No terceiro aniversário do meu filho Lucas, ele morreu.
No meu colo, o seu corpo ficou gradualmente frio.
Eu pedia ajuda ao meu marido, Pedro, mas ele não atendeu.
Ele estava numa festa, celebrando a filha do chefe, a rir e cantar.
Quando finalmente o contactei, a sua voz foi de irritação e desdém.
"Não me incomodes com coisas sem importância," disse ele, enquanto Lucas vomitava e tremia.
"Dá-lhe um remédio para a febre. Crianças ficam doentes o tempo todo."
Ele escolheu a sua carreira, a festa, a filha do chefe em vez do filho que morria.
Ninguém quis vir. Ninguém se importou. Apenas eu e o Lucas.
No hospital, disseram-nos que se tivéssemos chegado uma hora mais cedo, ele podia ter sobrevivido.
Uma hora. O tempo que Pedro dedicou à sua irresponsabilidade, não ao nosso filho.
Quando ele finalmente apareceu, cheirava a champanhe, mais preocupado com a minha presença no chão do que com o nosso tragédia.
A dor dele era uma farsa. A minha decisão foi imediata: "Vamos divorciar-nos."
Ele e a sua mãe, a minha sogra, tentaram esmagar-me com acusações e mentiras, pintando-me como a mãe fria e culpada.
Pedro ofereceu dinheiro, silêncio, tentou esconder a sua monstruosidade.
Mas eu não tinha mais nada a perder.
Eu não iria mais calar-me.
A sua colega de trabalho, Ana, sabia a verdade. E essa verdade estava prestes a destruir tudo o que ele prezava.
Porque, desta vez, eu não me curvaria.