Capítulo 3 03

(Charlie)

O show havia terminado já fazia pelo menos vinte minutos, mas isso não diminuiu a animação das pessoas e tive de impressão de estarem com ainda mais energia.

Richard depois de algum tempo de insistência conseguiu subir no palco junto de Kevin, conversavam com o casal da banda enquanto o meu baterista apreciava seu momento no instrumento que tanto admirou.

Tom estava em meio a algumas garotas em um canto afastado, elas riam de alguma idiotice que o garoto falava e maneei a cabeça imaginando o que poderia ser.

Eu olhava em volta prestando a atenção em cada canto procurando uma única pessoa que me interessava e depois de minutos encontrei Sophia no bar. Estava com outras roupas, os cabelos presos pareciam estar molhados e entre as mãos uma lata que notei ser de energético.

Me aproximava devagar e as cenas do que fez na última música voltavam a mente como se estivessem acontecendo de novo, e mais uma vez tive a mesma vontade de tê-la pra mim.

-Estou surpreso, foi um show e tanto. – ditei já ao lado dela e ganhei sua atenção -O som de vocês é legal.

-Só o som foi legal? – seu sorriso sutil era sedutor e me causou um frio na barriga.

-Claro que não. – me aproximei um pouco mais a cercando no balcão deixando nossos rostos o mais próximo que meu limite permitia -Gostei bem mais da vocalista e tenho certeza de que me sentiria frustrado se não recebesse a atenção que estou procurando. Afinal, acho que sou o fã número um dela agora.

Ela riu baixo maneando a cabeça e seu olhar mais uma vez se prendeu ao meu, mais uma vez notei a leve tristeza neles, mas também havia uma ponta de luxúria devido a proximidade que havia nos colocado.

Não percebi em qual momento me perdi em seu olhar e envolvido naquele momento baixei a visão para seus lábios, mas Sophia notou e sorrindo de canto mordeu o lábio inferior leve e sensualmente.

-Não faz isso. – minha voz saiu baixa.

-Não fazer o quê? – a cada segundo seu sorriso se tornava mais malicioso, percebi que ela estava se divertindo com toda aquela situação.

-Me seduzir. – pus a destra em sua cintura e puxei corpo para mais perto do meu.

-Mas não estou fazendo nada. – Sophia se aproximou e achei que iria me beijar, mas seus lábios foram até meu pescoço deixando um beijo no mesmo -Ainda.

Só a voz dela foi necessária para me fazer gemer, a garota riu baixo e saiu de meus braços deixando-me com uma estranha sensação de vazio e ainda mais vontade de provar da sua boca.

Passando as mãos pelos cabelos percebi uma pequena folha presa a minha pulseira, tinha um número de celular e seu nome escrito logo embaixo.

-Inacreditável. – ri baixo pegando o celular do bolso e salvando o contato.

Logo em seguida disquei o número e assim que começou a chamar olhei cada canto do estabelecimento em busca da menina.

(Sophia)

De longe eu o observava.

Não sabia ao certo em que momento decidi que seria uma boa ideia me envolver com ele, mesmo que não fosse uma relação séria ou algo parecido, mas passei o dia todo pensando nele e me perguntando, por que não tentar?

Ele parecia realmente preocupado comigo e parecia querer me ajudar de verdade, por que não tentar?

Eu acompanhava o garoto e sorria junto dele, mas acabei dando uma risada baixa quando o vi levar o celular até o ouvido e então o meu começou a tocar no bolso. Assim que peguei o aparelho não precisei atender para notar que Charlie havia me encontrado e a alegria em seu enorme sorriso me contagiou.

Maneei a cabeça caminhando até as escadas do segundo andar, havia menos gente ali e todos casais que gostavam da privacidade. Charlie me seguia a passos firmes.

-Será que agora você consegue dar um pouquinho de atenção ao seu fã? – a voz dele soou baixa me fazendo arrepiar.

Escorada ao parapeito tudo que ele fez para nos deixar próximos foi repetir a cena do bar, o que me tirou um sorriso de lado.

