Apaixonada por um gangstar

Acordei com o som insuportável do meu despertador. Juro que por um segundo pensei em jogar ele pela janela, mas lembrei que era o primeiro dia do meu último ano na escola. Último. Só de pensar nisso, uma mistura de alívio e medo me deu um nó no estômago.

Me espreguicei devagar e fiquei sentada na cama por alguns segundos, observando meu quarto. Nada ali tinha mudado: os pôsteres, a bagunça controlada, as fotos coladas no mural - principalmente as que eu tinha com a Mariana. A gente cresceu juntas. Se tem uma coisa que nunca mudou, foi ela estar ao meu lado.

Depois de uma ducha rápida e um café tomado às pressas com meu pai, saí de casa com a mochila nas costas e o coração acelerado. O ar da manhã estava fresco, e o céu tinha aquela cor bonita de começo de dia. Respirei fundo. Quase podia fingir que tudo estava no lugar.

Mariana já estava me esperando no portão da escola, de braços cruzados e cara de quem tinha acordado antes do sol.

- Achei que você tinha sido abduzida, disse ela, revirando os olhos. - Primeiro dia do último ano, Carla. Não é hora pra drama matinal.

- Relaxa, respondi com um sorriso. - Ainda vamos ter muitos dias pra isso.

A gente entrou juntas, rindo e comentando as mesmas coisas de sempre: os professores, os repetentes que voltavam como se nada tivesse acontecido, e os uniformes que pareciam ter encolhido nas férias.

Mas então, tudo mudou em segundos.

Um carro preto parou na frente da escola. Não era qualquer carro. Era grande, com os vidros escuros e um brilho que chamava atenção. Dava pra sentir a tensão no ar. Todo mundo olhou. E eu também olhei.

A porta do carro se abriu devagar, e foi quando ele apareceu.

Alto. Moreno. Ombros largos. Tatuagens nos braços. Olhar firme. Eu nem sei como descrever, mas quando os olhos dele encontraram os meus, foi como se o tempo congelasse por um segundo. Tinha algo ali... algo que me prendeu, como se ele tivesse me escolhido com um simples olhar.

- Você conhece ele? - Mariana perguntou, sussurrando ao meu lado.

- Não..., respondi, sem tirar os olhos dele.

- Mas acho que ele acabou de mudar minha vida.

E naquele instante, mesmo sem saber o nome dele, mesmo sem ele dizer uma única palavra... eu soube.

Nada seria como antes.