- Finalmente consegui! Estou com meu amor em um carro de aplicativo, indo para o porto, pegar nosso navio maravilhoso. – Alice sorriu.
- Nem sei pra que tanta animação.
- Marcos, esse é um grande momento, por nosso namoro. Será um passeio dos sonhos!
- Só se for dos seus sonhos!
- Não entendi?
- Brincadeira, magrelinha. É um verdadeiro luxo. Você deve estar ganhando bem para conseguir bancar tudo isso!
- Sabe que não. Mesmo assim, gostaria de comemorar os dois anos do nosso namoro com um presente especial.
- E o presente seria essa viagem?
- Algo muito mais especial. Será a nossa primeira vez...
- Chegamos! - O carro estacionou no local.
- Já vou na frente. E criatura, traga as nossas malas. – Ele disse saindo de perto.
- Ele nem quis me ouvir! Ainda deve estar chateado comigo!
- Como podem ter aparecido tantas malas? Se mal arrumei duas!?
- E o pior: Vou ter que subir neste enorme navio com estas quatro! Será que a rampa tem uns oito metros de altura? Meus óculos devem mesmo ser trocados. Mal enxergo na frente do meu nariz.
Alice suspirou olhando para cima, pegou cada uma das malas e colocou em um carrinho. Enquanto, Marcos já se perdeu de vista.
- Este carrinho está ajudando. Poxa! Os meus óculos estão folgados, escorregando o tempo todo. Espero que não caiam, senão, não vou ver um palmo na frente do meu nariz.
Ela começou subir a enorme rampa, empurrando com dificuldade o carrinho com as malas.
- Que cansaço! Sinto que ficar apenas trabalhando num escritório parece ter sugado os meus músculos. O que é isso? Devo estar escorregando ou andando para trás!
O coração dela acelerou e sentiu as pernas tremer sentindo o pior aproximar-se.
- Caramba, que rampa alta! Que peso! Socorro... estou voltando. Merda, vou cair!!! Meu Deus! Não, isso não. Estou caindo!
- Espero muito que a água não esteja muito fria! – Ela prometeu com olhos lacrimejando. - Se eu me salvar, juro que farei Crossfit. Para criar forças nas pernas e nos meus braços finos! – Ela disse, apavorada, e o óculos caiu de vez.
- Meus óculos! Perdi os meus óculos!!! Tô completamente ferrada! Mal começou a viagem, já não é nada do que imaginei! Até perdi o meu namorado... e posso me afogar!
Uma voz firme e grave aproximou-se.
- Senhora! Vou ajudar.
"Que voz grossa é essa? Parece até um locutor!" – Alice pensou.
"Que bom! Tem alguém me agarrando por trás. Sentir esse aperto na minha cintura de uma mão forte! Queria tanto que fosse o Marcos."
- Moça, precisa de mais alguma ajuda?
- Sim, os meus óculos. Eles caíram em algum lugar, moço. Pode me ajudar a encontrar?
- Espere um minuto...
- Claro. – Ela disse ainda tremula.
Não demorou nada.
- Moça, encontrei. Só que, infelizmente, quebraram.
- Como vou conseguir subir tudo isso? Se nem ao menos enxergo direito!
- Me acompanhe. Posso continuar com as mãos na sua cintura, pelo menos uma delas, e a outra ajudar a guiar esse carrinho.
- Obrigada! Me ... me desculpe, senhor.
- Ou melhor, posso levar o carrinho, me espere um pouco. Fique parada aí, não precisa querer se molhar antes de chegar a praia. - "Não entendo porque ela não pediu um carregador."
- Obrigada, senhor...
- Diego!
- Muito obrigada, mesmo! Senhor Diego. - "Voz bonita, deve ser lindo. Alice, que loucura pensar isso. Ele apenas te ajudou."
"Ele subiu, e, minutos depois, voltou para me levar."
Ele segurou novamente sua cintura e um dos meus braços com as mãos firmes.
