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O Fardo De Uma Coroa

O Fardo De Uma Coroa

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img Amy Willou
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Sinopse

O príncipe Tommaso passou a vida escondido atrás dos portões dourados do privilégio, do dever e da tradição, vivendo sob o olhar atento da coroa. Mas um desvio inesperado para os bairros mais sombrios da cidade o coloca frente a frente com Dante Romano - um tatuador de espírito indomável e língua afiada, cuja realidade é feita de rebeldia, cicatrizes e liberdade brutalmente conquistada. Dante é tudo o que Tommaso nunca ousou ser: destemido, desencantado e perigosamente livre. Ainda assim, por trás do sorriso desafiador, há uma escuridão silenciosa que Tommaso não consegue compreender - e que o atrai de maneira visceral. À medida que seus mundos tão distantes se entrelaçam, um jogo perigoso de provocação e desejo se inicia. Dante quer corromper a aparente inocência de Tommaso, testar seus limites e arrastar o príncipe para fora da bolha dourada que o sufoca. Mas o que nenhum dos dois esperava era o quão avassaladora e viciante essa ligação se tornaria.

Capítulo 1 Prólogo

O palácio sempre parecera grande demais para Tommaso, até mesmo agora, quando já deveria estar acostumado com toda aquela plenitude. Sua mãe o havia alertado ainda menino: não eram os salões de mármore nem os lustres dourados que intimidavam - e sim o que eles representavam. Voltar à Itália depois de dois anos afastado só reforçara o peso que carregava.

No instante em que desceu do avião, os flashes o cegaram. Seu sorriso ensaiado doía nas bochechas, mas as pessoas ovacionavam como se tivessem esperado a vida inteira por aquele momento. "O Príncipe de Roma Retorna", expuseram as manchetes no dia seguinte. Ele odiava tudo aquilo. Odiava como não o conheciam, pelo menos não de verdade.

Assim que retornou ao palácio, já se sentia preso. Não era de se admirar que tivesse insistido para Gabriele aparecer. Tommaso sabia que Gabriele detestava os holofotes quase tanto quanto ele, mas, sendo duque - e seu único amigo de verdade -, Gabriele sabia fingir bem.

Ele estava esparramado numa poltrona no escritório de Tommaso, com uma perna jogada sobre o braço da cadeira, observando-o enquanto Tommaso andava de um lado para o outro no cômodo.

- Você ainda vai abrir um buraco nesse tapete - comentou.

- Estou entediado - murmurou Tommaso, virando-se abruptamente, os olhos verdes arregalados de determinação. - Vamos sair.

Gabriele arqueou uma sobrancelha.

- Sair? Pra onde?

- Para onde as pessoas de verdade vivem - respondeu Tommaso, abrindo os braços como se a ideia fosse óbvia. - Não o palácio, não algum evento cheio de champanhe e sorrisos falsos. Um lugar de verdade.

- Tommaso - Gabriele se endireitou na poltrona, ficando sério -, você é literalmente o príncipe de Roma. Não pode simplesmente... passear pela cidade. E além disso, você acabou de chegar.

- Não assim! - Tommaso revirou os olhos. - A gente se disfarça. Eu tenho moletons. Jeans. A gente pode usar máscaras também, está frio, todo mundo vai achar normal.

Gabriele olhou para ele como se estivesse diante de um lunático.

- O príncipe de Roma de moletom, andando por aí como se fosse gente comum. Certo. Com certeza ninguém vai reparar na equipe inteira de seguranças que vai seguir a gente.

- Eu me viro - disse Tommaso, agora sorrindo. A excitação de fazer algo proibido já começava a tomá-lo. - Acho, na verdade, que nem vamos precisar deles. Vamos, Gabriele. Por favor. Só uma noite. Sem regras da realeza, sem gente se curvando a cada cinco segundos. Só nós dois. Eu preciso disso.

Gabriele gemeu, passando a mão pelo rosto. Ele odiava como Tommaso conseguia ser convincente quando queria alguma coisa.

- E se alguém reconhecer você?

- Não vão reconhecer.

- Vão sim.

Tommaso deu de ombros.

- Eu dou um jeito se acontecer.

Gabriele estreitou os olhos, mas a expressão de Tommaso, esperançosa, sincera, era quase impossível de ignorar.

- Tá bom. Mas quando isso der terrivelmente errado, não diga que eu não avisei.

[...]

