Gritei através do nosso Elo Mental, implorando para que ele salvasse nosso filho, mas ele cortou a conexão.
Ele chamou nosso filho de vira-lata e foi embora para ficar com a esposa de seu irmão.
Enquanto eu jazia morrendo em uma poça de sangue preto e dourado, envenenada por sua irmã, Damien estava na sala ao lado celebrando o nascimento do filho de outro homem.
Quando o médico lhe disse que meu coração estava parando, ele mandou economizar a energia para a Vitória.
Ele não sabia que eu não era uma Renegada. Eu era a filha do Alfa Supremo, o Rei de todos os lobos.
Ele matou seu verdadeiro filho e sua Verdadeira Companheira por uma mentira.
Meu pai salvou meu corpo, mas meu coração morreu naquela jaula.
Um ano depois, retornei como a CEO da empresa que detinha toda a dívida de Damien.
Ele se ajoelhou diante de mim, chorando, implorando pela volta de sua Luna.
Pisei em sua mão com meu salto agulha e sorri.
"Sua Luna morreu no porão, Alfa. Eu estou aqui apenas para cobrar o que você deve."
Capítulo 1
Ponto de Vista da Elena:
O cheiro da minha própria carne queimando foi a primeira coisa que me atingiu.
Era um odor acre e penetrante que dominava o mofo úmido do porão. Mudei meu peso, tentando encontrar uma posição confortável no chão frio de concreto, mas meu ombro roçou nas barras.
Tssss.
Fumaça subiu da minha pele. Mordi o lábio com tanta força que senti o gosto de ferro, recusando-me a gritar.
Eu estava presa em uma jaula feita de prata pura.
Em nosso mundo, a prata é a única coisa que pode realmente ferir um lobisomem. Ela age como ácido contra nossa pele e neutraliza nossa capacidade de cura acelerada. Para uma loba grávida como eu, era uma sentença de morte.
"Damien", sussurrei, minha voz rouca por dias de desidratação. "Por favor."
Meu estômago se contraiu. Outra contração. Parecia que uma mão gigante estava espremendo minhas entranhas, tentando arrancar a vida de mim.
Damien estava do outro lado das barras de prata. Ele era o Alfa da Alcateia Blackwood, o líder de centenas de lobos. Ele era alto, com ombros largos e olhos da cor de mares tempestuosos.
Ele também era meu Companheiro Predestinado.
A Deusa da Lua, nossa divindade, une cada lobo a um par perfeito. Quando você encontra seu companheiro, sente um cheiro que o deixa louco. Para mim, Damien cheirava a chuva e chocolate amargo.
Mas ele não me queria. Para ele, eu era apenas uma Renegada - uma loba sem alcateia, uma mendiga sem status. Ele não sabia que eu era a filha do Alfa Supremo, o rei de todos os lobos. Eu havia escondido meu cheiro para encontrar o amor verdadeiro.
Que garota estúpida e ingênua eu fui.
Damien olhou para o relógio, ignorando minha dor.
"Ainda não, Elena", disse ele, sua voz desprovida de calor.
"Eu... eu não consigo", arfei, agarrando minha barriga inchada. "O bebê... ele quer sair."
Damien não gritou. Ele simplesmente enfiou a mão no bolso e tirou um pequeno controle remoto com um único botão vermelho.
"O Xamã foi claro. O filho da Vitória deve ser o primogênito da semana para garantir a bênção da profecia. O seu está vindo cedo demais."
Ele apertou o botão.
O colar de prata preso ao meu pescoço zumbiu com uma luz violeta doentia. Um inibidor mágico - um Feitiço de Estase. Ele não apenas me impedia de me mover; ele travava meus músculos involuntários, trancando meu útero em um estado de tensão suspensa e agonizante.
"Pare!" engasguei, a pressão antinatural esmagando minhas entranhas. "Você está sufocando ele!"
"Você conhece a profecia", disse Damien, ajustando suas abotoaduras caras, ignorando a luz violeta pulsando contra minha garganta. "Vitória está em trabalho de parto lá em cima. O filho dela deve nascer primeiro."
Vitória. A esposa de seu irmão morto. A mulher que ele tratava como uma Luna, a rainha da alcateia, enquanto eu apodrecia em uma jaula.
"Você está matando ele", chiado saiu da minha boca, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Damien, este é seu filho também."
