Muito Além da Obsessão Cruel do Bilionário
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Adriel:

As últimas palavras de Cássio foram um sussurro zombeteiro em meu ouvido. "Nunca mais tente ficar entre nós, Adriel. Você não tem ideia do que ele está disposto a fazer por mim."

Eu cambaleei para trás, agarrando os papéis do divórcio contra o peito. A marca pesada da chave de assinatura digital de Afonso parecia queimar um buraco através do papel, através da minha pele, direto para a minha alma. Era a zombaria final. Meu casamento de cinco anos, um vínculo que eu uma vez considerei sagrado, foi oficialmente encerrado pelo amante mimado do meu marido, carimbado como uma fatura insignificante.

O mundo ao meu redor parecia se distorcer, as luzes brilhantes e a conversa educada do salão de leilões se transformando em uma névoa nauseante. Eu estava em uma sala cheia de pessoas, mas nunca me senti tão completamente sozinho.

De repente, uma sirene estridente soou pelos alto-falantes, seguida por uma voz frenética e automatizada.

"FOGO DETECTADO. POR FAVOR, EVACUEM O PRÉDIO IMEDIATAMENTE. ISTO NÃO É UM EXERCÍCIO."

O pânico explodiu. A multidão bem-vestida se dissolveu em um bando gritando e empurrando. Alguém bateu no meu ombro ferido, e eu gritei, cambaleando para o lado. Outro empurrão por trás me fez cair no chão.

Minha cabeça bateu no mármore polido com um estalo doentio. Os papéis do divórcio se espalharam ao meu redor.

"Afonso!" ouvi Cássio gritar de algum lugar próximo. "Afonso, me ajude! Eu caí!"

Através da floresta de pernas em pânico, vi Afonso, que já estava se movendo em direção à saída, se virar bruscamente. Seu rosto era uma máscara de puro terror, mas não pelo fogo, não pelo caos.

Era por Cássio.

Uma patética e desesperada centelha de esperança se acendeu em meu peito. Eu também estava no chão. Machucado. Em perigo. Ele me veria? Ele finalmente, por um segundo, me escolheria?

Seus olhos, afiados e focados, varreram a multidão em pânico. Eles passaram direto por mim, sem sequer registrar minha presença, como se eu fosse um móvel descartado. Ele se fixou em Cássio, que estava dramaticamente agarrando seu tornozelo a alguns metros de distância.

"Estou indo!" Afonso gritou, sua voz cortando o barulho. Ele latiu ordens para seus guarda-costas. "Peguem ele! Abram caminho! Tirem ele daqui!"

Os guarda-costas se moveram com eficiência brutal, empurrando as pessoas para o lado para criar um casulo ao redor de Cássio, levantando-o e o apressando em direção à saída. Afonso ficou bem ao seu lado, sua mão na base das costas de Cássio, seu corpo um escudo contra a multidão crescente.

Ele não olhou para mim. Nenhuma vez.

Ele passou direto por mim, seu sapato de couro caro a centímetros do meu rosto.

"Afonso!" O nome foi arrancado da minha garganta, um grito cru e desesperado. Mas foi engolido pelo rugido da multidão e pelo lamento das sirenes.

Eu me encolhi em uma bola enquanto as pessoas se atropelavam e tropeçavam em mim, o salto de um scarpin cravando em minhas costelas. O cheiro de fumaça estava ficando mais forte. Um pensamento horrível me dominou: eu ia morrer aqui. Pisoteado até a morte em um incêndio, a poucos metros do homem que deveria ser meu marido, o homem que nem sabia que eu tinha sumido.

Então, através da névoa de fumaça, eu o vi novamente.

Afonso. Ele estava voltando.

Meu coração saltou com aquela mesma esperança estúpida e teimosa. Ele voltou por mim. Ele se lembrou de mim.

Ele abriu caminho de volta pela maré de pessoas, seus olhos varrendo o chão com urgência frenética. Ele estava vindo direto para mim.

Ele estava quase em cima de mim. Tentei levantar minha mão, chamar seu nome novamente.

Ele se abaixou, sua mão se estendendo. Minha respiração ficou presa na garganta.

Seus dedos roçaram meu cabelo, fechando-se não em meu braço, mas em algo pequeno e brilhante no chão ao lado da minha cabeça.

Era uma clutch de grife. A de Cássio. Uma coisa berrante e incrustada de cristais que deve ter caído quando ele foi retirado às pressas.

Afonso a pegou, sua expressão aliviada. Ele se endireitou, deu uma limpada protetora na clutch com a mão e se virou para sair.

Ele estava me deixando. De novo.

Ele havia voltado para um prédio em chamas, arriscando sua vida, não por sua esposa, mas pela bolsa de seu amante.

A constatação foi tão esmagadoramente absurda, tão absolutamente devastadora, que parecia que o chão havia se aberto sob mim. A última centelha de esperança em meu coração não foi apenas extinta; foi incinerada.

Eu valia menos que uma bolsa.

A fumaça, a dor, o peso esmagador da minha própria insignificância – tudo convergiu, e meu mundo escureceu.

A próxima coisa que soube foi que eu estava em uma maca, as luzes brilhantes do teto de um hospital passando rapidamente. Um médico estava inclinado sobre mim, sua voz urgente.

"Ele tem uma concussão, múltiplas contusões e uma fratura na fíbula. Precisamos levá-lo para a cirurgia agora para imobilizar o osso."

Eles estavam me levando para a sala de cirurgia. Uma estranha sensação de distanciamento tomou conta de mim. Nem importava mais.

Assim que eles passaram pelas portas duplas da sala de cirurgia, dois dos guarda-costas de Afonso apareceram, bloqueando o caminho.

"Parem," disse um deles, sua voz monótona e intransigente.

O médico o encarou, horrorizado. "O que você está fazendo? Este homem precisa de cirurgia imediata!"

"Nossas ordens são para levá-lo ao Senhor Tavares," disse o guarda-costas.

"Isso é loucura! Ele está gravemente ferido!" protestou o médico.

A expressão do guarda-costas não mudou. Ele deu um passo à frente, agarrou a lateral da minha maca e, com um grunhido de esforço, simplesmente me puxou para fora dela.

Aterrissei no chão frio e duro de linóleo com um grito de agonia enquanto uma nova onda de fogo subia pela minha perna.

O médico e as enfermeiras ofegaram de horror. "O que você está fazendo?! Você vai matá-lo!"

O guarda-costas os ignorou. Ele me agarrou por baixo dos braços, minha cabeça pendendo para trás, minha perna quebrada se arrastando inutilmente atrás de mim, e começou a me arrastar pelo corredor como um saco de lixo.

A dor era excruciante, mas não era nada comparada à humilhação. Eu estava sendo arrastado, sangrando e quebrado, pelos corredores de um hospital, meu avental frágil mal me cobrindo.

Eles me arrastaram para a ala VIP, para uma suíte privativa luxuosa. Eles não me colocaram na cama vazia. Eles me jogaram no chão de mármore frio, aos pés dela.

Minha visão turvou, mas eu podia vê-lo.

Afonso. Ele estava sentado na beira da cama. E naquela cama, apoiado por uma montanha de travesseiros fofos, estava Cássio Webster, segurando uma bolsa de gelo na testa e choramingando.

            
            

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