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Bianca Alves uma jovem de dezessete anos, com uma estatura mediana e longos cabelos escuros, extremamente lisos caíam por seus ombros, finalizando em sua cintura, seus olhos tinham uma cor avelã, ela costumava ser uma jovem cheia de vida, até que deixou a casa dos seus pais cedo, em busca do conto de fadas que sempre sonhou, kaike Machado de vinte e dois anos era o seu provável príncipe encantado, eles tinham uma vida humilde, mas para Bianca ainda, sim, era um sonho até que... Ela acordou, sentindo fortes dores em sua barriga, Bianca observou a janela do seu quarto, escura como um lápis de cor preto, o dia ainda não havia chegado. Ela alcançou seu aparelho celular debaixo do travesseiro e confirmou o horário, ainda eram cinco da manhã. Sentindo vontade de fazer xixi, lentamente Bianca se levantou da cama, com sua barriga de gestante lhe causando pouca dificuldade, ela respirou fundo sentada sobre a cama, olhando por cima dos seus ombros, Bianca observou seu marido dormindo tranquilamente. Mais um pouco de esforço, Bianca se levantou e caminhou lentamente até o banheiro, segurando seu baixo ventre, ainda sentindo dor. Ela se sentou na privada e conseguiu fazer xixi, sentindo um pouco menos de pressão. Ela suspirou aliviada, seu filho ainda não estava na hora de chegar ao mundo. Imaginando que poderia ter a ver com a pressão da sua bexiga ela sorriu alcançando o papel higiênico para se limpar. Bianca sentiu o que todas as gestantes temem desde quando descobrem sua gravidez. Ao olhar aquele papel que deveria sair em sua cor normal, Bianca sentiu o sangue do seu rosto, descendo violentamente para baixo, quando observou uma bola gelatinosa, com algumas rajadas de sangue sobre o papel em suas mãos, o mesmo papel que ela havia acabado de se limpar. Bianca olhou para os lados em pânico, pensou em gritar, mas respirou fundo, se levantou vestindo suas roupas. Acariciou sua barriga, enquanto a dor começou a se intensificar, ela caminhou lentamente até o quarto. Na sua cabeça havia muitas perguntas: o que era aquilo? Ela ainda estava grávida de oito meses! Não teria como o seu filho nascer naquele momento. Se apoiando nas paredes, ela parou para respirar, quando sentiu que algo parecia estar partindo suas costelas ao meio, seus olhos se encheram de lágrimas, ela respirou fundo e continuou seu caminho.- Kaike!! - Bianca o chamou, assim que abriu a porta. Mas não obteve resposta. Seu marido estava dormindo profundamente.- Kaike!! - Bianca se aproximou e apoiou suas mãos sobre ele, com um breve gemido de dor. Kaike se moveu sonolento, enquanto Bianca se sentou sobre a cama ao seu lado, com outro gemido fraco de dor.- O que foi? - a voz de kaike soou áspera, quando olhou para ela ainda deitado.- Kaike estou passando mal! - Bianca respirou fundo, segurando seu baixo ventre. - Saiu sangue quando fui me limpar kaike- Muito? - Sua voz pareceu preocupado, enquanto kaike se levantou. - Não está na hora de nascer ainda! - ele a encarou.- Eu não sei se foi muito. Estou com dor kaike, saiu sangue. Estou de oito meses e saiu sangue. Sangue não é bom, né? - A voz de Bianca estava trêmula em pavor, enquanto ela tentou se manter forte pelo seu bebê. Realmente veio uma contração, Bianca se encolheu gemendo de dor. Com lágrimas silenciosas escorrendo por seus olhos, ela ouviu kaike dizer.- Tá bom, vamos ao hospital! Mas antes, ele foi fazer sua higiene pessoal, escovou seus dentes, trocou suas roupas, já Bianca ficou encolhida na cama, sentindo contrações desreguladas. Lágrimas silenciosas escorriam por suas bochechas, essa não era a primeira vês que ela estava se sentindo sozinha e desamparada naquele relacionamento. Mas ela sabia que dessa vês tinha que ser forte, pois seu pequeno anjo precisava dela. Quando estava pronto, kaike amparou sua pequena esposa até o carro e dirigiu em direção ao hospital... Bianca estava quieta segurando sua dor interna, sem expressar por fora, mas por dentro ela estava dilacerada, ela sabia que seu filho não poderia nascer naquele momento, o caminho até o hospital e a dor foi torturante para aquela jovem menina. Quando Bianca deu entrada na emergência, ela olhou para seu parceiro ficando para trás, seus olhos se arregalaram quando ela perguntou: - Você não vem comigo?