A festa de noivado zumbia ao meu redor, mas dentro de mim, só havia o eco distante de uma tragédia que ainda não havia acontecido.
O gosto amargo do champanhe na minha boca era uma premonição: a dor física e o som de metal retorcido do acidente de carro na pista molhada me assombravam.
Eu me lembrava claramente: Pedro, meu noivo, e Camila, minha prima, roubando meu projeto de vida e rindo da minha ingenuidade.
A demissão fria, a perda do noivo, da melhor amiga, do emprego e do futuro – tudo em menos de 24 horas – ainda era uma ferida fantasma na minha alma.
Como era possível que tudo isso tivesse acontecido, e agora... eu estava de volta, no mesmo dia da festa de noivado, com a mesma taça na mão?
A data no meu celular confirmava: o passado trágico ainda era o futuro, ou uma vida alternativa que eu tinha a chance de reescrever.
A raiva me subiu à garganta ao vê-los, Pedro com seu sorriso falso e Camila com o colar que copiava descaradamente o meu design confidencial, um troféu da minha humilhação.
Mas desta vez, não haveria dor, nem desespero.
A calma fria da determinação me invadiu.
Não serei a vítima novamente.
Com passos firmes, atraindo todos os olhares, parei diante de Camila e do meu noivo.
"Que colar bonito, prima", minha voz ressoou, cortando o silêncio.
"Tire o colar", ordenei, sem hesitação.
A humilhação que eles planejaram seria deles.
A primeira jogada da minha vingança havia começado.