O tapa veio rápido e forte.
O som ecoou no corredor silencioso. O rosto de Mari ardeu, a dor se espalhando como fogo. Ela cambaleou, mas ele a segurou pelo cabelo, puxando sua cabeça para trás para que ela fosse forçada a olhá-lo nos olhos.
"Você vai aprender a me obedecer," ele sibilou perto de seu rosto. "Você vai implorar para se casar comigo."
Lágrimas de dor e humilhação brotaram nos olhos de Mari, mas ela se recusou a deixá-las cair. Ela não lhe daria essa satisfação.
"Pedro, querido, o que está acontecendo?"
A voz melosa de Bruna flutuou pelo corredor. Ela apareceu na esquina, uma mão protetoramente sobre sua barriga ligeiramente saliente. Sua expressão era de pura inocência e preocupação.
Era uma atuação perfeita.
Pedro imediatamente soltou Mari, sua fúria se transformando em uma máscara de preocupação amorosa.
"Bruna, meu amor. Você não deveria estar andando por aí. Volte para o quarto," ele disse, indo até ela e envolvendo-a em seus braços.
"Eu ouvi gritos," Bruna disse, olhando para Mari com olhos falsamente assustados. "Ela te machucou, Pedro?"
Mari sentiu o sangue ferver. A audácia daquela mulher era inacreditável.
"Ele me bateu!" Mari gritou, apontando para a marca vermelha que queimava em sua bochecha. "Ele é um monstro, e você é uma mentirosa!"
Pedro se virou, seu rosto escurecendo novamente.
"Cale a boca."
Ele avançou sobre ela, mas Bruna o segurou pelo braço.
"Oh!" Bruna exclamou, vacilando e colocando a mão na testa. "Acho que estou sentindo tonturas. A discussão... é demais para o bebê."
Imediatamente, Pedro se esqueceu de Mari. Ele pegou Bruna no colo com uma gentileza que Mari sabia ser falsa.
"Não se preocupe, meu amor. Eu cuidarei de você. E vou resolver isso," ele disse, lançando a Mari um olhar que prometia dor.
Ele levou Bruna embora, deixando Mari sozinha no corredor, tremendo de raiva e medo.
Mas o tormento dela estava apenas começando.
Mais tarde naquele dia, dois dos homens de Pedro a agarraram sem dizer uma palavra. Eles a arrastaram pelos corredores da mansão, ignorando seus protestos.
Eles a levaram para o porão.
O ar era úmido e mofado, e a única luz vinha de uma única lâmpada nua pendurada no teto. O lugar fedia a sujeira e desespero.
Eles a jogaram em uma pequena sala vazia e trancaram a porta de ferro atrás dela.
Ela estava na completa escuridão.
Mari bateu na porta, gritando até sua garganta ficar rouca, mas ninguém veio. O silêncio era absoluto, denso, sufocante.
Horas se passaram. Ou talvez fossem dias. Na escuridão, o tempo perdia o significado. A fome e a sede começaram a atormentá-la.
Então, ela ouviu a fechadura girar.
A porta se abriu, e a silhueta de Pedro se destacou contra a luz do corredor.
"Já aprendeu sua lição?" ele perguntou, sua voz desprovida de qualquer emoção.
Mari apenas o encarou, fraca demais para falar.
Ele entrou na sala, fechando a porta atrás de si, mergulhando-os na escuridão novamente. Ela não podia vê-lo, mas podia senti-lo se aproximando. O som de seus sapatos no chão de cimento era a única coisa que quebrava o silêncio.
"Você tem medo do escuro, Mari?" ele sussurrou, sua voz agora bem perto de seu ouvido.
Ela estremeceu.
"Eu sei que tem. Lembro de quando você era criança. Trancada naquele armário por horas."
Como ele sabia disso? Ela nunca tinha contado a ninguém. Um pânico gelado começou a se infiltrar em seu coração. Ele estava brincando com ela, usando seus medos mais profundos contra ela.
"Sabe o que mais vive no escuro, Mari?" ele continuou, sua voz um murmúrio sádico. "Ratos. Aranhas. Coisas que rastejam e mordem."
Ela sentiu algo roçar em sua perna.
Um grito escapou de seus lábios antes que ela pudesse contê-lo. Ela se encolheu no canto, o terror puro tomando conta de sua mente.
Pedro riu. Uma risada baixa e cruel que ecoou na pequena sala escura.
"Isso é só o começo," ele disse. "Até o final disto, você vai me implorar. E eu vou decidir se te deixo viver."
Ele a deixou lá, sozinha na escuridão, com seus demônios e os que ele havia criado para ela.
Mari se abraçou, tremendo incontrolavelmente. As lágrimas que ela segurou por tanto tempo agora corriam livremente por seu rosto. Ela estava quebrando. O terror era avassalador, um oceano escuro ameaçando engoli-la. Mas mesmo no fundo daquele poço de desespero, uma pequena faísca de desafio se recusava a apagar. Ele podia quebrar seu corpo, aterrorizar sua mente, mas ela não deixaria que ele destruísse sua alma. Não de novo.