Greta Johnson, a governanta, se aproximou com passos discretos e medidos e disse suavemente: "Senhora Evans, hoje é seu aniversário de casamento. Tenho certeza de que o senhor Evans regressará para casa esta noite. Provavelmente houve algum contratempo que o atrasou. Me permita aquecer o jantar para a senhora."
Noreen balançou a cabeça de forma sutil. "Não precisa se preocupar. Ele certamente já se alimentou em outro lugar."
A frieza da afirmação fez Greta hesitar por um instante, antes que uma expressão de entendimento cruzasse seu rosto.
Em três anos de união, Noreen e Caiden Evans conviveram mais como conhecidos cordiais do que como marido e mulher. A leveza dos primeiros meses havia desaparecido há muito, substituída por visitas esporádicas e um silêncio cada vez mais incômodo.
Abandonando a mesa, Noreen subiu as escadas e se acomodou sobre a cama. Seu celular vibrou novamente, inundado por uma sequência de mensagens no grupo de conversa.
Movida pela curiosidade, ela tocou em uma delas.
A foto mostrava Caiden largado de maneira despretensiosa em um espaçoso sofá de couro. A gola de sua camisa estava desabotoada, revelando o contorno definido das clavículas, e as mangas dobradas até os antebraços. A postura relaxada emanava um tipo de charme ousadamente provocador.
Até a leve inclinação da cabeça e o olhar semicerrado transmitiam uma preguiçosa autoconfiança.
No canto da imagem, uma mão delicada se estendia em sua direção, segurando uma taça de vinho elevada. O gesto tinha uma intimidade evidente, como se brindasse exclusivamente a ele.
A respiração de Noreen falhou por um momento quando seu olhar desceu até o pulso daquela mão. A mão delicada era nitidamente feminina, e a pulseira de esmeraldas que adornava o pulso cintilava sob a iluminação - um acessório que ela conhecia bem demais.
Era uma joia pertencente à linhagem da família Evans, uma relíquia que um dia lhe fora destinada. Agora, enfeitava o braço de outra mulher.
Seus dedos se fecharam com força ao redor do aparelho quando uma nova notificação surgiu. Desta vez, se tratava de um vídeo.
Sem qualquer hesitação, ela o reproduziu, e uma voz suave ecoou pelos alto-falantes - melodiosa, afetada e com um timbre insinuante: "Você veio direto do aeroporto só para celebrar meu aniversário. Não teme que Noreen se ofenda ao descobrir? Por que não a convida também?"
Com uma expressão de escárnio sutil, Caiden deixou surgir um sorriso enviesado. "Não está receosa de que ela estrague a noite?"
Risos ecoaram entre os presentes.
Alguém zombou: "Ela nunca se encaixou muito bem conosco, para ser honesto. Provavelmente é melhor que se mantenha afastada."
Outro interveio em tom jocoso: "Caiden, quando foi a última vez que você viu Noreen? Aposto que passaria por ela na rua sem sequer notar."
Caiden girou lentamente o vinho em sua taça, com uma expressão indiferente. "Vê-la? Não mantemos proximidade suficiente para isso."
Outra voz rompeu a conversa: "Ah, vamos lá, vocês não são oficialmente casados?"
Caiden soltou uma risada baixa, repleta de sarcasmo, como se achasse cômica a sugestão. "Esse casamento é como uma garrafa de vinho azedo - o melhor é descartá-la."
A voz melodiosa de Jessica Dale soou, carregando um tom de falsa consideração: "Tudo bem... então não a convidaremos desta vez. Mas irei compensar isso para ela na próxima."
Noreen abaixou o celular, sentindo uma amargura profunda se enraizar em seu peito.
Que provocação mesquinha! Estavam todos reunidos em uma sala privada, mas ainda assim optaram por conversar pelo grupo - só para garantir que ela visse.
A maior parte das pessoas ali pertencia ao círculo social de Caiden, e Jessica era uma das poucas mulheres no grupo.
O único motivo pelo qual Noreen havia sido incluída era que a própria Jessica a adicionara.
Ela quase nunca participava das conversas, mas cada nova publicação envolvendo Caiden surgia em sua tela de qualquer forma. Onde quer que ele estivesse, Jessica invariavelmente aparecia por perto.
Horas depois, com a casa mergulhada em silêncio, Noreen permanecia deitada na cama, girando vagarosamente a aliança no dedo.
O frio do metal pressionava sua pele, penetrando até a parte mais vulnerável de seu coração.
Um peso sombrio se instalou em seu peito - não exatamente dor, mas denso o suficiente para tornar cada respiração lenta e fatigante.
Um nó inesperado subiu à sua garganta, e seus cílios tremeram na penumbra.
Dois anos de frieza constante haviam amortecido seus sentimentos, mas uma dor discreta se abriu em algum recanto esquecido, espalhando-se até inundar seu coração inteiro.
