Casada há três anos com Hugo, meu coração ingénuo alimentava a esperança de que meu amor pudesse derreter o gelo de seu coração, apesar de ele nunca ter superado seu amor de infância, Vanessa. Era um casamento de conveniência, um contrato de três anos para ele consolidar seu império, e para mim, o fardo de ser a "Sra. Gordon". O acordo estava quase no fim.
No entanto, o fundo do poço veio na festa de 30º aniversário de Hugo. Ofereci-lhe uma guitarra portuguesa feita à mão, uma peça de arte cheia de alma, enquanto Vanessa lhe deu um cachecol mal feito. A voz dele ressoou pela sala, declarando o cachecol o único presente com "verdadeiro sentimento". E, sem hesitar, ele esmagou a guitarra no chão. Meu coração partiu-se com ela. A humilhação foi pública, brutal.
No dia seguinte, Hugo exigiu que eu entregasse o colar de esmeraldas da sua mãe a Vanessa. Mal eu o fiz, Vanessa enviou-me um vídeo, esmagando-o com um martelo, com um sorriso cruel. Fui confrontá-la, mas Hugo apareceu, atirou dinheiro aos meus pés e, pior, chantageou-me para que pedisse desculpa a Vanessa, ameaçando a licença da casa de Fados do meu pai.
"Vanessa... peço desculpa," as palavras saíram como veneno. Eu, a mulher abandonada, humilhada e traída, estava a ser forçada a rastejar. Porquê? Por que razão eu, Raegan, aceitei tanta dor?
Tudo desmoronou, mas naquele momento, algo mudou. A dor imensa abriu espaço para uma nova sensação, a das correntes a serem quebradas. Era o fim da ilusão. A partir daquele dia, eu não seria mais um escudo, uma sombra. Eu seria livre.