Mais tarde naquela noite, sob o manto da escuridão, Tommaso e Gabriele saíram do palácio por uma passagem discreta, vestidos como pessoas comuns. Tommaso trocara o terno impecável por um moletom folgado e tênis surrados que não usava há anos, enquanto Gabriele resmungava baixinho sobre o quão ridículo toda aquela situação era.

- Eu pareço normal? - perguntou Tommaso, puxando o capuz sobre os fios loiros.

- Nem um pouco - respondeu Gabriele, seco. - Parece um príncipe tentando parecer normal.

Tommaso ignorou o comentário, um pequeno sorriso brincando nos lábios enquanto eles entravam em um bairro mais tranquilo. Pela primeira vez em dias, sentia algo próximo de liberdade.

Mas a liberdade, como Tommaso estava prestes a descobrir, podia ser perigosa.

As ruas se revelavam escuras e desconhecidas enquanto ele ajeitava o capuz do moletom, tentando - e falhando - não parecer deslocado. O ar ali era mais cortante, carregando o cheiro de fumaça e concreto molhado - nada parecido com a esterilidade polida dos jardins do palácio. Ele adorava aquilo.

Gabriele, no entanto, não compartilhava do mesmo entusiasmo.

- Isso é uma insanidade - murmurou pela quarta vez em dez minutos, as mãos enterradas nos bolsos do casaco cinza. Olhou para trás novamente, o rosto tenso. - Uma completa loucura.

- Você já deixou isso bem claro desde o início - respondeu Tommaso, tentando conter o tom irritado. Já começava a se arrepender de ter arrastado Gabriele para aquela aventura, mas não podia simplesmente explorar a cidade sozinho, bom, pelo menos ele achava que não podia.

- É um milagre ninguém ter nos reconhecido ainda - continuou Gabriele, a voz baixa e ríspida. - Basta alguém nos filmar ou tirar fotos com um celular decente e amanhã seremos manchete: "Príncipe é visto perambulando por Roma".

Tommaso sorriu, apesar de tudo.

- Não estamos perambulando. Estamos explorando.

- Estamos perdidos.

- Não estamos. Estamos...

Tommaso parou de falar, olhando ao redor para as fachadas de tijolos desgastados e vitrines fechadas. Os poucos postes de luz espalhavam um brilho amarelado, insuficiente para dissipar a escuridão.

- Estamos bem - disse, enfim.

- Estamos? - Gabriele parou abruptamente e apontou para a frente. - Porque se estamos, então acho que você já deve ter um plano pra isso.

Tommaso seguiu o olhar dele até um pequeno grupo de pessoas reunidas na entrada de um prédio meia quadra adiante. Três pessoas. Uma encostada na parede, capuz puxado até os olhos; as outras duas sentadas nos degraus, dividindo um cigarro. As risadas eram abafadas, mas se espalhavam no ar parado, e Tommaso conseguiu ver a tatuagem subindo pelo pulso de um deles quando o isqueiro faiscou.

Tommaso hesitou.

- E daí?

Gabriele lançou-lhe um olhar furioso.

- E daí? Eles são exatamente o tipo de gente que deveríamos evitar.

Tommaso franziu a testa.

- Isso é preconceito.

- Isso é ser realista. Estão fumando. Um deles tem uma tatuagem que parece ter sido feita na prisão.

- Você não sabe disso - rebateu Tommaso, embora sua voz traísse a falta de certeza.

- Eu sei o suficiente - retrucou o outro.

Tommaso olhou novamente para o grupo. Não pareciam particularmente ameaçadores - não à primeira vista, pelo menos. Pareciam jovens, apenas um pouco mais velhos que ele, e, embora suas roupas estivessem gastas e suas risadas tivessem um quê de aspereza, não estavam fazendo nada de suspeito.

- A gente podia pedir informações - sugeriu Tommaso.

Gabriele olhou para o loiro como se este tivesse enlouquecido.

- A gente podia o quê?

- Perguntar se eles sabem onde tem algum lugar pra comer. Ou... onde a gente tá.

- Eles também podem roubar a gente - respondeu Gabriele, sem mudar o tom.

- Eles não vão roubar a gente - disse Tommaso, com mais confiança do que realmente sentia. - Nem sabem quem somos.

- Mas vão descobrir - resmungou Gabriele.

Tommaso puxou o capuz mais para baixo, cobrindo boa parte do rosto.

- Eu vou até lá.

- Tommaso...

Tommaso se virou de frente para o amigo, um sorriso travesso surgindo nos lábios.

