Capítulo 5

Tia Valéria continuou com suas zombarias.

"Dançar? Rebolar como uma qualquer na favela não é dançar, queridinha. É preciso classe, postura! Coisa que você, obviamente, não tem. Parece um bicho do mato."

Sofia decidiu ignorar a víbora. Não adiantaria discutir. Suas ações falariam mais alto.

O Coronel e Laura, apesar do claro desconforto, não repreenderam a tia. Era como se dissessem: "Você quis dar essa declaração ambiciosa, agora aguente as consequências."

Bianca observava tudo com um sorriso discreto nos lábios, uma satisfação mal disfarçada. Aquela selvagem estava se enterrando sozinha. Perfeito.

Ainda assim, no fundo, Bianca sentia uma pontada de inveja. A beleza natural de Sofia a incomodava. E se aquela história de "dançar bem" fosse verdade? Precisava garantir que Sofia fosse expulsa da família o mais rápido possível.

Uma empregada conduziu Sofia a um quarto nos fundos da mansão, claramente inferior ao de Bianca. O favoritismo era gritante.

Pouco depois, Bianca apareceu na porta do quarto, com um sorriso falsamente gentil.

"Sofia, trouxe algumas roupas para você. Não deve ter nada apropriado para o jantar de boas-vindas que meus pais estão organizando."

Ela estendeu uma pilha de vestidos. Eram de grifes caras, mas Sofia percebeu imediatamente que algo estava errado. As costuras pareciam frágeis em alguns pontos, e um dos vestidos tinha um decote exagerado, quase vulgar.

Uma armadilha. Bianca queria humilhá-la publicamente.

"Obrigada, Bianca. Você é muito gentil," Sofia disse, pegando as roupas.

Um brilho de triunfo passou pelos olhos de Bianca. A idiota tinha caído.

Mas Sofia sorriu para si mesma assim que Bianca saiu. Se era uma armadilha que Bianca queria, era uma armadilha que ela teria. E Sofia usaria isso a seu favor.

Enquanto isso, em seu apartamento, Leonardo Mendes acordou sobressaltado de um pesadelo.

Ele estava de volta à festa, e Sofia Oliveira o agarrava novamente. Mas desta vez, ela não era vulgar. Era etérea, sedutora, os olhos brilhando com uma promessa secreta.

Ela sussurrava seu nome, a voz como um veludo, e o puxava para a escuridão da piscina.

Ele tentava resistir, mas o corpo dela se moldava ao seu, quente e convidativo.

O cheiro dela – uma mistura de flores silvestres e algo unicamente dela – o embriagava.

Ele se viu correspondendo ao abraço, os lábios dela buscando os seus...

Leo sentou-se na cama, o coração disparado, o corpo coberto de suor frio.

Que diabo de sonho foi aquele?