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img img Romance img Dois amores ,um destino.
Dois amores ,um destino.

Dois amores ,um destino.

img Romance
img 5 Capítulo
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img Dannyelle Queiroz
5.0
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Sinopse

Eu sempre acreditei no amor perfeito, aquele tão doce e arrebatador quanto as páginas dos romances que adoro. Enquanto meus dias se dividiam entre os corredores da escola, os risos dos meus inseparáveis amigos Tay e Gael e pilhas e pilhas intermináveis de livros, eu aguardava... Aguardava pacientemente o momento em que o destino traria o meu tão sonhado "felizes para sempre". Mas o destino... ah, ele tem um jeito cruel de nos surpreender. A volta de Dimitri, o irmão problemático da Tay, e de Luke, seu melhor amigo, após três anos estudando fora, virou o meu mundo de cabeça para baixo. Foi como se tudo o que eu acreditava sobre o amor fosse posto à prova em um jogo perigoso, do qual eu nunca pedi para participar. Dimitri é a tempestade. Intenso, misterioso, carregando segredos que eu sabia que não deveria tentar desvendar, mas que me atraíam como um imã. Seu charme sombrio me desafiava a ver o amor como algo visceral, proibido e capaz de me consumir por inteiro. Luke é o oposto. Ele é o sol que desponta depois da tempestade, o sorriso que ilumina até os dias mais escuros. Com aquele olhar sedutor, palavras que desarmam qualquer barreira e a sinceridade que o mundo parece ter esquecido, ele se tornou o porto seguro em meio ao caos dos meus sentimentos. E agora, aqui estou eu: dividida entre o desejo incontrolável que Dimitri desperta e a paixão avassaladora e reconfortante que Luke oferece. Como pode um coração bater por dois amores ao mesmo tempo? Entre descobertas dolorosas, desilusões que marcam a alma e escolhas que parecem impossíveis, vou aprender da forma mais dura que o amor é tão complexo quanto a vida. Ele está longe de ser um conto de fadas, mas ainda assim pode ser mágico - e capaz de nos arrebatar por completo. Será que existe mesmo um "felizes para sempre" quando dois amores disputam o mesmo coração? Neste triângulo onde o meu coração será colocado à prova, a amizade deles será arrastada para o centro da tempestade. E no meio disso tudo, só existe uma certeza: ninguém sairá ileso.

Capítulo 1 Era uma vez...

Era uma vez...

Eu sempre quis que minha história fosse contada assim, como nos contos de fadas. Mas a realidade é que a minha história está bem longe desses cenários perfeitos, onde tudo parece se encaixar tão bem em seus devidos lugares. Aqui não existem princesas em perigo, castelos reluzentes ou príncipes em cavalos brancos dispostos a tudo por amor. Não há finais previsíveis ou garantias de que tudo vai terminar com um "felizes para sempre".

O que você vai encontrar nessa história são segredos que pesam mais do que palavras podem explicar, amores improváveis que queimam como fogo, traições inesperadas que sangram em silêncio, mentiras que machucam mais do que a verdade e cicatrizes que nem o tempo consegue apagar. Aqui, a verdade é tão crua, tão devastadora, que, quando você a descobrir, não haverá como voltar atrás.

Muito prazer, eu sou Mayla - mas pode me chamar de May. E já que você chegou até aqui,e está prestes a entrar na minha intimidade, preciso ser honesta: você vai conhecer partes de mim que nem eu sabia que existiam. Vai sentir o peso dos momentos bonitos, dos dolorosos, e daqueles que me arrancaram pedaços inteiros, deixando buracos que jamais serão preenchidos. Talvez, em algum momento, você se veja nas minhas páginas. Talvez sinta o mesmo nó na garganta, a mesma lágrima ardendo nos olhos, o mesmo coração que,ainda despedaçado, insiste em bater. Talvez em algum momento, eu seja você.

Seja bem-vindo ao meu mundo.

Só te peço uma coisa: não espere um conto de fadas. Porque a minha história não vai te confortar. Ela vai arrancar você do lugar seguro onde as fadas existem, onde os príncipes nunca erram, e te jogar de frente com o que o amor e a vida têm de mais cruel - e, talvez, mais real.

