/0/5992/coverbig.jpg?v=15862e24d7365deadf85b32aae328950)
17/09/2015 – Day 03
17:00 e eu ainda estou tendo problemas para conseguir lidar com meu dia.
Pelo menos ainda há algum riso no meio desse clima estranho. Só espero que o que quer que aconteça, não seja tão rápido. Afinal de contas, porra... Começou a ser divulgado apenas sobre a porra do Camboja.
ONDE CARALHOS É ISSO?!
Não consigo ligar para o meu chefe, o computador aqui da loja não funciona, e a internet está caindo a cada meia hora.
Sim, eu ainda estou vindo ao trabalho. Mas desde ontem, tudo parece ter mudado.
Não sou só eu. As pessoas ao redor parecem ter adotado nos rostos uma expressão perplexa, uma postura mais receosa e fechada. Como se algo estivesse chegando e ELES não soubessem o que é...
Quanto mais o sol se põe e nasce novamente, maior parece a sombra que paira sobre nossas cabeças. Nem mesmo ficar de bobeira nas redes sociais ou ouvir minhas músicas parece amenizar isso.
Falando em sol se pondo, agora ele está quase na linha do horizonte. E esse calor maldito não desgruda... Fico imaginando coo será daqui há alguns meses, se ou quando a praga chegar aqui. Afinal, o mínimo que se espera em uma pandemia, é que haja isolamento social.
Então quem não tem ar condicionado vai estar bem ferrado.
Mas pelo menos já é 17:29 nessa Quinta-feira infernal!
Hora de abrir a loja. Conto mais sobre como foi minha volta pra casa amanhã, junto com o que quer que aconteça.
Mas pelo menos amanhã é Sexta, dia de ir na loja principal, rever uns detalhes, e se os deuses forem bons, beber pelo menos uma cerveja.
Algo me diz que eu tenho que aproveitar bem esses momentos...
Day 03.5 – Uma noite tranquila antes da ressaca...
É exatamente 23:29, e eu estou escrevendo essa parte do diário a essa hora, só para o caso de amanhã a internet estar uma bosta de novo. Não quero e nem posso me dar ao luxo de simplesmente deixar esses relatos confiados a sorte de poder publicá-los logo que chego no trabalho.
Enfim, o caminho todo foi assustadoramente tranquilo hoje, com exceção de ter visto minha ex, e isso é pior do que um filme de terror... Mas continuei lendo meu TWD.
Os moradores de rua continuavam pelo caminho, com aquelas placas sobre o fim do mundo e outras merdas do tipo. Pelo canto do olho eu via um monte deles na rua, uns bebendo, outros fazendo coisas piores, mas muitos mais deles seguravam aqueles cartazes, e alguns até gritavam para outros pedestres e para os carros e ônibus... Caralho... Hollywood podia fazer um filme sobre isso.
Mas algo me diz que os gringos estão ocupados com seus próprios problemas no momento.
Problemas esses, que estão três dias mais perto de nós...
Tão mais perto, que como ontem, naquele dia de vento forte, dá até para cheirar.
Um cheiro de morte, tão leve que as pessoas ainda nem perceberam do que se trata, mas eu consigo perceber.
Os noticiários relatam algumas notícias sobre mortes na Guatemala, Rússia, Estados Unidos e Canadá.
Disseram que talvez possa ser o começo de uma guerra biológica, ou de uma pandemia. E cada dia mais, eu duvido menos.
Não dá pra duvidar de nada quando o assunto pode ser chamado de tabu...
Sexo, política, drogas, fim do mundo. Um tabu em cima do outro, encimando o bolo todo com uma enorme cereja podre...
Comecei esse diário pois costumava escrever desde os quatorze anos. E, como todo escritor, amador ou profissional, passei por vários bloqueios mentais. Tenho um projeto para um livro, o qual não consegui passar da metade, outro projeto para uma fanfic, que sem um cartunista, não vai nunca sair do estágio inicial, mas que já arrancou alguns risos, e vários outros mais, como todo bom escritor.
Sofri demais por causa desse bloqueio. Por isso tive a ideia de começar esse diário.
Por que não né? Quem nunca teve um diário? Quem nunca?
Esse pensamento me deu um empurrãozinho legal para começar esse projeto.
Mas aí a merda toda bateu no ventilador, e até agora eu não sei se isso é bom ou não... Uma porrada de blogs que eu ocasionalmente acompanho estão falando dessa doença, que está transformando o mundo num inferno.
E transformando a minha cabeça numa caldeira de informações.
Mas por enquanto, meu mundo continua normal. E no meio dessa normalidade toda, que parte de mim repudia como o diabo repudia a cruz, dou meu boa noite. Vou dormir porque já passa da meia-noite e é finalmente Sexta-feira, último dia de trabalho da semana, e dia de quase nenhum movimento na loja.
Afinal, enquanto nossos mundos não vão para o esgoto, ainda dá para aproveitar o que o fim de semana nos reserva.
Um brinde a isso...
18/09/2015 – Day 04
16:25, e essa merda de calor persiste...
Estava no ônibus, indo para a loja principal, no centro, e vi um caminhão parado na BR277.
E essa merda de calor me atrapalha até para pensar em como escrever as coisas...
Não sei se o caminhão só estragou ou se foi algum acidente, mas uma emissora ou outra de rádio estão começando a transmitir uns alertas sobre não sair muito de casa, e que se essa doença começar a se espalhar demais pra cá, podem acabar instaurando um toque de recolher.
Justo, mas me fode. Porque eu trabalho até tarde da noite, e sempre chego em casa quase às 23:00, então isso pode ser um problema.
Afora outro detalhe, de haver uns cães sem dono na rua do presídio sempre que eu volto pra casa.
Durante o dia eles não fazem nada, mas durante a noite, eles se acham os donos daquele quarteirão, e vivem latindo pra mim quando passo por lá... Tive que começar a descer um ponto depois de onde eu costumava descer, para não correr o risco de ser atacado por eles.
Tenho que fazer alguma coisa com relação a isso.
Gente, hoje escrever qualquer coisa está sendo uma tarefa mais árdua que o normal por causa desse calor. Está impossível de sequer se viver, lá fora.
Vou aproveitar que o movimento hoje vai ser baixo, e descansar o máximo que puder.
E que os deuses permitam que pelo menos esse fim de semana seja algo legal e festivo. Não sou obrigado.
Não logo no meu descanso.
Ah, um aviso.
Caso precisem sair de casa, carreguem uma faca, ou algo que possa ser usado para se defender, discreto. Ontem alguns alunos foram assaltados na saída daqui da faculdade, e eu tenho certeza de que esse problema com as pessoas está só começando...