Aos 23 anos, eu herdei a fortuna da minha família e me tornei o CEO do Grupo Caccini Jackson após a morte dos meus pais num acidente suspeito em Miami. Em um ano no comando dos negócios na Itália, tripliquei essa fortuna e me casei com uma bela ítalo-brasileira que me arrebatou por completo. Antes que Verônica pudesse retornar ao Brasil, fiz o pedido de casamento.
Tudo aconteceu rápido demais! Alguns amigos dizem que fui enfeitiçado pela beleza dela e que, por isso, fazia tudo o que Verônica Bailey pedia. Contudo, nós estávamos casados há quase um ano e Verônica já estava dando sinais de que tinha um amante.
No aniversário dela, dei um celular novo. Mas antes de entregar o presente, instalei um spyware no iPhone. Na manhã seguinte, passei a monitorar todos os seus passos. Eu sabia que Verônica havia ido a uma clínica médica e depois à joalheria Tiffany, na Via della Spiga. Em seguida, ela ficou cerca de meia hora em uma cafeteria no centro de Milão. Depois disso, o celular dela permanceu desligado por mais de uma hora.
"Onde ela foi?", murmurei para mim mesmo, enquanto meus dedos tocavam as veias saltadas no meu pescoço. Com a raiva crescendo dentro de mim, levantei-me de trás da mesa e comecei a andar pelo escritório como um animal enjaulado. Passei a mão pela testa enquanto revivia os últimos acontecimentos.
Na noite anterior, comemorei o aniversário de Verônica no restaurante mais luxuoso de Milão. Além do celular, dei a ela um belo colar e brincos de diamantes que comprei na Tiffany. Ao voltarmos para a mansão, levei Verônica até a garagem para ver o Audi A1 Diamond Edition com um enorme laço vermelho.
Mesmo com as dúvidas na cabeça, sentei-me na cadeira e meus olhos se fixaram na foto do porta-retratos. Seus longos cabelos loiro-escuros emolduravam o rosto com os olhos dourados penetrantes, o nariz arrebitado e o sorriso encantador.
Minha mente voltou à noite anterior, quando a carreguei nos meus braços pelo corredor do segundo andar da mansão até a suíte principal.
- Io ti amo, amore mio! - Minha voz estava mais voz rouca quando declarei.
Ela não respondeu, apenas sorriu maliciosamente, passando os braços pelo meu pescoço enquanto eu a beijava e a despia sem pudor. A nossa noite findou com a dança intensa de corpos entrelaçados, buscando satisfação até o clímax.
Pela madrugada, Verônica saiu da cama silenciosamente e foi ao toalete, onde atendeu uma ligação. Fingi estar dormindo quando ela voltou e deitou-se de costas para mim. Quando eu me aproximei, distribuí beijos em seu pescoço, mas ela se afastou.
- Estou com enxaqueca, querido - inventou uma desculpa, apagando a luz do abajur. - Preciso acordar cedo para ir ao ateliê amanhã.
Perdido em pensamentos no meu escritório, eu ainda fitava a foto dela, quando o som do telefone me trouxe de volta à realidade. Apertei o botão, aceitando a chamada do chefe da equipe de seguranças.
- O que foi, Leonardo? - perguntei.
- Chefe, eu encontrei a sua esposa.
- Diga logo onde ela está, estúpido - retruquei, elevando o tom.
- Ela está na mansão do senhor Santoro.
Meu punho se chocou contra a mesa. Mark Santoro é o meu maior rival e tentou destruir as empresas do grupo Caccini Jackson após a morte do meu pai. Se eu não tivesse tino para os negócios, o império teria caído.
"O que Verônica está fazendo com aquele idiota?", perguntei a mim mesmo.
- Chefe, o que faço agora?
- Fique onde está, estúpido - ordenei, cheio de ódio. - Avise-me quando ela sair da mansão do Santoro.
Sentei-me na cadeira, ajustando-me ao encosto.
"Talvez Verônica esteja levando informações confidenciais para o amante." Meus dedos tamborilavam na mesa, enquanto eu lutava contra as especulações que me perturbavam.
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POV Verônica
Na noite anterior, mal consegui pregar os olhos depois de satisfazer o meu marido vigoroso. As coisas estavam tomando um rumo inesperado e eu não podia continuar naquela situação. Quando o celular vibrou na cabeceira ao lado da cama, peguei meu iPhone e fui direto ao banheiro para falar com Mark e acabar com o acordo.
Ao voltar para a cama, senti o toque de David, mas minha cabeça latejava. Mal sabia eu como conseguiria sair daquela situação. Apenas dei uma desculpa e então, desliguei a luz do abajur antes de fechar os olhos e fingir que estava dormindo.
Na manhã seguinte, acordei cedo, mas como sempre, David já tinha saído mais cedo para alguma reunião. Durante o dia, cumpri meu expediente no ateliê de Designer de Moda e, mais tarde, fui até a clínica médica, onde confirmei a gravidez. Voltei ao carro e segui para a joalheria, onde devolvi o colar de diamantes e os brincos que meu marido me deu na noite anterior.
Na cafeteria, encontrei a minha amiga Bianca que me apresentou a um joalheiro. Na primeira oferta pelo restante das joias, aceitei. Antes de chegar entrar no escritório na mansão de Mark, desliguei o celular, temendo que David ligasse enquanto eu estivesse na mansão de Mark Santoro.
- Convença o David a assinar o acordo de cisão ou eu mesmo vou contar tudo para o seu marido - Mark insistiu que eu concluísse o plano.
Olhei para minha mãe, mas Eleonora não me ajudou. O rosto com uma beleza realçada por procedimentos cirúrgicos permaneceu impassível.
- O acordo acabou, não te devo mais nada, - eu rebati. - Aqui está o restante do dinheiro que eu te devo. - Deixei o pacote com o dinheiro sobre a mesa. - Não se preocupe com David, eu mesma vou contar tudo ao meu marido.
Mark bateu com a mão aberta na mesa. Seus olhos apertados se voltaram para mim enquanto minha mãe bebia uma taça de vinho tinto.
- Converse com sua filha ou pode procurar outro lugar para morar, Eleonora - ele esbravejou antes de sair do escritório com móveis rústicos.
Minha mãe deixou a taça sobre a mesa e então, seu olhar sombrio pairou sobre meu ventre.
- Vai mesmo fazer isso? - ela perguntou.
- Vou, mãe!
- De qualquer maneira, o David não vai te perdoar quando souber que Mark é seu padrasto e que você passava informações para ele.
- O meu marido me ama, mãe.
- Nenhum amor resiste a uma traição, querida.
- Se o David me ama de verdade, então ele vai me perdoar.
- Pense bem, querida, nós dependemos desse acordo de cisão para termos um teto sobre as nossas cabeças.
- Não preciso mais da ajuda do Mark. - Após redarguir, segurei a alça da bolsa e saí.
- Lembre-se que o seu padrasto foi o único que te deu apoio quando você precisou de dinheiro para cuidar daquele velho.
- Não fale assim do meu avô! - Exasperada, repliquei,
- Ainda bem que aquele velho já morreu, - disse Eleonora com desdém.
- Já chega, mãe! - Ajeitei a alça da bolsa em meu ombro direito e fui para a porta.
Ela nunca gostou do meu avô paterno, mas foi ele quem cuidou de mim no Brasil quando a minha mãe veio para Itália.
- Avise ao Mark que eu não farei mais parte disso, - ressaltei antes de cruzar a porta.