Capítulo 9 09

Vozes Baixas, Verdades Altas

Rubi

Meu corpo caiu na cama como um boneco mole. O vestido subiu, mostrando quase toda minha calcinha de renda branca.

Nem me mexi. Só respirei fundo, cansada e entregue.

Tuka veio logo atrás.

- Quantas vezes eu te disse pra não me provocar, hein? - ele se jogou em cima de mim, com uma perna entre as minhas. - Mas pelo visto você não entendeu. Ou entendeu bem demais.

A voz dele era suja, firme, debochada.

Meu corpo se arrepiou inteiro, mas minha mente... ela gritava.

Senti sua boca quente no meu pescoço, os lábios deslizando por cada centímetro da pele arrepiada.

Tentei resistir, tentei segurar um pouco mais.

Mas quando os beijos chegaram na minha barriga e depois na minha cintura, eu não consegui mais fingir que não tava sentindo nada.

- Quero ouvir da sua boca que você não me quer, Rubi. Diz - ele provocou, já tocando por cima da calcinha.

- Eu... não... - tentei falar, mas era difícil.

Ele riu, rasgando minha calcinha com um movimento só. Me senti exposta, vulnerável. Parte de mim queria empurrar ele. Outra parte... queria mais.

- Tu não sabe mentir - ele sussurrou.

A língua dele tocou onde não devia, e tudo em mim se embaralhou. Apertei o lençol, prendi a respiração, mordi os lábios. Ele sabia o que fazia.

Mas era mais do que isso.

Era poder.

Era controle.

- E assim que você diz que não me quer? Gemendo meu nome desse jeito? - ele mordeu minha coxa com força, e eu estremeci.

- Você é louco! - sussurrei, com os olhos ainda fechados.

- O louco que você ama - ele provocou, e continuou até me arrancar a confissão.

Até meu corpo inteiro se entregar.

Depois de tudo, me arrastei até o banheiro, lavei o rosto. Me encarei no espelho por alguns segundos.

O que eu tava fazendo?

Ele mexia comigo.

Mas... será que era real?

Voltei pra sala com as pernas bambas, e lá estava ele, jogado no sofá como se nada tivesse acontecido. Sorriu pra mim como se tivesse vencido uma guerra.

- Tá tudo bem? - ele perguntou, se levantando e vindo até mim.

- Você é um tarado, sabia? - falei cruzando os braços. - Vou te denunciar por abuso!

- Não, não vai - ele me puxou com força e me colocou no meio das pernas dele. - Porque você mesma disse que me queria. Ou já esqueceu?

Meu corpo reagia a ele, mas minha cabeça continuava confusa.

Por que eu deixava isso acontecer?

- Me solta, Tuka. Sério. - tentei sair.

- E por que eu faria isso? - ele colou a boca no meu pescoço de novo, e me arrepiou inteira.

Mas antes que ele pudesse me beijar de novo, o celular dele tocou. E tocou. E tocou.

Aquilo me irritou.

- Atende essa droga!

- Depois. - ele murmurou, ignorando.

- E se for algo importante?

Ele bufou, pegou o celular e foi pro canto da sala.

Eu fiquei ali, abraçada em mim mesma. Tentando entender o que a gente era.

E por que eu me sentia metade viva, metade usada.

Tuka atendeu a ligação.

- Que porra é essa, mano? Tá doido de me ligar agora?

(pausa)

- Se fuder, seu babaca! Eu falei que ainda tô resolvendo isso. A garota tá no ponto, só falta o empurrão.

(pausa)

- Eu vou dar um jeito nisso. Falo contigo depois.

Desligou. Quando ele virou pra mim, tentou sorrir. Me deu um beijo e saiu pela porta. Sem explicar nada.

Eu fiquei ali, sozinha.

Com a dúvida queimando dentro do peito.

"A garota tá no ponto?"

De que garota ele tava falando?

E que empurrão era esse?

Fiquei em silêncio.

Mas agora eu tinha certeza de uma coisa:

Eu precisava ouvir mais.

Observar mais.

Descobrir quem era realmente o Tuka.

Porque alguma coisa muito errada tava por vir.

E talvez... tivesse tudo a ver comigo.