Gaiola de Ouro, Alma Livre
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Capítulo 2

Fiona acordou com o cheiro a antissético. Estava de volta à vivenda de Sintra, num quarto de hóspedes que nunca usava. Uma enfermeira particular estava a verificar o seu soro.

A perda era um vazio físico dentro dela. Ela tocou no seu ventre, agora plano, e uma lágrima silenciosa escorreu pela sua têmpora. O amor tinha morrido, e agora, uma resolução fria tomava o seu lugar.

Era hora de acabar com isto. Para sempre.

A porta abriu-se e Liam entrou, não sozinho. Raegan Perez estava ao seu lado, agarrada ao seu braço, com uma expressão de falsa fragilidade.

"Liam, querido, talvez isto seja demais para ela," disse Raegan, com a voz a tremer ligeiramente. "Olha para ela, parece tão frágil."

Liam olhou para Fiona com impaciência. "Fiona, a Raegan veio aqui porque a família dela no Porto tem recebido telefonemas anónimos a assustá-los. Ela acha que foste tu."

Fiona olhou para a artista, para o seu rosto pálido e olhos calculistas. A mentira era tão óbvia, tão descarada.

"Eu estive inconsciente e depois confinada aqui," disse Fiona, a sua voz rouca. "Como poderia eu ter feito isso?"

Ela virou-se para Liam, a dor a dar lugar a uma raiva fria. "E o nosso filho? Não tens nada a dizer sobre ele?"

Liam suspirou, como se ela estivesse a ser irracional. "Fiona, já te disse, não era planeado. Estas coisas acontecem. Além disso, a tua prioridade agora devia ser pedir desculpa à Raegan."

Pedir desculpa. A palavra ecoou na sua cabeça. Ele queria que ela pedisse desculpa pela perda do seu filho, pela sua dor, pela sua humilhação.

"Não," disse ela, com uma firmeza que surpreendeu até a si mesma.

Raegan começou a chorar suavemente. "Liam, eu não aguento isto. Eu não posso ser a causa de tanto sofrimento. Eu devia ir-me embora."

"Não, tu não vais a lado nenhum," disse Liam, abraçando-a protetoramente. Ele virou-se para Fiona, os seus olhos a endurecerem. "Tu vais pedir desculpa. Agora."

"Eu não vou," repetiu Fiona.

Liam fez um sinal com a cabeça aos dois seguranças que esperavam à porta. Eles entraram, altos e imponentes.

"Ajoelhem-na," ordenou Liam.

Os homens agarraram os seus braços. Fiona debateu-se, mas estava fraca. Eles forçaram-na a sair da cama e empurraram-na para o chão, aos pés de Raegan. A dor no seu corpo protestou, mas a humilhação era pior.

"Diz que lamentas," disse Liam, a sua voz perigosamente calma.

Com os dentes cerrados, sentindo o olhar triunfante de Raegan sobre si, Fiona sussurrou as palavras: "Eu lamento."

Raegan sorriu docemente. "Eu aceito as tuas desculpas, Fiona. Mas, Liam," ela virou-se para ele, a sua voz agora firme, "eu não posso ser a outra mulher. Eu não sou esse tipo de pessoa. Ou é ela, ou sou eu."

Liam olhou para Fiona, ajoelhada e derrotada no chão. Depois olhou para Raegan, a personificação da sua nova obsessão. A escolha era fácil para ele.

"Claro, meu amor. O que tu quiseres."

No dia seguinte, o advogado de Liam apareceu. Ele trazia os papéis do divórcio e um acordo de cinco milhões de euros.

"O Sr. Gordon pediu para lhe dizer que isto é apenas uma formalidade," disse o advogado, com um tom profissional. "É para acalmar a Srta. Perez. Ele diz que se voltarão a casar assim que as coisas acalmarem. Ele ainda a ama, Sra. Gordon. Ele só precisa que seja paciente."

Fiona olhou para os papéis. Uma formalidade. Uma mentira para a manter na linha. Ele ainda acreditava que ela era a sua posse, a sua cadela obediente que esperaria por ele.

Ela pegou na caneta sem hesitar.

"Onde assino?"

O advogado pareceu surpreendido com a sua falta de emoção. Ela assinou o seu nome, Fiona Murray, pela última vez como esposa de Liam Gordon. Os cinco milhões de euros não eram um prémio de consolação. Eram o seu bilhete de saída.

Ela ia usar o dinheiro dele para desaparecer da vida dele para sempre.

            
            

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