Casada com um Monstro: Meu Grito Silencioso
img img Casada com um Monstro: Meu Grito Silencioso img Capítulo 4
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Capítulo 4

Tiago nem olhou para mim. Ele apenas ficou lá, o braço em volta de Kátia.

"Ajoelhe-se e peça desculpas a ela", ele ordenou.

As palavras me atingiram como um golpe físico. Eu o encarei, minha mente girando. Isso não podia estar acontecendo.

"Tiago, por quê?", sussurrei. "Há câmeras no corredor. Elas vão mostrar o que realmente aconteceu. Ela veio aqui para me provocar."

Apontei para Kátia. "Ela é a abusadora. Ela torturou o Caio!"

"Chega!", ele rugiu, sua voz estalando como um chicote.

O som me fez recuar. Ele nunca havia levantado a voz para mim antes. Nenhuma vez em oito anos.

"Eu acredito na Kátia", ele disse, sua voz caindo para um tom baixo e perigoso. "A palavra dela é o suficiente para mim."

Kátia deslizou em minha direção, seus olhos brilhando de triunfo. Ela agarrou meu queixo, suas unhas cravando na minha pele.

"Você vê, Helena?", ela sussurrou, sua voz um silvo triunfante. "Ele me escolheu. Você não é nada. Você sempre foi apenas uma cozinheira chata e previsível. Eu sou uma artista."

Mordi o lábio, o gosto metálico de sangue enchendo minha boca. Tentei me afastar, mas os homens dele me seguraram com força.

"Tiago", implorei uma última vez, minha voz quebrando. "O que você quer de mim?"

Ele me olhou, sua expressão indecifrável. "Eu quero que você faça a Kátia feliz."

Então ele olhou para um de seus guarda-costas. "Quebre a mão direita dela."

O mundo ficou em silêncio. As palavras não registraram no início.

Minha mão direita. Minha vida. Minha carreira. Minha arte.

Um de seus homens agarrou meu braço, forçando-o contra o chão frio de azulejo. Outro levantou uma bota de sola pesada.

"Não!", gritei, lutando contra o aperto de ferro deles. "Eu sou uma chef! Você não pode!"

A bota desceu.

Uma dor lancinante e ofuscante subiu pelo meu braço. Ouvi um estalo doentio. Meu próprio grito soou distante, estranho. Minha mão era uma massa disforme de sangue e osso.

Tiago se ajoelhou ao meu lado. Ele tirou um lenço de seda do bolso e gentilmente limpou o sangue do canto da minha boca. Seus olhos estavam frios, vazios.

"Eu tenho que protegê-la, Helena", ele disse, como se estivesse explicando uma simples decisão de negócios. "Ela é frágil. Você é forte. Você pode lidar com isso."

Ele gesticulou para o guarda. "A outra também."

Virei a cabeça, uma onda de náusea e ódio me invadindo. "Você é nojento."

Seu rosto se contraiu. A máscara de calma finalmente rachou. Ele se levantou, puxando Kátia para seus braços.

"Vamos, meu amor", ele disse, sua voz suave novamente enquanto falava com ela. Ele a beijou, um beijo longo e apaixonado, bem na minha frente.

Eu os observei, minha mente entorpecida. Era este o homem que jurou me amar para sempre?

A bota desceu novamente. Minha mão esquerda se estilhaçou.

A dor era imensa, um oceano rugindo que ameaçava me afogar. Mas não era nada comparado à agonia em meu coração. Minhas mãos, minhas ferramentas, minha identidade - tudo destruído.

Meus sonhos se foram.

O guarda finalmente me soltou. Fiquei no chão, embalando minhas mãos quebradas contra o peito.

O lacaio de Kátia, aquele que a ajudou a filmar Caio, zombou de mim. "Parece que você não vai cozinhar por um tempo, chef."

Ele riu e saiu, me deixando em uma poça do meu próprio sangue e desespero.

Meu telefone, caído no chão próximo, acendeu com uma nova notificação. Um vídeo de Kátia.

Com um movimento desajeitado e agonizante, consegui tocar na tela com o nariz.

Era o meu quarto. Nosso quarto. Kátia estava lá, se contorcendo em nossa cama, vestindo uma das minhas camisolas. Ela pegou o pequeno e surrado ursinho de pelúcia que eu tinha desde criança, o último presente da minha mãe antes de morrer. Ela o segurou entre as pernas, seus movimentos obscenos.

Senti uma onda de enjoo subir pela minha garganta.

A câmera se moveu para mostrar Tiago, sentado na poltrona perto da janela. Kátia subiu em seu colo, o rosto corado, a respiração pesada.

Ela olhou diretamente para a câmera, um sorriso triunfante no rosto. "Tiago, querido", ela arrulhou, "quem você ama mais? Eu ou ela?"

            
            

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