POV Alessa:
"Por favor", implorei, a palavra rasgando minha garganta ferida. "Eu preciso vê-lo."
Isabella - Bella - nem sequer olhou para mim. Ela estava examinando suas unhas perfeitamente feitas, como se o meu mundo inteiro desmoronando fosse um pequeno inconveniente.
"O Don está gerenciando uma transição de poder significativa", disse ela, com a voz entediada. "Ele não pode se incomodar com pontas soltas."
Pontas soltas. Era isso que eu era. A peça final e bagunçada de uma missão bem-sucedida.
Lágrimas silenciosas abriram caminhos limpos pela sujeira em minhas bochechas. A finalidade daquilo desabou sobre mim, um peso físico que tornava difícil respirar.
Ele nunca me amou. Nem por um segundo.
Lembrei-me das mensagens que enviei a ele naquela manhã, poucas horas antes do casamento.
*Mal posso esperar para ser sua esposa.*
*Você é o meu para sempre, Dante.*
*Eu te amo mais que tudo.*
Ele nunca respondeu. Eu disse a mim mesma que ele estava ocupado. A verdade era muito pior. Ele estava se preparando para me destruir.
Minha bolsa estava na cadeira no canto. Meu celular estava dentro. Eles não o levaram. Um descuido. Um sinal do quão pouco eu importava.
Meus dedos tremeram enquanto eu encontrava o número dele. Aquele que eu sabia de cor.
Tocou duas vezes.
Ele atendeu. Sua voz era seca, impaciente. "Sim?"
"Dante", sussurrei, um soluço preso na garganta.
Silêncio. Então, sua voz baixou, cada palavra um fragmento de gelo. "Este número é apenas para assuntos da Família. Não ligue mais para ele."
Ele desligou.
O tom de discagem zumbiu no meu ouvido, um som mais violento que qualquer tiro.
Tentei de novo, meu polegar batendo em rediscar com desespero frenético.
Uma voz gravada atendeu. *O número para o qual você ligou foi desconectado.*
O telefone escorregou dos meus dedos dormentes, batendo contra o chão frio de azulejo. O som ecoou no silêncio súbito e esmagador do quarto.
A dor que me rasgou foi pior que o ferimento de bala. Foi uma hemorragia da alma.
Ele não tinha apenas me deixado. Ele tinha me apagado.
Os dias que se seguiram se transformaram em uma névoa de solidão estéril e as perguntas implacáveis de Bella. Eu era uma prisioneira, não uma paciente.
Para eles, eu era a filha do Escorpião. Manchada. Uma pária.
Mas uma parte teimosa e tola de mim se recusava a acreditar em tudo. Recusava-se a acreditar que o pai amoroso que me ensinou a andar de bicicleta e lia histórias para eu dormir era o monstro que eles diziam que ele era.
Eles estavam mentindo sobre ele. Assim como Dante mentiu sobre tudo.
Eles tinham que estar.