Capítulo 5 Desastre eminente

Cap. 4 Desastre eminente

Diogo:

A sensação de abraçar Manu é tão boa que acabo, por uns minutos perdendo a consciência que continuo agarrado a ela. É tão bom aquele abraço, reconfortante e repleto de memórias... Recordações do tempo de criança e adolescência. O cheiro do seu cabelo junto com seu pescoço é inconfundível, em qualquer lugar do mundo reconheceria seu perfume. A "patinha" sempre foi carinhosa apesar de a maioria das vezes ser terrível comigo.

Sinto meu coração pular, Manu, sempre fez isso com ele. Normalmente é de susto ou raiva e algumas vezes de saudade.

Estou ali curtindo seu abraço, sem nenhuma maldade, com toda inocência, o que é de se admirar, devido ao meu excesso de testosterona e safadeza, quando a Manu faz algo que não poderia nunca imaginar...

Acredite ou não, ela começa a alisar meu corpo fazendo voltas em minha costa e pelos bicipes dos meus braços, como se estivesse mapeando toda a extensão do meu corpo por todos o meus músculos, acabando assim por tatear meu quadril discretamente até apertar meu bumbum de forma rude.

Estou tão surpreso com o que está acontecendo, que até pisco os olhos algumas vezes para entender a real situação em que me encontro. Pigarreo a garganta para chamar a atenção da "patinha" depravada:

_Manu?!

_Oi!

_O que está fazendo?

_Estou abraçando meu amigo musculoso e cheiroso que muito tempo não via.

_Você costuma apalpar todos os seus amigos?

_Quem estou apalpando ?

_ EU!!!

_ Desculpa?

_ Desculpo, mas vc poderia deixar de apertar meu "traseiro", é constrangedor?!

_Claro!

Manu parece não se importar com o que está fazendo e continua abraçada a mim, apertando minha "retaguarda". Só então percebo que ela está completamente bêbada.

Respiro fundo, pois sei que não adianta dar sermão nesta alucinada por hora. Mas que moral eu teria? Afasto-me de Manu e a vejo de olhos fechados. Penso:_ Mas é uma "pateta" mesmo.

A "tampinha" havia bebido demais e fala comigo tropeçando nas palavras:

_Você continua chato, tinha que cortar o clima?

Uma idéia terrível passa por meus pensamentos:_O que a "tia" Helena (mãe de Manu) falaria se encontrasse o seu "anjinho" nesse estado? Acho que seria um bom castigo para essa atrevida. Ainda segurando a mão dela falo:

_ Vem "patinha", vou levar você até sua casa. Você não está bem.

_ Eu estou ótima... E não me chame de "patinha".

_ Sério? Já que é assim fica em pé sem segurar em nada.

Manu abre os olhos, que estão pequenos devido ao excesso de álcool e do sono, fica reta fazendo uma pose muito engraçada. Tenta caminhar em minha direção em uma linha reta e imaginaria, mas como estava "tonta" começou a cambalear a ponto de quase cair no chão.

A seguro pela cintura, tentando a manter em pé. Manu gargalha como uma "gralha" que está sendo engasgada. Não consigo me conter e sorrio junto a ela. Penso:_ Meu Deus! Ela é maravilhosa, maravilhosamente estranha.

Manu atrapalha meus pensamentos ao perguntar:

_ Você está bem?

_ Por que está me perguntando isso?

_ Por que você está me olhando como se estivesse sofrendo um derrame cerebral ...

_ Estou olhando, porque você é muito esquisita. É a pessoa mais esquisita que eu conheço.

_Você que é estranho, sempre foi e sempre será. Essa cara de bocó não muda nunca!

Manuella fala sorrindo dando um pequeno soquinho em meu peitoral. Acabo por sorrir de orelha a orelha e falo:

_OK, vem aqui meu pequeno "barril de cachaça ", vou levar você até sua mãe para ela poder dar um banho em você e coloca-la para dormir. Essa noite "já deu" para você, e preciso voltar logo para a festa, tem uma morena toda soltinha me esperando.

Como se o porre estivesse passado por um momento ela arregala os olhos e fala:

_Não quero ir. Tá louco? Minha mãe vai acabar comigo.

_Nossa, que tristeza!

Em questão de segundos agarro a "Margarida" pela cintura, a jogando em minhas costas como se fosse um "saco de batatas". Seu rosto fica para trás enquanto seu quadril fica empinado para cima. Seguro firme em suas pernas e começo a caminhar saindo da cozinha enquanto a Manu reclama e diz que eu não posso obriga-la a sair da festa:

_Quem você pensa que é seu troglodita? Me coloca no chão Diogo! Seu monte de músculos ambulante, você não tem esse direito! Aaaaaah é por isso que sempre te odiei...

