Capítulo 2 AINDA ESTÁ CHATEADO

- Ele ainda deve estar chateado depois da briga que tivemos. Só porque eu não quis dormir com ele!

Ela continuou terminados os trabalhos.

- Mas, parecia que ele estava dando em cima da garçonete. Talvez fosse pra me fazer ciúmes e perceber como meu namorado é bonito.

- Se eu transar com ele, tudo vai mudar. Ele não vai mais se interessar por outra. Deve ser apenas isso. Se a Janete estiver... não, não acho que não.

--- Centro comercial da cidade, na Empresa da Nóbrega. ---

- Senhor Diego, um grupo de empresários da Europa estão aguardando a resposta de quando podem vir aqui para comprar aquela ilha. Disseram querer ir lá conhecer. – A secretária chegou avisando.

- Maria, veja com o assessor Jeremias. Ele vai saber melhor o momento certo. - "Pelo menos será fácil vender, estão aparecendo interessados."

- Claro, senhor.

- Tem mais alguma documentação para assinar, ou algo para resolver?

- Sim, senhor, tem aquela pilha de documentos na mesinha que falta assinar.

- Isso parece não ter fim!

- Aconselho o senhor ler antes, mesmo estando com pressa de terminar seu expediente.

- Gostaria de ter alguém para dividir essa responsabilidade. - 'suspiro.'

- Diego, não tenha pressa. Você é jovem e vai conseguir conciliar tudo.

- Tadeu, por que tenho uma certa impressão que não te coloco medo?

- Se eu tiver medo de ti, nunca vou conseguir trabalhar direito contigo e com a sua avó. Vocês dois não são fáceis. – Tadeu sorriu.

- Entendi. Tem alguma novidade sobre ela?

- Sim. A sua avó quer saber a quantas anda seu namoro com a Clara.

- Melhor não responder nada. Vou terminar o meu trabalho e ligar para minha bela Clara.

- Diego, se eu não disser nada, é capaz da sua avó conseguir um encontro arranjado.

- Que eu farei o favor de não comparecer.

- O que posso informar a sua avó?

- Vá lá e diga que vamos nos encontrar em breve. Com ótimas novidades.

- Você e sua avó, ou você e a Clara?

- Engraçadinho!

"Finalmente depois de uma hora, consegui adiantar todo o meu trabalho e ligar para a minha querida bailarina."

-- Em um telefonema.

- Alô, minha linda, Clara.

- Diego!

- Meu amor, sou o homem mais sortudo do mundo em ter você ao meu lado.

- Diego, me diga logo o que quer. Tenho que terminar o ensaio, posso virar a atriz principal do Lago dos Cisnes em Paris.

- Que maravilha querida!

- Obrigada. Vai ser perfeito!

- Clara, você pode me dizer se semana que vem estará livre?

- Não, será o momento que estaremos mais ocupados com os ensaios e o coreógrafo vai selecionar a atriz principal do espetáculo.

"Droga, talvez jogue dinheiro fora mais uma vez com todos os preparativos do noivado!" - Ele pensou.

- Meu amor, se mudar de ideia, vou para um cruzeiro pelo Caribe em breve. Podemos aproveitar para namorar um pouco, desestressar de toda a nossa correria do dia a dia.

- Vejo na minha agenda, talvez possa ficar por dois dias, e nada mais.

- Pronto, assim será perfeito!

- Perfeito? Por que tamanha empolgação?

- Com você, sempre tenho bons momentos.

- Não precisa exagerar.

- Vamos fazer uma viagem inesquecível. Claro que irei trabalhar e depois que eu resolver alguns negócios, teremos um ótimo encontro.

- Diego, não se empolgue muito, talvez eu esteja bem cansada nesses dias porque essa semana está sendo bem puxada. Sabe como é.

- Mesmo assim, depois de quase seis meses vamos nos ver, finalmente. Eu fico bem animado, minha bailarina.

- Vamos ver se posso ir. Nada confirmado.

- Nós vamos nos ver, meu amor!

- Preciso desligar, Diego. Já estar tarde, sabe que me dedico muito.

- Até o nosso cruzeiro, minha linda.

--- Bairro periférico da cidade, Vitória da Encosta. ---

- Finalmente, depois de um dia cansativo cheguei em casa. Espero que o Marcos tenha jantado. Estou tão cansada que nem consegui comprar nada! – Alice disse isso enquanto entrava em casa massageando as costas.

Assim que entrou, viu o homem só de camiseta e short, deitado e dormindo no sofá, com a TV ligada e umas vasilhas de comida espalhadas no chão bem na frente dele.

"Que bom! Ainda bem que ele conseguiu comer."

- Será que sobrou algo pra mim?