"Juro que pensei que ele não voltaria mais. Que atencioso!" – Alice corou. - "Bom, um cruzeiro não é de todo mau. Aqui até um estranho interessante ajuda uma pessoa imprestável como eu." – Alice ponderou.
- Senhorita, eu vou deixá-la com auxílio de um marinheiro, preciso mesmo ir. Tenho uma reunião de negócios e talvez um encontro com minha namorada. – Ele sorriu.
- Obrigada, senhor. Pena que não consigo ver o seu rosto direito. O senhor me ajudou bastante. Achei que ia cair e não sei nem nadar direito. – Ela disse e ficando vermelha.
"Que vergonha! Morei a vida inteira em uma ilha, e nem isso aprendi a fazer direito."
- Bem, já estou indo, moça. Já trouxe uma ajuda, que está bem na sua frente, peça o que precisar. – Ele disse com um leve toque no ombro dela.
Assim que organizou a vida de Alice ele se virou e saiu de perto.
"Que voz gostosa de escutar, meu coração chegou a acelerar ao ouvir. Foco Alice, o seu namorado está aqui com você, não pode pensar em outros caras, ainda mais um que tem namorada!"
--- Em outro ambiente do navio. ---
- Que falta de sorte! Vim aqui tanto para trabalhar quanto para ficar com a minha futura noiva e ela desapareceu. Se o Tadeu souber de uma coisa dessas, vai dizer que minha avó tem razão. Aquele lá não me respeita.
Ele estava a procura de sua namorada, andando pelo convés do navio há mais 20 minutos, e a encontra falando com alguém ao telefone.
- Sinto tanta falta dela. Onde será que a Clara se meteu?
- Não deve ser nada demais...
Assim que ele estava perto ela desligou o telefone.
- Clarinha, meu amor. – Ele aproximou-se.
- Diego!
- Com quem estava falando?
- Bem, não é nada de importante, era apenas sobre o balé. Depois dessa ligação, hoje só seremos nós dois.
- Minha bailarina linda! Já fazem pelo menos seis meses que não nos aproximamos. – Ele a beija, e ela virou o rosto para o lado.
- Não, aqui na frente de tanta gente, Diego. Sabe que não gosto.
"Tinha esquecido que a Clara é um pouco tímida, que fofa." - Ele suspirou meio frustrado.
- Desculpa, minha linda!
- Poxa! Diego, estou um pouco cansada. Tanto pelos ensaios, quanto pela viagem, me entende, né?
- Calma, amor, descanse um pouco. Vim apenas informar que terei uma reunião de negócios e, depois disso, é que teremos o nosso encontro. – Ele esboçou um sorriso.
- Sem problemas, Diego.
- Clara, queria ver seu rosto, por isso não liguei. São longos seis meses, me entende?
- Sim, sabe que sinto sua falta.
- Sei, Clarinha.
- Você pegou uma cabine separada para mim?
- Claro, a 996. Estarei na 999, e me prometa que, depois da reunião, seremos apenas nós dois. Preciso muito matar a saudade de ficar abraçado com você minha bailarina.
- Mesmo cansada, vou tomar um bom banho, me deitar um pouco e, quem sabe você vai direto para minha cabine mais tarde. – Ela acariciou de leve seu ombro.
- Tenho certeza que irei. – Ele sorriu.
- Diego, não se emocione tanto assim.
- Impossível. Mesmo que fique apenas deitado ao seu lado, ainda me sentirei bem.
- Você não existe!
--- Em outro lugar do navio, no mesmo horário. ---
- Obrigada, por me trazer ao meu quarto, senhor.
- Não foi nada, senhorita. – Disse o atendente.
- Vou colocar as malas dentro, e a senhorita se encarrega de organizar, certo?
- Certo.
- Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui para ajudar.
- Obrigada. - "Então, talvez não precisasse levar as malas." – Ela ponderou.
Minutos depois de deixar as coisas no dormitório, Alice tentou colar pelo menos uma parte dos seus óculos rachados.
