O meu casamento terminou no dia em que recebi a notificação de despejo.
Um frio papel branco na porta do nosso apartamento, com letras pesadas a anunciar o fim: não pagávamos o aluguer há três meses.
Liguei ao Leo, o meu marido. Uma, duas, três vezes. Nada. Depois, ele bloqueou-me.
Sentei-me nos degraus frios, a cabeça entre as mãos. Onde estava o dinheiro? Eu enviava a minha parte do aluguer todos os meses, sem falhas.
Então, uma mensagem de Sofia, a ex-namorada do Leo. Ela queria "conversar".
No café, ela não sorria amigavelmente. "O Leo não te contou? Ele está comigo agora. Há meses."
E o dinheiro do aluguer? "Oh, isso. O Leo precisava dele. Eu ajudei-o, com a condição de ele te deixar."
"Ele nunca te amou de verdade. Tu eras apenas conveniente."
Eu mal processei as palavras quando o telemóvel tocou. Era a Dona Isabel, a minha sogra.
"Clara! Onde está o Leo? Não me atende!"
Eu disse a verdade. "Acho que ele está com a Sofia."
O silêncio do outro lado foi cortado por um grito furioso: "Tu és uma esposa inútil! Não consegues sequer manter o teu homem longe de outra! Ele gastou o vosso dinheiro? Deves ter provocado! És tu a culpada!"
Desliguei, com o coração partido, mas a raiva a ferver. A minha casa, o meu casamento, tudo destruído, e a família dele culpava-me.
Nesse momento, eu soube: o divórcio não era uma opção. Era uma necessidade. E o meu dinheiro, o que era meu por direito, eu iria recuperá-lo. Não importava o custo.