O cheiro a desinfetante e uma dor lancinante no abdómen. Acabara de perder o nosso filho.
O Miguel, o meu marido bombeiro, não atendeu as minhas dezassete chamadas enquanto o nosso prédio ardia.
Em vez disso, ele estava a salvar a sua ex-namorada, Sofia, e o cão dela, tornando-se o "herói de Portugal".
Quando liguei de novo, ele atendeu, mas a voz de Sofia soava ao fundo, chamando-o de "anjo da guarda".
Nesse momento, o meu mundo ruiu. Propus o divórcio.
A sua resposta? Acusações de "drama" e "egoísmo", e a ameaça de que eu ia deixar o nosso filho sem pai.
Um filho que já não existia.