E então, entre o inferno e o paraíso, até onde você iria por amor? – finalizei minha oratória com uma confiança que não parecia minha. Era como se eu falasse de outra pessoa, alguém que já havia amado, sofrido e, no fim, desistido. Mas essa pessoa não era eu. Eu ainda acreditava no amor, ainda o esperava, com uma convicção quase ingênua. Porque, para mim, o amor não seria apenas um sentimento passageiro ou uma promessa quebrada. Ele seria perfeito. Ele teria que ser.

- Excelente, May. - minha professora levantou, me aplaudindo, seguida pelos outros alunos, que logo começaram a acompanhar o gesto. O som dos aplausos encheu a sala, senti meu rosto arder, o calor da vergonha subindo até as orelhas com toda aquela atenção inesperada.

- Dessa vez, você expôs exatamente o que conversamos na aula passada. É essa "agressividade literária" que eu quero que vocês coloquem para fora. - ela sorriu, orgulhosa, como se estivesse enxergando em mim, uma May que eu desconhecia. - Quero que vocês comecem a desenvolver o primeiro capítulo para discutirmos. Daremos continuidade na próxima aula.

A sirene do colégio soou, marcando o fim de mais uma semana que parecia ter sugado cada gota de energia que eu tinha. Suspirei, aliviada, enquanto juntava meus materiais e tentava me misturar ao movimento dos outros alunos, como se pudesse escapar das dezenas de olhos que ainda pareciam cravados em mim. Meu corpo estava exausto, mas não era só isso. Era como se cada palavra que eu tivesse dito ali tivesse arrancado um pedaço de mim que eu desconhecia.

- Arrasou, amiga. - Tay apareceu ao meu lado, como sempre fazia, com aquele sorriso meio provocador, meio orgulhoso. - Você me assustou, na verdade, acho que assustou até a professora com sua "agressividade literária". - Ela gargalhou, passando o braço pelo meu ombro. - Mas, falando sério, aquilo foi incrível. Nunca ouvi você falar assim antes. Parecia até outra pessoa. Onde estavam os príncipes, a poesia, o amor doce?

Eu sorri, tímida, tentando espantar a vergonha que ainda fazia meu coração bater acelerado.

- Acho que exagerei. Coloquei "agressividade" demais. - falei, rindo. No fundo, eu preferia acreditar no lado bonito do amor. Aquele que me fazia suspirar nas páginas dos meus livros favoritos.

- E é exatamente isso que faz de você incrível. - ela rebateu com a certeza de quem sabia exatamente o que estava dizendo. - Você consegue expor um posicionamento perfeito, mesmo que não o defenda ou acredite nele. Isso é um dom, sabia?

Tay tinha esse jeito, de me convencer de coisas sobre mim que eu nem sempre enxergava.

Gael nos esperava no pátio, como sempre, cercado por um grupo de amigos. Ele tinha essa capacidade natural de ser o centro de qualquer lugar que estivesse, como se carregasse consigo uma luz própria que atraía todos ao redor. Gael era lindo, do tipo que parecia ter saído de um filme: seu corpo esguio, os cabelos loiros perfeitamente desalinhados e os olhos azuis que refletiam uma mistura de charme e travessura. Havia algo magnético nele, um jeito pretensioso e engraçado de ser que fazia qualquer um se sentir à vontade. Sua risada, alta e inconfundível, era carregada de uma alegria contagiante, alcançava a gente mesmo à distância. Era impossível ficar indiferente à presença dele.

- Abram espaço para minhas duas princesas passarem! - ele gritou, apontando para nós, quando nos aproximamos, enquanto os garotos ao redor se afastavam imediatamente, abrindo passagem como se fossem um exército obedecendo ordens.

- Gael, você deveria considerar se candidatar ao Grêmio. Nosso colégio precisa de representantes assim, aclamados e adorados pelo povo. - falei, tentando conter o riso enquanto ele me lançava um olhar de reprovação fingida.

