feito de pedra ou até mesmo serem celas.

- Você - Freya aponta para Zhafrina - Esse é o seu quarto! Pegue sete livros e leia, você deve saber da história do reino e saber dos seus afazeres que estarão todos aqui. Mas tarde eu irei me certificar se vocês entenderam. - Zhafrina concorda com a cabeça e entra imediatamente no seu quarto.

- Esse lugar é um lixo -Murmurou o príncipe. - Eu não sabia que criadas dormiam aqui... - Ele observava cada canto do local.

- Não dormem, apenas as novatas. São normas, majestade.

- Isso é ridículo. - Freya não responde, ela apenas se vira para mim e aponta para uma porta que estava de frente a porta de Zhafrina.

- Esse é o seu, Tudo o que eu disse para ela, também é para você! - Concordo com a cabeça e pego os dois livros de sua mão e me viro para o príncipe para pegar os outros três.

- Nós já nos vimos antes? - Ele sussurra, fazendo eu levantar o meu rosto rapidamente e arregalar os olhos. Eu engasgo com minha saliva, mas nego sem pensar duas vezes.

- Não.

- Você é familiar...

- Eu...- Penso em alguma desculpa, mas Freya me interrompe.

- Alteza, creio que sua noiva já esteja aqui. - Diz, tirando a sua atenção de mim. Ele passa as mãos pelos seus cabelos os bagunçando, parecendo nervoso.

- Merda, a Catarina... - Sussurra para si mesmo. Ele se vira para mim - Eu espero que você goste do Palácio, seja bem vinda - Ele sorriu, e eu sinto meu coração parar. Não sei se eu estava feliz por ele não ter me reconhecido ou por ter pelo menos me recepcionado como uma pessoa normal e não como se eu fosse um animal.

Bem, um bruxa normal...

Ele se vira e se retira me fazendo o acompanhar com os olhos. Quando ele desaparece eu olho para Freya que faltava me estrangular.

- Nunca mais fale com o príncipe na sua vida, você está aqui para limpar e não para fazer amizades. Faça com que a merda daqueles dez mil valerem a pena, garota. - Rosna. - Agora entra no seu quarto e faça algo de útil! - Me lança um último olhar e sai.

Cobra.

Me seguro para não lançar um feitiço para a deixar careca ou a transformar em um sapo.

Mas eu não tinha dó do sapo.

Entro no quarto e olha para a cama que também parecia ser feita de pedra, onde havia apenas um pano fino como cobertor. Acho que o estereótipo de um ser humano não era invenção das bruxas. Os únicos humanos que não parecem monstros até agora foram Clara, Zhafrina e até mesmo o príncipe.

Abro o livro e tento ler, mas eu estava com tanto sono que dormi ali mesmo.

                         

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