Vendo de longe os peixes se moverem, sobe no deck e sorri ao vê-los tão perto da superfície. Ao se agachar para ver melhor os peixes, um deles pula muito perto do seu rosto, assustada se desequilibra e com um grito de desespero cai na água.
É inverno, seus ossos começam a congelar, se debatendo na água começa a afundar, sem conseguir respirar seu corpo grita por oxigênio e acaba desmaiando.
De repente, alguém se joga na água e nada rapidamente até o fundo do lago, segura seu corpo imóvel a puxando até a superfície.
Sai da água carregando seu corpo como se fosse uma pena, Richard, a coloca no chão e faz os primeiros socorros.
- Valéria, chama a ambulância! - vendo que a noiva não se mexe olhando a cena com as mãos na boca, ele grita. - Vai!
Valéria corre para dentro da mansão e com dedos trêmulos pega o telefone e digita o número, de imediato é atendida.
- Alô?! Por favor, enviem uma ambulância para a mansão Smith!
Richard tenta sentir o pulso dela, está tão nervoso que não sente a pulsação, seu próximo passo foi o de fazer respiração boca a boca.
- Acorda Anna... - Fala Richard tenso e encosta os lábios nos dela, enviado oxigênio e calor a seus pulmões.
Continua a fazer a respiração, os empregados da imensa mansão rodeiam o patrão aguardando a garota acordar com seus cuidados. Sem conseguir resultados pega Anna no colo.
- James, pega o carro! Não dá tempo de esperar a ambulância.
Richard corre com o corpo dela nos braços até a garagem, o motorista liga e saem em disparada cortando todos os faróis vermelhos.
Tira as roupas molhadas dela, pois está com o corpo azulado devido ao frio. Destrava o banco e puxa a mala de viagem, pega o sobretudo felpudo colocando nela, tem um pouco de dificuldade por causa do balanço do veículo.
- James, liga o ar quente!
Também está sentindo os efeitos do frio intenso, arranca rapidamente as roupas e coloca uma calça.
Volta a fazer respiração boca a boca, nervoso seus olhos enchem de lágrimas, viu a jovem nascer, tem um carinho muito especial por ela. Só de imaginar perdê-la dessa forma, Richard não aceita, se esforça ao máximo para lhe mandar oxigênio para os pulmões tentando reanimar seu pequeno corpo frágil.
- Vamos, querida... Acorde, por favor...
Cobre novamente seus lábios enviando oxigênio, dentro da pequena limusine, tem espaço suficiente para cuidar dela como pode.
Um movimento diferente o faz parar separando seus lábios dos dela, o corpo dela se mexe e cospe um pouco de água tossindo, vira o rosto dela de lado para não engasgar, Richard chora de alívio.
- Ah, graças a Deus! - Fala sentindo as lágrimas escorrerem.
Tremendo, Anna olha bem no fundo dos seus olhos, Richard fica paralisado por um instante, mas ao escutar a voz do motorista acorda do seu devaneio.
- Senhor, atrás do banco tem cobertores no porta malas.
Richard destrava o banco novamente e puxa o cobertor felpudo que está dentro de um saco transparente.
- Trânsito, senhor!
- Merda! Tente ir contramão.
O corpo dela treme muito, o jeito mais rápido de esquentá-la, é encostar seu corpo ao dela, sem perder tempo, senta e devagar coloca Anna em seu colo, abre o sobretudo e encosta seu peito no dela lhe enviando calor até chegarem no hospital. Com carinho lhe beija a testa suavemente.
"Beijo sua testa, me controlando pra não beijar sua boca! De onde vem esse desejo insano de beijá-la, de cuidá-la? Não reconheço esse sentimento estranho!"
- Você vai ficar bem.
James costura no trânsito várias vezes precisa ir na contramão a todo instante.
- Richard... - fala com dentes batendo. - Eu te amo... - fala com extrema dificuldade e desmaia.
Sentindo as lágrimas encherem seus olhos novamente, Richard grita seu nome achando que a perdeu.
- Anna! Não! Ah, meu Deus!
- Chegamos senhor... - James fala estacionando na entrada da vaga da ambulância.
Abre a porta, a segurando como pode, entra no hospital gritando por ajuda.
- Me ajudem! Não posso perde-la, por favor! Alguém...
A enfermeira corre com uma maca e um médico aparece após escutar os gritos de desespero.
- Fique aqui! Vamos cuidar dela. - O médico fala e corre até a sala de cirurgia.
Richard coloca as mãos na cabeça, abre os lábios e fecha os olhos, sua vontade é de gritar.
- Senhor, também gosto muito dela. Agora ela precisa de oração, venha colocar uma roupa está muito frio para ficar descalço e sem camisa. - Fala o motorista o convencendo a voltar para o carro e se vestir.
Vestido, volta para dentro, anda de um lado para o outro esperando ansioso alguém avisar se ela está bem. Ela tem que estar bem, ou não vai suportar tanta dor se acontecer alguma coisa com ela.
- Senhor... - a enfermeira chama cortando seus pensamentos.
Richard se aproxima da mulher aguardando temeroso.
- Ela está bem. A temperatura do corpo está subindo devagar, estamos seguindo o protocolo. Assim que seu corpo estiver a trinta e seus graus e meio, vamos retirar a manta térmica.
- Posso vê-la?!
- Claro que sim. Me acompanhe por favor.
Entra no quarto, ao vê-la tão serena, de olhos fechados, a cor da pele está muito melhor, um pouco pálida, mas, de acordo com a enfermeira, está tudo bem.
- O médico gostaria de conversar com o senhor, mas apareceu uma emergência e teve que ir às pressas.
- Está tudo bem. Vou ficar aqui com ela.
- Claro, fique à vontade. Mandarei trazer o jantar.
Richard se aproxima, coloca a mão por cima da manta térmica encontrando a dela.
Agora que está mais calmo por saber que ela está fora de perigo, lembra-se de tudo o que fez para salvá-la e no final o que ela disse:
- Richard... Eu te amo...
Essas palavras não saem de sua mente. Por quê? Será que ela o ama mesmo? E se amasse, o que poderia fazer? Nada! Seu irmão, mais cedo havia lhe contado sobre o amor que sente por ela. Que iria pedi-la em namoro no lago, hoje mesmo à tarde.
Ele se atrasou um pouco, ela se distraiu e por não saber nadar se afogou.
Estava indo até a garagem levar as malas, pois ia viajar a negócios e escutou um grito.
"Graças a Deus, estava por perto." - ele pensa aliviado.