-Só se for um bom fã.

-Isso só pode ser brincadeira. – o garoto riu baixo dando uma leve mordida no lábio -O que aconteceu pra ter decidido me dar uma chance?

-E quem disse que estou te dando uma chance? – o vi franzir o cenho e aproximei um pouco mais nossos rostos -É apenas diversão, o que acha?

-Já é alguma coisa. – e então ele acabou com o pouco espaço que havia entre nós.

Os lábios dele eram macios e quentes, o beijo tinha uma mistura gostosa de ternura e desejo. Paramos apenas pela falta de ar, mas isso não o impediu de pegar em minha cintura para nos aproximar ainda mais. Se é que era possível.

Voltamos a nos beijar e suas mãos passaram a contornar minha cintura, faziam também um caminho desconhecido pelas minhas costas e sorri em meio ao ósculo.

-Se soubesse que ia acabar assim não teria sido tão idiota quando nos conhecemos. – ri baixo junto a ele.

-E talvez não estaria aqui me beijando. – toquei seus cabelos sorrindo de lado.

-Faz sentido. – maneei a cabeça e lhe dei um beijo rápido já me afastando -Te vejo amanhã?

-Quem sabe.

Sorri de canto sendo retribuída, o maior beijou as costas de minha mão e finalmente consegui me afastar indo encontrar com meus amigos.

No caminho para casa fiquei apenas perdida em meio aos pensamentos e com um sorriso bobo no rosto, Scoth havia percebido e não disse nada, apenas riu baixo comigo.

(...)

Ao chegar em casa notei que todos já dormiam, então procurei fazer o mínimo de barulho possível. Fui para meu quarto e suspirei pesadamente assim que passei pela porta, peguei meu pijama indo tomar um banho.

Debaixo da água lembrei da noite incrível que tive, não apenas com o show como também o pouco tempo que passei com Charlie e, como fiz durante toda a noite, sorri espontaneamente. Já trocada fui para a cama e olhava as estrelas pela janela.

Lembrei das cicatrizes em meu braço e as toquei sentindo-me aliviada por não ter repetido o ato durante aquele banho.

Respirei fundo sorrindo mais uma vez e de um jeito que não fazia a tanto tempo, ainda mais longe do meu grupo.

(06:30 a.m)

Tinha acabado de sair de casa e caminhava para a escola, os fones tocavam uma música alta e eu estava distraída prestes a acender o primeiro cigarro do dia quando senti um abraço em meus ombros, junto ao ato tive meu cigarro tirado dos lábios.

-Que isso? – me afastei do garoto e ri baixo maneando a cabeça -É mais abusado do que pensei.

-Você gosta, admita. – Charlie deu de ombros sorrindo de lado.

-Agora está agindo como um idiota. – voltei a caminhar com ele ao meu lado -Quem disse pra você que gosto de garotos abusados?

-Não falei que você gosta de garotos abusados, falei que você gosta que eu seja abusado. Ou vai negar? – franzi o cenho me virando para ele e o garoto deu de ombros -Se não gostasse não teria deixado eu te beijar.

Maneei a cabeça dando uma breve risada baixa e o puxei para um beijo rápido, nada comparado com o que fizemos depois do show, até porque ninguém precisava saber e estávamos em frente ao colégio. Já tinha problemas demais com a diretoria para criar mais um.

-Isso responde sua pergunta? – questionei olhando em seus olhos.

-Até demais.

Nossa risada acabou chamando a atenção de alguns alunos que estavam por perto, mas apenas ignoramos e caminhamos juntos até a aula, o que chamou ainda mais a atenção de cada um que nos via junto.

Ajudávamos um ao outro durante as matérias e entre as aulas conversávamos sobre qualquer assunto que vinha a cabeça, como música, filme ou momentos bobos que passamos.

Charlie era um cara legal, divertido e que se preocupa com as pessoas que gosta, ao menos foi o que pareceu pelas conversas que tínhamos, mas isso não diminuiu o medo que eu tinha.

Medo de me entregar e acabar me decepcionando mais uma vez.

            
            

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