POV Alessa:
O som dos meus pés descalços batendo no mármore frio ecoou no corredor enquanto eu corria atrás dele.
Agarrei seu braço. Ele parou, mas só se virou para mim após uma pausa deliberada. Suas feições eram esculpidas em pedra, uma máscara de indiferença arrepiante.
"Eu me arrependo", eu disse, minha voz se partindo em um soluço.
Ele apenas me encarou.
"Você prometeu", engasguei, a memória acendendo uma centelha de esperança insana. "No baile. Você disse... se eu algum dia me arrependesse, você me ajudaria."
Sua mandíbula se contraiu. Um lampejo de algo - irritação? - cruzou seu rosto. "O que você quer, Alessa?" Seu tom estava carregado de um desprezo tão agudo que pareceu um golpe físico.
"Eu quero vê-lo", solucei, as palavras arrancadas da minha garganta. "Meu pai. Só uma última vez."
"Não."
A palavra foi seca. Final. Inabalável.
Aquela única palavra não apenas estilhaçou minha esperança. Ela a queimou até as cinzas. E das brasas, uma fúria fria e aguda começou a surgir.
"Nosso amor, nossa intimidade... cada toque, cada beijo... foi tudo uma mentira, não foi?", exigi, minha voz ganhando um tom cru e irregular. "Uma operação meticulosamente planejada para chegar ao meu pai."
Lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto, mas agora eram lágrimas de raiva, não de tristeza. Ele apenas me observava, sua expressão impassível.
"Suas lágrimas não significam nada para mim", disse ele, cada palavra um fragmento de gelo perfeitamente formado. "Foi uma missão. Meus sentimentos nunca fizeram parte da equação."
"Você me usou", cuspi. "Se você tivesse apenas me contado a verdade, eu teria te ajudado. Ele era meu pai, mas se ele fez o que você disse... eu teria te ajudado a conseguir justiça."
Por uma fração de segundo, algo rachou na calma glacial de seus olhos. Arrependimento? Dúvida? Estava lá - eu vi - e então sumiu, selado atrás de uma parede de gelo.
"O sindicato do Escorpião emboscou minha equipe no ano passado", disse ele, sua voz baixa e gutural. "Eles mataram meu Consigliere. Meu mentor. Ele sangrou até a morte nos meus braços. A justiça nunca seria limpa."
Antes que eu pudesse responder, Isabella apareceu ao seu lado, deslizando o braço pelo dele com um ar de posse sem esforço. Seu toque era possessivo, seu tom pingando condescendência.
"Ela está causando algum problema, meu Don?", ela perguntou, seus olhos passando por mim com um olhar de profundo desdém antes de me dispensar completamente.
Dante nem sequer olhou na minha direção. Ele olhou para ela, e as linhas duras de seu rosto se suavizaram, quase imperceptivelmente.
"Ela não é um problema", disse ele, sua voz totalmente desapegada enquanto me dava as costas completamente. "Ela é apenas a filha de um homem morto."
Ele se afastou com ela, me deixando sozinha no corredor, o eco de suas palavras esculpindo um buraco oco e escancarado no meu peito.