PRÓLOGO
SOFIA
Não cobiçarás.
Eu ansiava por Danilo, mesmo quando ele ainda era noivo da minha irmã. Era uma paixão inocente de uma jovem garota. Fantasiava como as coisas seriam se ele fosse meu. Meu cavaleiro de armadura brilhante, meu príncipe da Disney.
Tinha sido o meu sonho favorito - até que uma mera fantasia se tornou real quando minha irmã não quis se casar com Danilo.
O sonho virou pesadelo. A fantasia de uma garota boba explodiu. Um homem que não me queria.
Eles dizem que não existem dois flocos de neve de forma idêntica, cada um deles único.
Magnífica perfeição gelada. Como a minha irmã.
Tentei imitá-la, mas uma imitação nunca seria a original. Eu era o eco da melodia perfeita. Uma sombra de uma imagem imaculada. Sempre menos. Nunca o bastante.
Serafina era quase perfeita aos olhos das pessoas quando ainda estava por perto, e agora que ela se foi, nada além de uma lembrança desbotada, sua ausência amplificava tudo o que ela era. Ela se tornou maior que a vida.
Permaneceu em todos os cantos da casa e, pior ainda, na mente das pessoas que ela deixou para trás.
Como você pode superar uma memória? Você não pode.
Meus dedos tremiam enquanto alisava meu vestido de noiva. Não era o meu nome que eles sussurrariam nos bancos hoje.
Porque eu era o prêmio de consolação. A noiva substituta.
E pior – não era minha irmã.
Olhei para o meu reflexo, meu rosto nublado através do fino véu diáfano. Vestida assim, eu quase parecia Serafina, menos os cabelos loiros. Ainda menos. Sempre menos. Mas talvez Danilo visse as semelhanças entre minha irmã e eu, e apenas por um segundo olharia para mim com o mesmo desejo que costumava dirigir a Serafina.
Então ele perceberia que eu não era ela e o olhar de decepção tomaria conta de seu rosto novamente.
Menos do que ele queria.
Arrancando o véu do meu cabelo, o joguei para longe, estava farta de tentar ser outra pessoa. Danilo teria que me ver como eu era, e se isso significasse que ele nunca me olharia duas vezes, que assim seja.