- Se não quiser vir, pode ficar aqui esperando.

- Nem pensar - disparou Gabriele. - Se você vai fazer uma estupidez, não vou deixar que faça sozinho.

- Então vamos - disse Tommaso, simplesmente, virando-se de volta para o grupo.

A risada cessou assim que Tommaso se aproximou. O garoto encostado na parede endireitou-se levemente, os olhos azuis e afiados passando rapidamente por Tommaso e depois por Gabriele, que vinha atrás, visivelmente contrariado. Ele tragou o cigarro longamente antes de soltar a fumaça devagar, enquanto seus amigos trocavam olhares.

O olhar dele voltou a se fixar em Tommaso, a cabeça inclinada de leve.

- Perdido?

Tommaso hesitou, sua confiança falhando miseravelmente. De perto, o garoto era ainda mais impressionante - mandíbula marcada, existia a sombra de uma barba no rosto assimétrico e ele exibia um sorriso enviesado que parecia capaz de causar estragos. A maneira como se portava, com uma autoridade casual, fez a garganta de Tommaso secar desconfortavelmente.

- Não - disse Tommaso por fim, rápido demais. - Não estamos perdidos. Só... procurando um lugar para comer.

O garoto arqueou uma sobrancelha, o sorriso se alargando, perigoso.

- Claro. Porque é aqui que a gente vem quando quer apreciar a alta gastronomia da cidade.

Um dos amigos riu baixinho, murmurando algo que Tommaso não entendeu, mas o garoto não desviou os olhos dele.

Gabriel e deu um passo à frente, o maxilar tenso.

- Estamos só de passagem - afirmou, a voz firme. - Não queremos incomodar.

- Não incomodaram - respondeu o garoto, embora o tom sugerisse o contrário. Ele jogou o cigarro no chão e o esmagou com a bota, sem desviar o olhar. - Melhor voltarem pelo caminho que vieram. A menos que queiram um kebab. Mas duvido que seja o estilo de vocês.

Tommaso assentiu rapidamente, murmurando um "Obrigado" quase inaudível antes de se virar para ir embora.

Tinham dado apenas alguns passos quando ouviram:

- Ah, tô morrendo de fome - disse um rapaz loiro, levantando-se de repente e esfregando as mãos nos jeans surrados. - Vamos logo.

O rosto de Tommaso se iluminou.

- A gente pode ir com vocês!

As palavras escaparam antes que ele pudesse pensar melhor no assunto. O grupo congelou, virando a cabeça em sua direção como se o estivessem vendo pela primeira vez.

- O quê? - perguntou o loiro, piscando para ele.

- Tommaso - sibilou Gabriele, num tom baixo e urgente -, ele 'tá brincando. Claro que tá brincando.

Tommaso o ignorou, dando um passo à frente com um sorriso esperançoso.

- Se vocês vão comer, a gente podia ir junto.

O garoto encostado na parede se endireitou um pouco mais, os olhos azuis se estreitando.

- E por que fariam isso?

- Porque a gente não conhece a área - admitiu Tommaso, envergonhado -, e não sabe onde fica esse lugar.

Gabriele soltou um gemido abafado, resmungando algo sobre más decisões e capas de tabloide.

O garoto do cigarro bufou, jogando as cinzas do cigarro no chão.

- Melhor voltarem por onde vieram, parceiro.

O loiro - que Tommaso mais tarde descobriria se chamar Andrea - olhou para eles, pensativo.

- Por mim, tudo bem eles irem com a gente - disse, dando de ombros enquanto enfiava as mãos nos bolsos da calça.

O outro garoto, de capuz, já ia se afastando.

- Ô! - chamou Andrea, correndo atrás dele. - Tá de boa, Dante?

Sem olhar para trás, ele respondeu:

- Foda-se. Anda logo. Tenho que trabalhar em meia hora.

- Pronto, aí está - disse Andrea animadamente, voltando-se para Tommaso e Gabriele. - É por aqui.

A expressão de Gabriele era de puro desespero.

- Isso é uma péssima ideia.

- Pode ficar aí, se quiser - respondeu Tommaso, alegremente, já seguindo atrás do grupo.

Com um suspiro exasperado, Gabriele acabou indo junto.

°°°

Olá, tudo bem?

Bom, quero explicar que a história se passa na Itália, mas especificamente em Roma.

Eu espero que vocês gostem desse romance e que me ajudem a crescer na plataforma 🫶🏽✨

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