O cheiro a limão e a flores frescas enchia a casa de Alfama. Preparei o pedido de casamento perfeito para o homem da minha vida, Jacob, com quem partilhava dez anos de amor.
Mas, ao procurar um isqueiro, as minhas mãos tremeram ao encontrar uma caixa secreta: dentro, a certidão de casamento de Jacob Gordon. O nome da noiva, para meu horror, não era o meu. Era Nancy Contreras, e a data, de há três anos.
Comecei a tremer quando vi a fotografia: Nancy era assustadoramente parecida comigo, até tinha o mesmo sinal distintivo. Mal tive tempo de assimilar a traição quando recebi uma chamada: a minha candidatura para o tratamento experimental da doença degenerativa foi aceite. A mesma doença que eu escondia de Jacob.
O meu mundo desabou. Eu, que planeava um "sim", descobria que era apenas um brinquedo, uma "fadista de estimação" para um homem que me via como "diversão", que queria a "família" que eu não lhe podia dar.
A humilhação de descobrir que o nosso "amor" era o lixo de outra mulher, as suas roupas e joias "dadas" a mim, tudo me esmagou. Caí, vomitei sangue, o meu corpo a ceder à doença enquanto ele me abandonava por ela. "Estou grávida", dizia a mensagem de Nancy, vinda do telefone de Jacob, com uma gravação dos seus gemidos.
Naquela noite, a minha decisão foi fria e clara como gelo: Jacob Gordon matara a Liza Murray. Agora era a vez de Helena Sousa nascer.