_Minha casa, minhas regras. O sentimento é recíproco.

Passo pela sala e a morena gata que me esperava coloca a mão na cintura olhando para mim, balança a cabeça e vira de costas, deixando claro que não devo ao menos tentar. Claro que a garota deve ter entendido algo errado. Só estou tentando tirar uma criança da festa, não há nada entre mim e aquela "tampinha". Dani nos vê e vai me seguindo até a direção da porta:

_ Diogo, para onde pensa que vai levar a Manu?

_ Para a casa dela. Para onde mais seria?

A Manuella começa a se debater quando escuta a voz de sua comparsa e começa a berrar:

_O Diogo estava olhando para mim como se eu fosse um pedaço de bolo, com aquela cara de idiota que ele sempre faz. Muito suspeito. Ele parecia um gordinho que estava há um mês de dieta. Não deixa o Diogo me levar para minha mãe. Dani ele mal chegou e já quer destruir minha vida.

_ Não gosto de bolo, fique despreocupada Manu. É muito calórico e definitivamente não está no meu cardápio. E quem era que agora pouco estava assediando o "idiota" aqui? Você, sua sem noção. Deveria era agradecer por impedi-la de fazer alguma besteira.

Falo em tom irônico. Logo a Margarida volta a argumentar e a Dani a se intrometer de novo no assunto:

_ Dani me ajuda, estou sendo sequestrada. Não acredita no que ele fala.

_ Está louco Diogo? A "tia" Helena vai esfolar o couro da Manu, se a encontrar assim, neste estado. Depois vai fazer a mamãe esfolar a minha pele também. Você quer ser o responsável por um homicídio nessa casa? Porque a mamãe vai me matar se souber que fiz uma festa, ainda mais como essa que passou dos limites...

Já sem paciência respondo "atravessado" para a Dani:

_Ah então devo esperar a Manu entrar em coma alcoólico e fingir que ela apenas está dormindo, porque você está com medo da bronca dos nossos pais? Ótima amiga você está se saindo. Merece até uma medalha.

_Diogo não seja dramático. É só mais um porre da Manu. Quando se tornou tão certinho? Desde quando se importa com alguém além de você mesmo?

Antes que eu possa falar alguma coisa para a Dani, sinto minha costa húmida e um cheiro forte de comida misturada com álcool tomar conta do ar ao meu redor. Manu tinha acabado de vomitar na minha costa, uma sensação de estar sendo ridicularizado toma conta de mim e para piorar a "patinha" fala:

_ Você foi o culpado. Viu que eu estou bêbada e ficou me balançando...

Manu faz uma pausa e continua:

_ Como pode ter repolho no vômito? Não lembro de ter comido...

A pergunta que estou fazendo a mim mesmo é:_ Porque tem vômito na minha camisa se não bebi nada até agora? Senhor dei paciência para mim, porque se der força esgano a Manuella.

Fechei os olhos e pedi forças aos céus, para não a estrangular na frente de tantas pessoas. Afinal são muitas testemunhas e a maioria ficaria contra mim. Acredito que Deus ouviu minha oração, mas de uma forma que também deixou claro não estar do meu lado.

Quando pensei que não poderia ficar pior, a mãe de Manu entra na sala, para espanto de todos. Dou um sorriso amarelo, pois a primeira coisa que ela vê é o traseiro da Manu já que continuo com a "Margarida" na costa. A "tampinha" parece perceber a presença do perigo e para de se debater:

_Aí merd@! É minha mãe, não é?

Um barulho esurdecedor de arranhão no Cd que o Dj tocava é emitido e logo a música é interrompida. Na sala e arredores não é emitido som algum ninguém se atreve ao menos a tossir. Manuella responde sua própria pergunta:

_Sim, é ela! Estou acabada.

Todos conheciam a tia Helena uma advogada respeitada e temida. Sabiam o poder de persuasão e eloquência que a mãe da "Margarida" emitia só em olhar para alguém.

Não era atoa que nas redondezas ninguém quisesse problema com a família da Manu. A tia Helena não era tão boazinha quanto parecia.

Ela andava em um salto 15, agulha, pelo meio dos copos, garrafas e gente bêbada jogada no chão, toda imponente de queixo erguido com uma pequena bolsa de mão. Encara toda a bebida, a pegação e a destruição que está espalhada pela casa, olha para todos e fala :

_Todos para a casa. AGORA!

Uma dispersão de pessoas começou a acontecer por todos os lados, como se um navio estivesse afundando e os ratos estivessem desesperados abandonando a embarcação naufragada. Bando de covardes. Até que os únicos que sobraram foram os que estavam bêbados de mais para correr e nós... Os donos da festa.