Tenho muitas mulheres a minha volta, em maioria por dinheiro e não seria saudável pra uma criança crescer num ambiente assim.
Sim, eu sonho muito em ter um filho.
Nossa, eu viajo quando vejo algum pai ou mãe levando o filho (os/s) para fazer alguma atividade de lazer, fico imaginando quando for o meu.
Mas, esse "meu" tá difícil...
Sou tirado de meus pensamentos com batidas na porta. Levanto pra ver quem é.
- Vai passar mesmo o dia todo ai dentro? - Melinda fala quando abro a porta.
- Não, já vou descer! - Digo ríspido, dando lhe as costas e caminhando em direção ao banheiro.
Ela é minha irmã mais nova. Loira, de estatura média e olhos castanho escuro, é minha bonequinha. Bem como da família toda.
Somos só nós dois, então já da pra imaginar o tamanho do meu ciúme.
Ela namora Steven Mumford, meu melhor amigo e advogado.
Apesar de apoiar esse namoro, vez ou outra eu me arrependo disso amargamente.
- Ah! - exclama, então suponho que tenha se sentado na cama adentrando após a porta estar aberta. - Vou sair com Steven hoje a noite, não precisa me esperar acordado. - diz rapidamente me fazendo estacionar no lugar. Dito e feito, já vão testar minha paciência.
- Como assim: Não vou dormir em casa? Pensa que isso aqui é o que, festa? Ou talvez a casa da mãe joana... - rosnei antes de continuar a caminhar em direção a pia, lavando meu rosto rapidamente. Saio indignado com o rosto pingando, voltando em seguida pra pegar a toalha.
Ela está sentada na minha cama, olhando fixo pra onde estou: Na porta do banheiro, enxugando o rosto com brutalidade.
- Você não é meu pai Lucas, sou maior de idade e vacinada tá!? -replicou apelando. Pois muito bem, já que vai ser assim.
Vou caminhando em sua direção, mas ela me conhece tão bem, que não recua.
Sento do seu lado;
- Você mora nessa casa que eu sustento, consequentemente vive com o meu dinheiro. E isso me concede o direito de opinar sim na sua vida. Está bom assim pra você? - ela semicerrou os olhos como se quisesse dizer: era só o que me faltava. Com isso, me subiu uma vontade absurda de rir por mais uma vez não me deixar ser contrariado. Mantive a cara seria para não perder a pose. Continuei;
- Dito isso, não vai passar a noite por ai com seu ninguém e pronto. - Pontuei ainda diante de seu olhar de reprovação. No fundo, eu sei que ela não vai me ouvir, mas eu gosto de cutucar literalmente a onça com a vara curtíssima. Pensei em levantar, mas a chave final me veio na ponta da língua:
- E, eu nunca esperei você acordado, essa não será a primeira vez. - lhe ofereci uma piscadela, que ela retribuiu em forma de um tapa forte em meu braço.
Exclamei uma falsa dor e alisei o lugar em que ela havia batido.
- Eu te odeio. - Ela ri e me abraça.
- Eu também te amo! - Rio junto e a aperto no abraço.
Me levanto mais uma vez, retornando para o banheiro afim de uma ducha rápida.
- Me fala, e a bruaca maninho, que fim deu? -Disse Melinda um pouco mais alto para que eu pudesse ouvir de onde estava.
Ela estava se referindo a minha última namorada, Katherine. Minha maninha simplesmente a odiava, e fazia de um tudo pra que eu descobrisse seus podres, que eu cego não percebia. E um belo dia não deu outra, a peguei na cama com meu motorista na maior cara de pau. Botei os dois pra correr no mesmo instante e desde então não ouvi mais nem falar em ambos.
- Não sei dela mana, desde aquele dia. Acho que no inferno deve ter muito o que fazer e nenhum sinal de internet. - disse em resposta, enquanto recolhia a toalha no gancho para me enxugar. - E também, não faço questão de saber. Pouco me importa o que ela faz desde então. - disse já saindo do banheiro em direção ao closet. Pego meu habitual terno preto e camisa branca, o vestindo rapidamente após a box. Acabo de me vestir e vou ao seu encontro de novo para que faça o bendito nó da gravata.