- Não, vou avisar meus pais! - foi a única resposta que ele lhe deu, enquanto se virou saindo, deixando-a.Bianca não estava sozinha, ela estava rodeada por profissionais de saúde, mas quem ela mais desejava que estivesse com ela naquele momento, escolheu não estar. Diante da situação, era necessário alguém maior de idade para acompanhá-la, então Bianca recorreu a sua mãe, que na madrugada fria, saiu no meio da noite residente da cidade vizinha, para acompanhar sua filha.- Bianca deite nesta maca. - O doutor falou, enquanto se aproximava colocando suas luvas. Observando que ela estava saindo do banheiro, após trocar suas roupas, por uma cirúrgica, com a ajuda de uma enfermeira. - Vou fazer o exame de toque. É bem tranquilo. O médico disse, enquanto a enfermeira ajudava Bianca a se posicionar, colocando suas pernas em cada apoio ao lado, no final da cama. De olhos fechados, Bianca sabia que estava ainda mais vulnerável, ela havia sangrado, seu parceiro havia deixado ela sozinha e agora o médico estava introduzindo dois dedos dentro dela, para medir a sua dilatação. Aquilo a incomodou um pouco. Mas felizmente terminou. Ainda de olhos fechados e com dor, Bianca ouviu o barulho da luva sendo puxada das mãos do homem, enquanto ele dizia.- Ainda vai demorar um pouco. Você está com muita dor? Bianca abriu seus olhos e o doutor estava ao seu lado a observando, enquanto ela respondeu. Com sua voz falha e trêmula.- Não está doendo... Muito não.- Bom deveria estar! - Aquelas palavras arrepiaram Bianca, enquanto ela deixava suas pernas apenas esticadas sobre a cama, ouvindo-o continuar. - Vou passar a ocitocina sintética no soro para você. Vai estimular as contrações. - Ele sorriu - Vai ajudar a dilatar mais rápido... - ele começou a escrever no prontuário, depois que terminou, entregou para a enfermeira, e completou. - Volto para examiná-la depois. Bianca foi retirada da emergência e levada para o internamento. Ela se viu ainda mais sozinha, em uma sala cheia de camas. Mas apenas ela estava deitada ali, sentindo dor, gemendo baixo e pedindo a Deus para que seu bebê estivesse bem. Fizeram uma pulsão em sua mão direita, deixando o soro com o medicamento escorrendo para sua veia, pingo após pingo. Bianca chorou baixinho, lembrando que imaginou esse dia tão diferente, tão perfeito. Mas lá, no fundo do seu coração. Ainda era o seu bebê, mesmo sendo antes do tempo. Ela poderia vê-lo, naquele dia. As horas foram se passando e quem ela mais queria que estivesse ali segurando sua mão. Não havia dado nenhum sinal de vida. Bianca estava triste, decepcionada, ela sabia que seria ela por eles. A medida em que observava o soro lentamente pingando, sua dor ia aumentando. Ela queria gritar com todos, ela estava sofrendo, talvez seu bebê também estivesse, mas todos pareciam bem tranquilos. Porém, Bianca se manteve calada, apenas pedindo a Deus pela vida do seu bebê, ela não pensou nela, não pensou que poderia falecer. Ela pensou no seu pequeno anjo. Algumas vezes a enfermeira vinha medir sua pressão, observar o soro, ela juntava forças e perguntava se estava tudo bem, eles apenas assentiam, mesmo sabendo que seu filho estava de oito meses, não era hora dele nascer, mesmo assim eles falavam que estava tudo bem.- Bianca como está indo com as dores? - Por volta das sete horas da manhã o doutor entrou em seu quarto.- Está aumentando...- Bianca se encolheu sentindo uma contração mais forte.- Tudo bem, tudo bem. - Ele sorriu para ela. - Vai ficar tudo bem. Logo seu bebê nasce. Vou trocar de plantão agora. - Bianca suspirou com outra dor, enquanto ele falava - O próximo doutor já vem te examinar. Você levou sorte. - Ele abriu um sorriso amplo. - O dedo dele é menor. Bianca ficou chocada, seu rosto queimou de vergonha, ela não teve reação. Até mesmo a sua dor parecia ter sentido pena dela naquele momento e não voltou, até aquele médico ir embora. Ela apenas fechou seus olhos e desejou nunca mais ver aquele homem na sua vida...
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