O dia que deveria ser de celebração transformou-se no meu pior pesadelo.
Era o terceiro aniversário do meu pequeno Leo.
Mas ele morreu, ali mesmo, nos meus braços, de uma reação alérgica devastadora a amendoins.
O bolo, o bolo de amendoim, foi-lhe dado pelo seu próprio pai, o meu marido, Tiago.
No chão frio do hospital, enquanto o médico pronunciava as palavras finais, senti o sangue gelar nas minhas veias.
O mundo ficou mudo, exceto pelo zumbido nos meus ouvidos.
Então, veio a acusação.
«A culpa é toda tua, Sofia!», gritou a minha sogra, Helena, os seus olhos cheios de ódio.
«Eras a mãe! Tivesses vigiado melhor!», ecoou a cunhada, Inês.
Até elas, que eu tinha avisado um milhão de vezes sobre a alergia fatal do Leo.
«Ele pensava que estavas a exagerar, Sofia. Que eras demasiado nervosa», lembrei-me das palavras do Tiago.
E ele ali, em silêncio, a evitar o meu olhar, a trair-me com a sua passividade.
Como podiam culpar-me?
Como podiam ignorar todos os meus avisos sobre algo tão sério?
Afinal, não fui eu quem deu o bolo envenenado ao meu filho.
Não fui eu quem se recusou a acreditar na gravidade da alergia.
Naquele instante, o amor que eu sentia por Tiago morreu.
Deixei claro: «Vamo-nos divorciar, Tiago».
O choque nos seus olhos não importava.
Eu não podia mais ficar com aquelas pessoas, com o homem que matou o nosso filho e se recusava a assumir a culpa.
Eu só queria fugir, escapar, e eles iriam pagar por isso.