Acordei no hospital, depois de um terrível acidente de carro.
Havia perdido o meu filho, Leo.
O meu mundo desabou quando a médica confirmou a perda do bebé.
Agarrei-me à esperança no meu marido, Pedro, mas ele não estava lá.
Liguei-lhe, a voz embargada pela dor, a contar o inconcebível.
A sua resposta fria e impaciente ecoou: "Já me disseram. A Clara deslocou o ombro, precisa de mim. Não sejas egoísta."
Egoísta?
Ele ignorou a morte do nosso filho e a minha agonia para consolar a irmã com um ferimento superficial.
A raiva gelou o meu luto.
Quando tive alta, a família dele estava à minha espera, não para me apoiar, mas para me humilhar.
Chamaram-me louca, egoísta, e disseram que a casa em que vivíamos não era minha.
Pedro desviou o olhar, concordando com a mãe.
Eu não era esposa; era um inconveniente descartável.
Como puderam ser tão cruéis?
Como pôde o homem que eu amei permitir isto?
Será que o meu sofrimento não significava nada?
Mas a verdade é sempre mais sombria do que a imaginação.
O relatório policial do acidente e o testemunho de uma enfermeira revelaram que Pedro me abandonou a sangrar para acudir Clara.
E o mais chocante: o acidente não foi um acaso.
Foi Clara, por ciúmes, que puxou o volante propositadamente, atirando-nos para o abismo, tirando-me o meu Leo.
Não era apenas divórcio.
Era justiça.
Pelo meu filho, pelo meu futuro, por mim.
Eles iriam pagar caro por tudo o que tiraram de mim.