O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais - algo selvagem - impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.
Então, ela sentiu.
O olhar.
Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.
Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.
Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.
Mas ele só olhava para ela.
Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.
Na terceira vez, sua paciência se esgotou.
Ela largou a bandeja no balcão e caminhou até ele, cruzando os braços.
- Você pretende ficar me encarando a noite toda ou vai dizer alguma coisa?
O canto de sua boca se ergueu em um meio sorriso.
- Eu estava esperando você vir até mim.
A voz dele era profunda, rouca, como um eco de algo que ela não sabia nomear.
- É mesmo? - Ela arqueou uma sobrancelha. - Você faz isso sempre?
Ele inclinou a cabeça, os olhos brilhando de um jeito perigoso.
- Não.
O silêncio se estendeu entre eles. Erin sentiu o peito subir e descer rápido, e o estranho a observava como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre ela.
- Como você se chama? - ela perguntou, antes que pudesse se impedir.
Ele hesitou.
- Lucian.
Erin franziu a testa.
- Só Lucian?
Ele sorriu, mas não respondeu.
- Você quer dançar? - perguntou ele, mudando de assunto.
Ela piscou.
- Eu estou trabalhando.
- E eu sou um cliente. Se aceitar um convite para dançar comigo, pode ser considerado bom atendimento.
Erin soltou um riso incrédulo.
- Esse é seu argumento?
- Funcionou?
Ela deveria ter dito não. Deveria ter se afastado. Mas em vez disso, estendeu a mão.
Lucian a puxou para perto, o calor do corpo dele envolvendo-a. A música desapareceu, as conversas sumiram. Só existiam os dois, seus corpos se movendo juntos no ritmo lento da batida.
- Você trabalha aqui há muito tempo? - ele perguntou, a boca próxima ao ouvido dela.
- Desde os dezoito.
- E antes disso?
Ela engoliu seco.
- Não tem antes disso.
Ele se afastou ligeiramente para olhar para ela.
- Isso quer dizer que você não tem um passado?
Ela riu sem humor.
- Quer dizer que eu cresci sem um.
Lucian ficou em silêncio por um momento. Então, deslizou a mão para a curva da cintura dela, puxando-a ainda mais para si.
- Eu entendo.
Erin sentiu um arrepio na espinha.
- Entende?
- Mais do que você imagina.
O jeito como ele disse isso... Erin não sabia por que, mas sentiu que era verdade.
Então veio o beijo.
Ela não soube quem começou, mas de repente a boca dele estava sobre a dela, quente, urgente. Lucian segurou sua nuca, aprofundando o beijo, e ela se entregou.
O resto da noite foi um borrão de sensações. Erin sentiu-se viva como nunca antes. O cheiro dele era uma mistura de madeira e tempestade, algo puro e bruto.
O caminho até o pequeno apartamento dela foi rápido.
E quando Lucian a deitou na cama, seu olhar dourado queimando sobre ela, Erin soube que não havia volta.
Ele a tocou com reverência, como se cada parte dela fosse preciosa. Quando a penetrou, foi com paciência e intensidade, sussurrando seu nome contra sua pele.
- Erin...
Ela cravou as unhas em suas costas, arqueando o corpo ao encontro dele. Nunca havia sentido nada parecido, uma mistura de dor e prazer que a fazia perder o ar.
Lucian beijou cada lágrima silenciosa que deslizou pelo rosto dela, segurou-a com firmeza e a levou para um lugar onde nada mais existia além dos dois.
E quando a lua atingiu seu ápice no céu, Erin soube que nada jamais seria o mesmo.