- Então, minhas garotas, prontas para a noite da pizza? Hoje teremos novos participantes. Convidei o Nick e o Erick, do terceiro ano.

- Arrasou! Eu preciso me preparar , pois essa noite promete. - Tay respondeu, com os olhos brilhando de animação. Eu sabia exatamente o motivo. Ela era apaixonada por Nick desde que fazíamos o oitavo ano, e ele ainda estava no primeiro do ensino médio.

- Já escolheram o filme? Ou estão pensando em outra programação? - perguntei, tentando parecer interessada, mas a verdade era que meu coração só pedia por uma coisa: minha cama. Queria me enfiar debaixo das cobertas com uma xícara de chocolate quente e um bom livro. Essas últimas semanas de aula estavam me desgastando demais. Provas, trabalhos, seminários... eu mal conseguia respirar.

- Vou deixar o filme por sua conta, May. Mas, pelo amor de Deus, sem romances melosos. Você precisa viver, garota. - Gael falou, me sacudindo levemente, enquanto ria.

- Mas eu vivo!

- Não nesse mundo perfeito de contos de fadas que você criou na sua cabeça. - ele rebateu, com um olhar sério demais para o tom brincalhão das palavras. - Você precisa se permitir encontrar alguém que tire seu ar, faça suas pernas tremerem, seu estômago revirar. Alguém de verdade, May e o Erick me parece uma ótima opção. Não esses personagens perfeitos que você idolatra nos seus livros.

Eu abri a boca para responder, mas Tay me cortou, concordando com ele.

- É verdade, amiga. Você é linda, jovem, precisa se divertir de vez em quando. Eu já perdi as contas de quantos garotos interessantes tentaram se aproximar de você e acabaram sendo afastados. Parece que ninguém está à altura do príncipe que você espera encontrar.

- Não é isso. Eu só não quero me machucar... - minha voz saiu baixa, quase um sussurro, enquanto eu encarava os meus dedos, como se neles estivessem as respostas que eu não conseguia dar.

Gael se aproximou, abaixando um pouco a cabeça para tentar me encarar.

- Não existiria o lado bom do amor se não existisse o lado ruim, May. - ele falou, a voz mais suave do que eu esperava. - Você precisa enfrentar isso. Não pode passar a vida inteira esperando que tudo saia conforme seus planos. Os contos de fadas são lindos, mas a realidade é que eles não existem. A vida real é bem mais interessante, pode apostar.

Aquelas palavras ficaram ecoando na minha mente. Talvez eles estivessem certos. Talvez eu estivesse me escondendo atrás dos meus livros e das histórias perfeitas que eles ofereciam. Mas e se eu estivesse apenas me protegendo de uma dor que parecia inevitável? Eu nunca saberia, se não me permitisse viver.

_______________

A animação deles com a noite da pizza parecia não ter fim, e eu tentava acompanhar a conversa, mas era impossível não me perder nos meus próprios pensamentos.

- May, tá no mundo da lua? - Tay chamou minha atenção, me empurrando de leve com o ombro.

- Hã? Não, eu tô aqui. - sorri, forçando um tom mais animado do que realmente sentia.

- Tá mesmo? Porque você tá com aquela cara de "vou fugir e me esconder debaixo da cama".

- Essa cara dela é clássica. Tá pensando em como cancelar a noite da pizza sem parecer antissocial. Acertei? -Gael entrou na conversa, rindo.

Eu revirei os olhos, fulminando os dois, mas eles não estavam totalmente errados.

- Não é isso... Eu só estou cansada. Essa semana foi muito puxada.

- Ah, qual é, May! A gente tá sempre cansado. Isso é vida de estudante. - Gael respondeu, e Tay riu, concordando.

- Vocês não entendem... - murmurei, mais para mim mesma, já que nenhum dos dois parecia ouvir.

Eles nunca poderiam entender o que era o meu cansaço. Enquanto Tay e Gael só precisavam lidar com as aulas regulares do colégio, eu mal tinha tempo para respirar. Entre o clube de literatura, as aulas de desenho e as aulas de dança, meus dias eram um turbilhão de compromissos. Meu tempo não era só preenchido; ele era espremido até a última gota.