Virando-se de lado, ela pressionou o rosto contra o travesseiro.
A aliança roçou sua bochecha, e o toque gélido ecoou a mesma frieza distante que vinha de Caiden - serena e desapegada, como o brilho pálido do luar atravessando a janela.
O quarto pareceu prender a respiração com ela, enquanto os segundos se arrastavam.
De olhos fechados, ela ouviu apenas o ritmo constante de seu coração, cada batida nítida contra o silêncio absoluto.
Ela e Caiden haviam crescido entrelaçados, com suas vidas se cruzando desde a infância, muito antes de compreenderem o peso desse vínculo.
Aos quatorze anos, tudo desmoronou em um instante. Seus pais morreram em um trágico acidente de carro, deixando-a órfã e herdeira de uma fortuna. As pessoas que deveriam tê-la protegido se transformaram em predadores da noite para o dia.
No funeral, os parentes não choraram, mas sim brigaram. As vozes se elevaram até se tornarem gritos, depois vieram os empurrões, e a confusão terminou com sirenes, luzes vermelhas pulsando e sangue manchando as roupas pretas de luto.
Ela permanecia afastada, uma figura pequena engolida pelo tumulto, os olhos arregalados e brilhantes de lágrimas que se recusavam a cair. A sensação de impotência a envolveu como um véu sufocante.
Naquele momento, Cheryl Evans, avó de Caiden, interveio por compaixão, abrindo os braços para acolher a menina assustada.
Nenhum contrato foi firmado, tampouco houve adoção oficial - Noreen foi simplesmente acolhida pela família Evans como uma hóspede delicada, alguém que jamais era plenamente integrada ao núcleo familiar.
Os anos iniciais deixaram cicatrizes profundas. Ela cresceu como uma criança reservada e vigilante, sempre ciente de que sua presença era tolerada por benevolência alheia.
Nos corredores da escola, murmúrios a acompanhavam constantemente. Línguas cruéis e imaturas não perdiam a oportunidade de lembrá-la do que ela já sabia com clareza - era apenas uma órfã.
Fora Caiden quem interveio naquela fase, afastando os agressores com firmeza e permanecendo ao seu lado sem hesitar.
Sob a proteção silenciosa dele, os estilhaços do coração frágil de Noreen começaram, pouco a pouco, a se recompor.
Com o tempo, o sentimento que nutria por ele se intensificou além de sua capacidade de o conter.
Consciente da disparidade entre os mundos deles, ela ocultara tais emoções no fundo do peito, onde ninguém pudesse encontrá-las.
Mas há três anos, Cheryl fora acometida por uma enfermidade grave. Em uma conversa íntima, revelara que sua maior preocupação era o futuro de Noreen e, contrariando as objeções dos demais familiares, organizara a união matrimonial entre ela e Caiden.
Na ocasião, Noreen se sentiu imensamente feliz.
Sua juventude fora Caiden como centro - ele fora gentil, inteligente, luminoso e infinitamente dedicado a ela. Então como ela não se sentiria tocada? Como seria possível não amá-lo?
Após o casamento, a ternura que ele demonstrava por ela pareceu ainda mais intensa.
Ele a levou a um fiorde célebre, onde permaneceram lado a lado ao romper do dia, envoltos no silêncio, enquanto a névoa matinal se espalhava sobre as águas como um delicado véu. Viajaram para terras montanhosas de outro país para contemplar o florescimento do urze, caminhando por horas através das vastas campinas varridas pelo vento, tingidas de violeta.
Quando a chuva fina começou a cair ao entardecer, ele ergueu a capa impermeável sobre a cabeça dela, permitindo que o sereno umedecesse seus próprios ombros.
De volta à pousada, uma lareira ardia intensamente. Ele se ajoelhou diante do fogo, limpando com cuidado o barro dos sapatos dela, enquanto a luz trêmula da chama delineava seu rosto em sombras e dourado.
Aquele primeiro ano parecia um devaneio - tão afetuoso, tão absurdamente caloroso - que, ao relembrá-lo agora, a memória trazia uma dor aguda, tornando o presente ainda mais difícil de suportar.
Antes mesmo de se casar com Caiden, Noreen já havia escutado boatos sobre um possível acordo matrimonial entre as famílias Evans e Dale. Naquela época, Jessica praticamente residia na propriedade da família Evans, passando dias inteiros no quarto de Caiden sem que ninguém parecesse se importar.
Contudo, como se o destino tivesse tomado um rumo inesperado, Jessica foi ao exterior, e o arranjo nupcial desapareceu das conversas, como se jamais tivesse sido cogitado.
A lembrança arrancou de Noreen um sorriso carregado de amargura.
Tudo começou a desmoronar depois da morte de Cheryl. Caiden se transformou repentinamente, seu calor sumindo sem deixar rastro, e os dois passaram a coexistir como completos estranhos sob o mesmo teto.