- Isso vai me ajudar a enxergar, talvez um pouco melhor. – Ela disse enquanto terminava de colar o que manchou mais os óculos.
- Que emoção! Um cruzeiro de luxo e eu aqui, vou ser servida por outras pessoas. Acho que só tinha visto coisas assim em contos de fadas.
Alice se jogou na cama sorrindo, dando alguns pulos de alegria.
- O Marcos também deve estar aproveitando. Mais tarde, vou começar a minha surpresa para ele e amanhã seremos noivos. Estou tão feliz! – Deu gritinhos de alegria.
- Vou tomar um banho, passar perfume, colocar uma das roupas novas e aproveitar para conhecer esse enorme navio de luxo. Mesmo que seja sem o Marcos, por enquanto.
--- Trinta minutos depois, reunião de negócios, numa mesa reservada do navio, perto do bar. ---
- Sabe que viemos aqui por curiosidade sobre a Ilha Ventos Suaves.
- Então, senhores, aqui está a minha proposta. Quero pelo menos 85 milhões. E, estou sendo bastante generoso.
- Senhor Diego, vai vender a ilha inteira? E o que faremos com aqueles ilhéus, principalmente sobre os trabalhadores?
- Farão o que quiserem. Afinal, a ilha vai ser de vocês e terão todo o direito de administrar como quiserem. Contanto que fiquem com aquele pedaço de terra, é claro. – Diego esboçou um sorriso.
- Ainda não, nos reuniremos com nossos sócios. Assim que lermos os termos, tomaremos nossa decisão e amanhã informaremos ao senhor. – O homem disse olhando um contrato seriamente.
- Por mim, podem considerar de vocês. Ela não me interessa nenhum pouco. Não gosto de empreendimento inútil, meu foco é minha empresa de combustíveis. Prefiro investir em terras produtivas, plantar a cana e colher o combustível, se é que me entendem. – Diego disse com um sorriso de vitória.
"Aquele garçom deve ser gay para está me encarando tanto. Nem sabe disfarçar. O duro de ser bonito é chamar a atenção de quem não me interesso, até homens, principalmente, tendo a Clara tão perto, depois de tantos meses longe." – Diego ponderou.
- Então, senhor Diego? Vamos beber para comemorar. – O empresário convidou.
- Poderemos comemorar amanhã, quando trouxerem o dinheiro e o contrato assinado.
- Vamos, rapaz. Apenas uma bebida e amanhã, quando trouxermos a resposta, podemos comemorar melhor.
- Apenas uma. Tenho outro compromisso inadiável ainda hoje. "O que não tenho que passar para conseguir fechar um negócio! Se não der certo, o Tadeu me paga!" – Diego pensou.
O pequeno grupo seguiu para uma mesa reservada no bar do enorme navio de luxo.
- Vamos tomar apenas esse drink, e o senhor estará liberado da reunião. – O empresário sorriu.
O garçom que o observava, trouxe uma bebida em um copo bem bonito.
- Essa bebida de vocês é bem diferente. Não sei dizer ao certo parece mais encorpada. – Diego disse, ingerindo um pouco.
- É coisa boa dos mares do Caribe. – O homem bateu a mão na mesa.
- Hum. Não costumo beber coisas do tipo.
"Parece que o coitado do garçom já está encarando outro cara. O pobre deve estar carente. Pelo menos mudou de alvo e não vou me encrencar tendo que dispensar o cara." – Diego pensou.
- Vou querer beber um pouco mais. Sinto que tem algo nessa bebida que me intriga.
- Diego, isso é forte! - "Se ele exagerar, talvez não funcione."
- Quero mais. Posso saber o que é?
- Claro, senhor Diego, tem uma mistura de rum, e fique sabendo que ela é bem forte. – O empresário olhou o garçom ao fundo e piscou para ele.
O garçom balança a cabeça.
- Pode encher que aguento beber.
- Não muito, o senhor não tem costume.
