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- Depressa! Diz a miúda que me puxa com força, eu nem consigo mais respirar. Meus pulmões ardem de tanto correr. Mas continuo. Tenho de continuar, o meu medo obriga-me a seguir, meu pulso dói com a força da sua mão, sem parar ou abrandar, ela arrasta-me pelos becos escuros de algures, nem eu sei onde.
- Depressa se não queres morrer! Continua ela. Eu sei que as suas palavras são verdadeiras. Ela, seus olhos são negros desprovidos de qualquer sentimento, são cruéis. Mas eu confio nela de qualquer maneira. Sei que com ela estou salvo. Mesmo que ela puxe pelo máximo das minhas forças, mesmo que eu tenha medo dela sei que prefiro estar com ela do que voltar para aquele inferno. Mais uma esquina mais um beco escuro. Sem aguentar caiu sou arrastado até ser obrigado a levantar. Arrebento e começo a soluçar.
- Quero a minha mãe, quero o meu pai. Quero voltar para a casa! A miúda que tenta obrigar-me a correr pára e suspira esfregando os olhos baixando os ombros . Ela também está cansada.
- Como te chamas?
- zénite?!
- Não! O teu verdadeiro nome. Lembras? Aquele que os teus pais te chamavam.
-Filipe!
-Filipe! Combina contigo. Sei que estás cansado. Mas se não sairmos daqui o mais depressa possível. Eles vão nos apanhar. Pior ainda. Eles controlam a minha cabeça. Obrigam-me a fazer mal. Não quero voltar a fazer aquelas coisas más. Disse a miúda. - Quantos anos tens?
- Seis e tu?
-Não lembro. Devo ter 12 ou mais?
- Qual é o teu nome?
Ela olha para mim com ar assombrado e responde.
- Não lembro. Estou lá a muito tempo. Só sei do que me chamam. Eu odeio aquele nome.
- Eu tinha uma amiga ela se chama Ana. Mas foi embora. O pai teve que ir para outra cidade trabalhar. Se quiseres podes te chamar de Ana.
-Ana? Disse ela pensativa. Mas depois não disse mais nada.