"Não minta para mim", ele zombou. "Uma Renegada como você provavelmente dormiu com metade da patrulha da fronteira. Esse vira-lata não é meu."
Ele me deu as costas.
"Espere! Damien!"
Ele foi embora. A pesada porta de ferro bateu, mergulhando-me de volta na penumbra.
O Feitiço de Estase manteve-se firme, lutando contra a própria natureza. Meu corpo era um campo de batalha entre o desejo biológico de empurrar e as correntes mágicas segurando o bebê.
Então, a bolsa estourou.
Um jato de fluido encharcou os trapos sujos em que eu estava sentada. O Feitiço entrou em curto-circuito contra a súbita mudança biológica, estalando com uma faísca que queimou meu pescoço. A dor que se seguiu foi cegante. Não foi apenas uma contração; foi uma sensação de rasgo.
Tentei alcançá-lo com minha mente.
Lobos em uma alcateia, e especialmente companheiros, compartilham uma conexão telepática chamada Elo Mental.
*Damien*, gritei internamente. *Por favor, o bebê está preso. Me ajude!*
Silêncio.
Não era apenas que ele não estava respondendo. Eu bati em uma parede. Uma parede fria e estática. Ele havia me bloqueado. Ele havia cortado a linha mental.
Foi a rejeição definitiva.
"Ahhhhh!"
Eu não conseguia mais segurar. Eu gritei. O som ricocheteou nas paredes úmidas, cru e gutural.
O pó de prata das barras estava penetrando em meus poros. Eu podia sentir o veneno entrando na minha corrente sanguínea. Minha loba interior, geralmente uma fonte de força, estava choramingando, encolhida no fundo da minha mente. Ela estava fraca demais para me ajudar a transformar.
A porta rangeu novamente.
A esperança brilhou no meu peito. "Damien?"
Mas não era ele. Era Sofia, sua irmã mais nova. Ela usava um vestido de seda e segurava um lenço sobre o nariz, olhando para mim como se eu fosse uma pilha de lixo.
"Cale a boca, sua imunda", cuspiu Sofia. "Vitória está tentando respirar durante as contrações lá em cima. Seus gritos estão estressando ela."
"Sofia... me ajude", implorei, rastejando em direção às barras. Meus joelhos rasparam no concreto. "A jaula... abra. Preciso me transformar para dar à luz. A prata... está matando o bebê."
Sofia sorriu. Era um sorriso cruel e distorcido.
"Esse é o objetivo, não é?"
Ela caminhou até a jaula. Em vez de pegar a chave, ela chutou as barras de prata.
Clang!
A vibração enviou uma chuva de pó de prata caindo sobre meus braços expostos.
"Não!" gritei enquanto o pó queimava buracos na minha pele.
"Damien diz que você está fingindo", disse Sofia, batendo na têmpora. "Deixe-me perguntar a ele o que fazer com você."
Vi os olhos dela ficarem vidrados. Ela estava usando o Elo Mental.
Vi minha chance. O elo estava aberto.
Reuni cada grama de força que me restava. Não mirei em Sofia. Usei a conexão aberta dela como uma ponte para explodir minha voz diretamente na mente coletiva da alcateia.
*DAMIEN! SALVE NOSSO FILHO! ELE ESTÁ MORRENDO!*
Foi um rugido da alma. Senti o dreno imediatamente, minha visão embaçando.
Lá em cima, na suíte de luxo, Damien deve ter estremecido. O Laço de Companheiro, mesmo que ele negasse, significava que ele sentiria uma dor fantasma no peito quando eu estivesse em tamanha aflição.
Por um segundo, o silêncio reinou.
Então, uma voz doce e enjoativa ecoou na cabeça de todos. Era Vitória.
*Oh, Damien... meu estômago... aquela bruxa está usando magia negra em mim! Ela está amaldiçoando nosso bebê lá do porão! Dói!*
A mudança na energia de Damien foi instantânea. Eu podia sentir sua raiva vibrando através do assoalho.
Sua voz trovejou pelo Elo Mental, fria e mortal.
*Faça ela calar a boca, Sofia. Se ela falar de novo, corte a língua dela. Não a deixe sair até que Vitória termine.*
Sofia olhou para mim, seus olhos voltando ao foco. Ela enfiou a mão no bolso e tirou uma adaga.
A lâmina não era de aço. Era prata pura e fosca.
"Você ouviu o Alfa", sussurrou Sofia. "Hora de ficar quieta, pequena Renegada."