Enquanto eu tentava administrar minha agenda, eles, no entanto, estavam distraídos, debatendo animadamente os sabores de pizza e quais filmes seriam banidos da noite (com romances melosos, obviamente, liderando a lista negra de Gael). Eu apenas os segui, sem tentar me envolver na conversa. O peso do dia parecia me puxar para baixo, e encontrar uma fagulha de energia para acompanhar o ritmo deles era uma tarefa impossível. Então, eu apenas sorria, concordando com tudo , mesmo sem prestar a atenção com o que eu concordava.

Enquanto caminhávamos pelo pátio, o carro do pai da Tay estacionou em frente ao portão do colégio. O brilho do sol refletia no capô preto reluzente da sua Range Rover, e a presença dele parecia uma bênção silenciosa para mim, já que não precisaríamos ir embora de uber. Ele acenou com um sorriso discreto enquanto Tay corria até o carro, Gael logo atrás, animado como sempre. Eu os segui em um passo mais lento, tentando preservar as poucas energias que ainda me restavam.

Entramos no carro, e a primeira coisa que notei foi a música suave que tocava no rádio. Era um jazz instrumental, reconfortante e quase hipnótico, o tipo de som que fazia o mundo lá fora parecer mais distante. Me acomodei no banco de trás, fechando os olhos por um momento, deixando o cansaço se espalhar enquanto a melodia preenchia o silêncio entre nós.

Ninguém disse nada durante o caminho. Tay e Gael, talvez por respeito à música, ou talvez porque até eles haviam sido dominados por aquele breve momento de paz, ficaram em silêncio. E eu agradeci mentalmente por isso. Pela primeira vez naquele dia, minha mente parecia descansar.

Quando o carro estacionou em frente ao prédio onde Tay e eu morávamos, Gael desceu primeiro, se espreguiçando como se estivesse se preparando para mais uma de suas apresentações cômicas. Tay puxou a mochila e se virou para mim, com seu sorriso de sempre.

- May, vamos almoçar com a gente. Judith está fazendo macarronada, especialmente porque o Gael adora, e ela já sabe que toda sexta ele aparece lá em casa para almoçar. - Tay disse, bagunçando os cabelos impecáveis de Gael, que revirou os olhos com um sorriso.

- Vai, May. Depois a gente tira um tempo pra descansar e, mais tarde, organizamos tudo pra noite da pizza. - Gael completou, enquanto passava as mãos pelos cabelos, tentando ajeitá-los novamente, sem muito sucesso.

Eu hesitei, sabendo que a ideia parecia tentadora. Tay sempre fazia tudo parecer fácil, como se um almoço entre amigos pudesse resolver qualquer cansaço ou preocupação.

- Não dá, gente - respondi, tentando soar o mais gentil possível. - Eu bem que gostaria , mas tenho aula de dança mais tarde, e preciso comer rápido pra não me atrasar. Estamos ensaiando para o recital do fim de ano.

Tay revirou os olhos, mas sorriu, entendendo.

- Você precisa aprender a dizer "não" pra essa sua rotina maluca, sabia? - provocou, mas sem insistir.

- Talvez um dia. Mas hoje, eu realmente preciso ir.

- Escolha os filmes, essa parte é sua responsabilidade . Só não esquece: sem filmes melosos, hein?

- Sem chances. - respondi, revirando os olhos, antes de seguir para o elevador.

Enquanto Tay e Gael subiam para o apartamento dela, despedi-me com um aceno discreto. Minha mente já estava voltada para a próxima etapa do dia, os passos da dança se formando em pensamento como um reflexo automático. A rotina era exaustiva, mas, de certa forma, era também onde eu me encontrava. A dança e o desenho não eram apenas hobbies; eram minha fuga, meu refúgio. Através deles, eu conseguia expressar tudo aquilo que as palavras falhavam em traduzir, transformando cansaço e emoções em algo que fazia sentido. Pelo menos , para mim.

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