Recebo palmas pela roupa e ela se levanta. Põe as mãos sobre meus ombros após me ajudar com a gravata.
- E faz bem. Tenho certeza que tem alguém muito melhor a sua espera. Em algum lugar - Reviro os olhos em resposta.
Eu já não acredito tanto nisso.
Descemos juntos para tomar café, já que antes de passar em meu quarto, ela havia se arrumado..
A casa está tomada de um cheiro muito bom, e vamos nos aproximando da cozinha conversando coisas aleatórias.
- Bom dia meus amores. - Carla, nossa governanta diz já nos puxamos pra um abraço e beijo.
A arrastei junto comigo, quando Melinda decidiu vir pra cá após sairmos da casa de nossos pais. Ela não é tão velha, deve está na casa dos 40 e poucos. É ruiva e tem a pele branca como a neve. Nossa segunda mãe;
- Bom dia linha, que gostosuras preparou para esta manhã? - Pergunto, enquanto Melinda se serve de um copo de suco de laranja.
- Algo pra nos engordar, certeza. Afinal, ela vive dizendo que estamos desnutridos. - Todos rimos e puxo uma cadeira ao lado de minha irmã.
Carla se aproxima logo em seguida com várias panquecas banhadas no mel.
- Isso deve estar uma delícia. Engordei várias quilos só em olhar. - disse minha irmã. Ela adora uma gracinha pela manhã.
Mas é entre risos e conversas, que começam a maioria dos dias por aqui.
❄❄❄
Depois de deixar Melinda na faculdade, estou indo para a empresa. Tenho bastante coisa pra resolver por lá e um assunto no qual resolvi investir como medida desesperada. Poucos minutos depois, estaciono no subterrâneo da empresa. Após acionar o alarme do veículo, caminho em direção ao elevador. Seleciono o último andar, sendo este o vigésimo segundo, e puxo o celular do bolso para me entreter com e-mails aleatórios até lá. Passa um pouco nas 8h e ninguém me acompanhou no cubículo de metal até aqui.
Já em minha sala, sento em minha cadeira de couro marrom, e começo a pegar um a um os papeis da pilha que descansa em minha mesa, Me ponho a analisar e assinar cada um, quando sou interrompido por minha secretária Leila.
- Bom dia senhor, com sua licença, gostaria de avisar de o senhor Munford acaba de chegar. - disse com um largo sorriso.
Ótimo!
- Peça para que entre, por favor. - ela assente. Quando já estava me virando as costas, chamo sua atenção. - E Leila, enquanto ele estiver aqui, não quero ser incomodado. Nem que o mundo esteja acabando lá fora.
- Como quiser.
Ela sai, poucos segundos se passam e Steven entra, fechando a porta de madeira atrás de si a trancando.
Nos conhecemos desde a faculdade, de lá pra cá a amizade só se fortificou. E mesmo ele fincando as unhas de gavião em cima da minha irmã, nada abalou nosso companheirismo.
Ele tem lá os seus 20 e poucos anos, e arrasta suspiros de muitas mulheres por onde passa. Dono de cabelos negros e alguns fios grisalhos, tem os olhos verdes claros e marcantes pelas olheiras de muitas noites em claro. Barba rala e poucos músculos que evidenciam suas escapadas da academia.
- O que manda pra hoje, Lucas. - disse sorridente antes de se jogar no sofá a poucos metros da porta. Tão formal o rapaz, nem parece que presta serviços pra mim.
- Fala, Munford. - levanto e me aproximo dele. Trocamos um aperto de mãos rápido. - Cara, primeiro: minha vontade é de te matar, por querer raptar minha irmã bem debaixo dos meus olhos. - fecho o semblante antes alegre e ele, por sua vez, diminui o sorriso gradativamente.
- Você sabe que amo sua irmã cara, e... - Fica tentando se explicar mas eu o corto.
- Relaxa, confio em você. Meu assunto aqui mesmo é outro. - Seu semblante forma quase um ponto de interrogação gigante. - Eu resolvi que vou optar por uma barriga de aluguel.
Steven fica um tempo me olhando, parece que processando o que eu falei até que, quando a ficha cai levanta de uma vez do sofá.
- Como é? Você tá louco?