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19/09/2015 – Day 05
Finalmente sábado!!!
14:04 de um sábado ensolarado, quente, infernal
PORÉM É UM SÁBADO! LIVRE, SEM OBRIGAÇÕES!
Ou pelo menos é o que eu pensei no caminho pra cá...
Uma viagem tranquila de ônibus, quase terminando meu livro, e na metade do caminho até o centro, fazendo a viagem mais longa, quando pelo canto do meu olho, começo a notar uma comoção estranha no lado do cobrador do ônibus.
Alguém sempre tem de acabar com minha música, minha viagem, e a minha leitura. Enfim... Com meu dia.
Em uma tentativa completamente idiota de assaltar o ônibus... E o fdp estava quase do meu lado, olhou pra mim por meio segundo, no qual eu obviamente virei meus olhos novamente para o livro e continuei lendo, e nem ligou para minha existência do lado dele.
Sabe quando te falam para não ser o herói em qualquer situação?
Então... Eu não obedeci a esse conselho, mesmo com meu cérebro falando em altos brados "ESSA LUTA NÃO É SUA, NÃO SE METE!"
Peguei uma faca que havia encontrado em casa, perdida por ali, dos tempos de arruaceiro do Largo da Ordem, onde ou vc tem uma faca, ou vc acaba ganhando uma, só por precaução, sabe?
Um belo exemplar de não-sei-a-marca, com uma lâmina retrátil.
A trava estava, obviamente, aberta. Apertei o botão logo que tirei ela do bolso, e não esperei um segundo mais que fosse.
O som foi automático, e eu não podia me dar ao luxo de hesitar naquele momento. Então logo que eu e ele ouvimos aquele "click" bem familiar, ele apontou a faca que ele segurava na minha direção, mas não foi rápido o suficiente.
Enterrei minha faca em seu ombro, a faca dele escorregando de sua mão, caindo no chão com um baque metálico.
Eu mesmo não sei como fiz aquilo. Desde o começo do movimento, sentindo que era tudo ou nada, meu cérebro mandava sinais aos meus membros de "Não pare ou você está ferrado!", e provavelmente foi isso que fez o movimento ficar tão... Direto, fluído.
Enfim... Não foi heroico, nem dramático, ou sequer bonito.
Foi só... Necessário...
Desci do bus junto com o cara, no meio dos gritos de "Ai!" e "TÁ DOENDO!", para não atrapalhar a viagem de todo mundo, e n precisar ter problemas com a polícia fazendo perguntas.
Sorte minha que faltava uns 15 minutos de caminhada para chegar no Boqueirão. Tirei a faca do ombro do cara, olhei pra ele com cara de "Se eu te ver de novo te mato!", e ele saiu correndo desabalado, provavelmente com um início feio de hemorragia, pois eu não sabia onde tinha acertado no ombro dele.
Não era como se eu me importasse.
No pior dos cenários, ele morreria em alguma altura do caminho. No melhor dos casos, alguém o encontraria e ofereceria ajuda, mas eu não acreditava tanto assim na humanidade para ter esse cenário de fato como possibilidade.
Enfim, não era da minha conta. Afinal, salvar uma montanha de dinheiro e a integridade física do cobrador daquele cobrador deve servir de alguma coisa para mim...
Nem que seja no pós vida.
Nem tinha notado que a música ainda estava tocando, mas continuei meu caminho, minhas mãos manchadas de sangue sujo, parecendo um criminoso que tenta esconder alguma droga ou qualquer coisa do gênero. Mas segui meu caminho.
Achei um posto de gasolina e pedi para usar o banheiro, onde lavei minhas mãos e finalmente consegui esfriar a cabeça.
Enfim, agora estou no shopping, registrando essa entrada no dia de hoje, com uma atmosfera pesada sobre mim.
Me pergunto se as coisas vão ficar bem hoje, e tenho quase certeza de que sim. Afinal de contas, é dia de ficar conversando com Sandra pelo telefone, tentar encontrar alguém com quem dar um rolê, beber alguma coisa, e tentar não entrar em nenhuma encrenca.
Meio difícil, levando em conta que é a minha vida. Mas é só tentar deixar o dia levar.
Minhas últimas palavras nessa tela são seguidas de um longo suspiro.
Vou sobreviver...
21/09/2015 – Day 07
Não escrevi nada ontem, porque não tive acesso à internet, então, a troco de informação, ainda estou vivo.
Muito embora eu tenha perdido um pedaço da minha cara em algum lugar. Mas enfim, esse domingo foi louco.
DEFINITIVAMENTE!
Ontem eu fui para o Barigui, encontrar meus amigos para um treino especial de swordplay (para maiores explicações, leiam até o fim.), no qual eu já fui atropelado por uma ideia de jênio.
Sim, jênio com J.
De jumento.
Pensem em duas pessoas espertas, ou não, ambas carregando lanças com pontas de espuma, que decidem subir nas costas de dois amigos tão espertos quanto...
E fazer uma justa, como na idade média, só que sem os cavalos de verdade. Quando um pé cruza o caminho do meu, e eu sinto meu corpo caindo... Com aquela criatura nas minhas costas...
Então, algo milagroso acontece...
Meu rosto apara minha queda completa!
De qualquer forma, depois disso, a coisa ficou bem mais divertida, com combates, batalhas campais, uma captura da bandeira que durou em torno de uma ou duas horas, entre outras atividades muito fodas.
Tudo isso enquanto meu rosto doía com um arranhão enorme...
Encerramos as atividades por ali e fomos embora, cada qual para sua casa.
Eu, acompanhado de um amigo, fui de novo para o centro, comer alguma coisa, e depois ir para casa.
Nos despedimos e fui embora, lendo de novo no ônibus.
Não tenho certeza se foi coisa da minha cabeça ou não, mas pelo canto do olho, vi um casal entrando no ônibus usando máscaras, daquelas de médico... Minha mente foi á mil, pois ultimamente nos noticiários, só se fala nisso.
Nessa doença que está chegando cada vez mais perto.
Eles não estavam lá quando eu desci, então provavelmente haviam desceram antes, mas eu tenho quase certeza de que eles realmente estavam usando máscaras... E quando cheguei em casa e fui dormir, depois de conversar com Sandra por mais umas horas, completamente morto de cansaço, aquelas máscaras permaneceram no meu pensamento, e povoaram meus sonhos.
*** Apêndice
Swordplay é um esporte no qual, resumidamente, pessoas lutam com espadas de espuma. Algumas estilizadas, outras mais simplórias, praticando atividades diversas, como captura da bandeira, batalhas campais, guerras e afins.
22/09/2015 – Day 08
15:57 e não tem muito o que dizer hoje, além de que o calor está matando.
Acabei de ter uma queda de energia aqui, e tudo parece mais parado ultimamente.
Não, não é por causa desse calor dos diabos.
Tem mais gente andando pela rua usando máscaras, e eu notei alguns soldados em uns carros civis, indo para o outro lado da cidade ontem à noite. Tenho certeza de que tem alguma coisa acontecendo relacionada a doença sobre a qual os noticiários tanto tem falado nos últimos dias.
Mas... Não era para estar aqui tão rápido, era?
Aqui na faculdade os bombeiros estão trocando todo o sistema anti-incêndio, e isso é preocupante, já que a faculdade é nova o suficiente para não ter chegado ao período de revisão e inspeção dos bombeiros.
Parece que a tendência é piorar...