- Homem, me dê mais e me acompanhe.
- Assim, vamos beber até cair!
- Hoje não. Já disse que tenho um encontro com a minha bailarina. Fico apenas nessa dose. – Ele sorriu.
- Bailarina? Qual é o nome dela?
- Não é para o seu bico!
- Vamos conversar um pouco mais.
- Deixa pra depois, tenho que ir atrás dela.
--- Outro ambiente no bar. ---
- Nossa! Que lugar enorme e maravilhoso. Comprei roupas novas e mesmo assim nem pareço uma turista daqui. Estou mais para empregada desse lugar.
- Vou agir como a Janete, não vou me importar. Estou pagando, vou mais é aproveitar. Pena que meus óculos estão pela metade e sujos de cola, tô enxergando mal.
Mesmo assim, Alice conseguiu observar parcialmente os lugares, maravilhada.
- Que navio espetacular de lindo!
- Será que consigo encontrar o Marcos? Espero que ele não tenha ido ao cassino. Não sei se consigo pagar um enorme prejuízo se surgir no meu cartão.
- O que posso fazer nessa noite? Vou é aproveitar e conhecer esse bar e umas bebidas diferentes. Melhor que ficar procurando marmanjo. Depois de voltar para nosso quarto, encontrarei ele lá mesmo.
Alice levantou o braço.
- Garçom, me recomende uma bebida bem gostosa.
- Temos aqui o menu. Escolha qualquer uma asseguro que vai gostar. Todas são especiais aqui nos mares do Caribe.
- Já resolvi, vou provar pelo menos 3 ou 5 dessas coloridas aqui. – Ela disse, apontando para o cardápio, não consegue ler o nome.
- Olha, moça, se não tiver costume, não exagere. Melhor ir devagar.
- Hoje pretendo um pouco. Vou fazer algo especial com o meu namorado, pretendo exagerar um pouquinho. – Ela disse sorrindo.
- Legal, e onde ele está?
- Acho que foi ao cassino, mas não tem problemas, estaremos no mesmo quarto mais tarde. – Esboça um sorriso.
- A moça parece gostar muito dele?
- Bastante, o Marcos é especial!
- Vá devagar com as bebidas. Pode aproveitar aos poucos, enquanto ficar neste cruzeiro.
- Posso até aproveitar.
"Assim que provo a primeira dose, fico maravilhada e quero continuar." – Ela ponderou.
- Nossa, essa é bem gostosa! Vou querer mais dessa e talvez de outras duas. As outras do cardápio deixo para provar amanhã.
- Senhorita, não diga que não lhe avisei.
--- Em algum lugar, próximo ao bar. ---
- Então, colocou a poção na bebida daquele arrogante teimoso? – O empresário perguntou ao garçom.
- Claro! Ele não perde por esperar. Foi se meter em tentar vender a nossa ilha. Nunca vamos ficar parados sem fazer nada.
- Mas ele não vai se machucar? Nós não somos bandidos.
- Não, o cara vai apenas ficar animadinho e, disseram que a bailarina dele está por aqui. O melhor é que ela vai pegar o safado no flagra. Só vamos filmar o grande momento. – Ele sorriu.
- Me diz onde está o frasco?
- Espera um pouco, deixei no bolso, deixe-me ver...
- Temos que jogar a prova fora. Não podemos nos encrencar. – Disse apreensivo.
- Então! Vamos jogar o frasco no vaso e dar descarga.
- Flávio, é claro, me dá logo esse frasco.
- Eita! Chico, danou-se. Não está aqui no meu bolso! – Flávio disse assustado.
- Ô criatura. Temos que dar fim em todas as provas! – Chico procurou ao lado dele. - Flávio, se a minha irmã souber que demos bandeira, ela vai arrancar o nosso couro, e sabe o quanto ela é brava.
- Sei, ela é a minha sogra. A coisa vai ser bem pior comigo!
- Ô traste! Pelo nosso bem, vamos logo procurar o bendito frasco!