Meu pai ligou-me às três da manhã.
A voz dele, rouca e urgente, disse que a minha mãe havia caído.
Corri para o Hospital Central, com o coração apertado.
Mas, lá, não encontrei consolo; apenas a minha sogra Inês e o meu marido Pedro, a consolarem a Joana, irmã do Pedro.
"Irmão, a culpa é minha", a Joana soluçava.
A Inês olhou para mim, os olhos faiscantes: "A tua cunhada é que tem a culpa!"
Eles diziam que a minha mãe tinha caído por causa de uma discussão estúpida entre a Joana e ela, por causa de um gato.
Eles queriam que eu me desculpasse publicamente pela "minha" culpa.
A minha mãe estava em coma, e eles exigiam que eu humilhasse a mim mesma para que ela fosse tratada.
Era absurdo! Como podiam pedir-me para assumir a culpa por algo que juro não ter feito?
Recusei, vendi tudo para pagar o tratamento da minha mãe, mas a dúvida roía-me.
Uma noite, um diário secreto da minha mãe revelou a verdade: "A Inês empurrou-me."
Não foi um acidente. Não foi uma discussão com a Joana. Foi a minha sogra que a deixou a sangrar.
A minha família estava a desmoronar-se.
A fúria ardeu-me no peito. Eu não guardaria mais segredos.
Peguei no diário do Pedro, onde ele confessava a conspiração, e a minha promessa de silêncio morreu.
A partir daquele momento, a minha única missão era a justiça.