Ela entrou sem fazer barulho para não incomodar o namorado. Quando chegou na cozinha, tropeçou em um móvel, derrubando uma panela suja no chão. Logo escutou:

- Quem está aí?

- Sou eu, meu amor. Desculpe se te acordei.

- Ah! – Ele se espreguiçou.

- Sobrou alguma coisa para eu comer?

- Aqui não. Se não encontrar na geladeira, não tem nada.

-Tudo bem. – Ela suspirou. - Não precisava mesmo, estou bem cansada. Bebo água e vou dormir.

- Confirmou o tal cruzeiro?

- Sim, enviei o comprovante por mensagem. Lembra?

- Tá bom. Só que vai ter que arrumar outra mala, aquela que tínhamos dei para uma amiga e não tenho coragem de pedir de volta.

- Claro, amanhã é fim de semana. Posso dar um jeito de arrumar tudo porque não tenho tempo durante a semana, acumulei muitos documentos no trabalho, tive que adiantar por causa da nossa viagem.

- Estava te esperando até agora porque precisava do teu cartão emprestado. Sabe que não consegui nenhum contrato com o futebol. Tenho um compromisso exatamente agora.

- Poxa, mal nos vimos!

- Alice, entenda que não posso demorar.

- Claro, aqui está. Não use muito, que vou precisar. Ou melhor, nós vamos precisar durante o cruzeiro.

- Tá, é isso.

- Ainda está triste comigo?

- Um pouco. – Ele se virou para sair.

- Já vai assim?

- Claro, tá cansada. Até amanhã.

Marcos saiu, dando um selinho na Alice, ainda parecendo chateado.

"Este cruzeiro vai ter que mudar a nossa vida. Depois que eu fizer o pedido de noivado, ele vai amolecer!" – Ela ponderou.

- O Marcos é o meu maior amor.

Ela se deitou depois de beber um pouco de água sentindo o cansaço e fome, pois não havia comido nada no trabalho além de um pouco de torrada.

No outro dia, foi de ônibus até o centro da cidade.

- Sinto que meu problema de vista está piorando. E nem posso pensar em comprar um óculos novo, porque vou pagar nosso cruzeiro. Pedir emprestado a Janete não dá o salário dela é menor que o meu...

- Sem problemas, ainda enxergo o suficiente com estes antigos. - "Que devem ter uns 10 anos e vivem caindo." – Ela pensou enquanto tentava ler uma placa na loja.

- Senhorita, seu cartão não passou. – Informou a vendedora.

- Como é possível? Se até ontem tinha dinheiro? Tente novamente...

- Infelizmente não passou novamente.

- Senhora, preciso comprar a mala?

- Pode tentar trocar por uma mochila.

- Calma, vou resolver. Tenho outro cartão aqui para emergência. Tente esse, moça.

Não demorou muito.

- Passou. Obrigada, pela compra, senhorita. – Ela sorriu.

- Que bom que deu certo.

- Tenho a mala, as passagens, o namorado que está distante de romântico e um pouco de coragem. Não posso me importar com o que a Janete me disse.

- Agora só falta arrumar tudo em casa e na mala. Semana que vem, estaremos no Caribe. A minha primeira vez ... "transando" com o Marcos... vai ser perfeita. -"Por que não tenho coragem de falar em voz alta? Transar!" - Sinto até um frio na barriga. Que saudade.

- Vou ligar pra ele.

---- Início do telefonema. ---

- Oi, amor! Vamos para meu apê, terminar de arrumar nossas coisas.

- Não posso. Estou jogando futebol com os amigos.

- Mas, Marcos, o dia todo!?

- Depois vai ter rodadas de cervejas para desestressar. Sabe que preciso treinar para conseguir um contrato.

"Acho que escutei risada da mulher ao fundo, mas ele está com os amigos que devem ter levado as namoradas." – Ela pensou.

- Só tem vocês mesmos?

- Claro Alice, se está desconfiada, venha ver.

- Não posso. Vou ter que terminar de arrumar as nossas malas.

- Não se preocupe, no cruzeiro será apenas nós dois.

- Claro, minha vida!

- Até depois.

--- Fim da ligação. ---

- Espero que ele não esteja com a Bruna. Não suporto aquela amiga dele "fura olho".

- Poxa! Nem para me ajudar a organizar alguma coisa o Marcos teve a coragem de aparecer!

"Este relacionamento está cada dia mais frustrante, espero mesmo que eu esteja fazendo a coisa certa! A Janete falou cada coisa e às vezes me faz pensar besteira." – Alice meditou.

E, depois de muito trabalho, uma semana passou voando.

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*Fura olho: que trai a confiança de alguém buscando alcançar ou tomar o que lhe pertence.