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O guia através do espelho - A maldição que durou um século

O guia através do espelho - A maldição que durou um século

img Aventura
img 5 Capítulo
img 16 Leituras
img Thais Nascimento
5.0
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Sinopse

No dia aniversário de 17 anos de Hazel Sinclair uma sequência bizarra de acontecimentos põe em dúvida todas as suas convicções e escolhas... - Você é um espírito? – Hazel se aproxima e dá um tapa no espelho. - Não! – O rapaz respondeu com um leve sorriso. - Um monstro! – Questiona. - Não... - Uma alucinação? – Hazel coça os olhos mais uma vez. – Eu sou maluca? - Oliver... - O que? – A garota tomba a cabeça, confusa. - Oliver Martin... Meu nome! – Sorriu gentilmente. Uma aventura através de diferentes dimensões, enfrentar a si mesma pra alcançar o outro lado do espelho, Sinclair consegue fazer isso? Como derrotar a maldição, se não pode vencer o próprio coração?

Capítulo 1 Um ( Parte um)

15 de março, 1985:

O dia estava a amanhecer. Era um dia especial, o aniversário de 17 anos de Hazel Sinclair. A garota já estava acordada antes mesmo do Sol nascer. Era possível escutar o som dos animais que estavam na fazenda, e foi justamente o primeiro canto do galo que a despertou. Sinclair havia planejado em uma lista tudo que ela faria neste dia tão especial. Pela manhã, ela iria tomar café com sua família, seu namorado Jasper Jones, e seus amigos inseparáveis Adam e Megan. Jasper tinha 19 anos e já estava na Faculdade, o que fez com que a garota planejasse que a noite os amigos fossem para a festa do ensino médio, na casa de um dos "populares" da escola, o amigo de Jasper, Edward Penywooth. Em geral, o trio odiava os que se destacavam na escola, sempre eram cruéis. Porém haviam combinado que ao menos uma vez, deveriam tentar se divertirem.

Jasper e Hazel estão juntos desde que a garota tinha 15 anos. A princípio, Jones era um rapaz atencioso, sempre fazia a garota sorrir, mas com o passar do tempo, o amor do jovem diminuía a cada dia que se passava. Hazel sentia que ele já não era o mesmo, entretanto, acreditava que era esse o único amor que ela poderia ter. Então simplesmente aceitou as migalhas que Jones estava a lhe oferecer. Ou as migalhas que Hazel estava à implorar.

Sinclair olhando através da janela viu o primeiro raio de Sol aparecer e foi exatamente esse raio de Sol que a motivou a levantar-se da cama. A garota pegou uma calça jeans, uma camisa listrada em vários tons de laranja e amarelo, colocou seu All Star vermelho, se olhou no espelho e penteou seu longo cabelo ruivo, seguindo até o banheiro para escovar seus dentes, e olhando através do espelho no fundo dos seus próprios olhos deu um sorriso e disse:

- Esse dia precisa ser incrível!

Hazel saiu do quarto após abrir a porta. sua famíla, Jasper e seus amigos já estavam a sua espera, e na mesa da sala, havia um bolo de chocolate, com uma vela que marcava sua idade.

- Parabéns para você! – O seu pai Oswald e sua mãe Victória cantavam e sorriam.

- Nessa data querida! – Adam e Megan completam ao bater palmas.

- Muitas felicidades! – Jasper aproxima-se segurando as mãos de Hazel, fazendo-a dar um sorriso.

- Muitos anos de vida! – Todos completam em uníssono!

- Eu amo vocês! – A ruiva deu um sorriso e se aproximou de todos, puxando cada um para perto para um abraço coletivo.

- Feliz aniversário, minha filinha! – Oswald sorriu para a garota, dando um beijo em sua testa em seguida.

- Momento para a foto! – Megan puxa a câmera que estava pendurada em seu pescoço, fazendo com que automaticamente todos se juntassem para registrar o momento, e antes que a garota de vestido florido apertasse o botão, todos sorriram espontaneamente. – Perfeito. Agora é minha vez de sair na foto.

- Por que você não tira a foto, meu amor? – Hazel sorriu gentilmente para Jasper.

- Eu não... – Revira os olhos, fazendo com que os pais da garota meneassem a cabeça em sinal de decepção. – Pede para o Adam tirar...

- Droga, Jasper. Ele é importante nessa foto. – Hazel abaixa a cabeça, pega a câmera de sua amiga, entregando-a para o pai. – Você pode fazer isso por mim, papai?

- Claro! – Sorri. – Mas depois vamos acordar a sua avó. Ela tem algo para te dar!

Todos se juntam para a foto, mas dessa vez, Hazel se afasta de Jasper e se junta a dupla Megan e Adam para abraçá-los e guardar em sua memória o quanto eles eram especiais.

A amizade do trio começou quando estudaram juntos pela primeira vez. Os três tinham 7 anos quando a amizade inseparável começou. Desde então, eles faziam tudo juntos. Estudavam, passeavam, dividiam seus problemas e se alegravam unidos pelas conquistas de cada um.

Após a mãe da ruiva cortar as fatias de bolo e distribuir devidamente para cada um, todos estavam silenciosos na mesa, e apesar de sorridente, Hazel sabia que Jasper não estava gostando de estar ali, pois sempre que tinha a oportunidade, mostrava a repulsa em seu olhar.

- Hazel! – A garota escuta a voz embargada de sua avó, que tinha cabelos brancos, andava curvada, mas sempre com um sorriso gentil, vestindo um vestido branco com bolinhas pretas. A senhora segurava uma caixinha roxa. – Feliz aniversário minha netinha linda!

- Obrigada vovó! – Hazel pulou da cadeira em um segundo e seguiu até sua avó Gertrude, que o entregou a caixinha, segurando suavemente, com suas mãos quentes as mãos da ruiva.

- Nunca perca esse espelho! - Gertrude sorriu gentilmente. – Ele irá fazer diferença em sua vida um dia...

- É lindo! – Hazel sorri ao abrir a caixinha para descobrir um lindo estojo de maquiagem, que era composto por algumas sombras coloridas e um espelho quadrado. – Obrigada vovó, eu te amo!

- É... – Jasper se levantou cuidadosamente da cadeira com um sorriso indelicado. – Acho que preciso ir...

- Mas não se passou metade do dia! – Victoria Sinclair olhou desconfiada para o rapaz de olhos verdes e cabelos castanhos que batiam em sua testa e faziam um movimento sútil. – É a faculdade?

- Sim... – Responde olhando para Hazel em seguida. – Estou fazendo algumas tarefas extras...

- Mas é meu aniversário... – A ruiva abaixou a cabeça.

- E o que eu posso fazer? – Jasper resmunga.– Eu não tenho culpa. Meu futuro sempre virá primeiro.

- Que idiota! – Adam sussurra e revira os olhos enquanto balança a cabeça negativamente ao olhar para Megan, que o beliscou para que não dissesse mais nada.

- Tudo bem... – Sinclair deixa uma lágrima escapar de seu olhar. – Tudo bem... Eu te amo.

- Até logo! – Jasper abriu apressadamente a porta e saiu. Fazendo com que todos na sala ficassem impressionados com tamanha indelicadeza.

- Nossa! – Megan olha para Hazel com um olhar de indignação. – Que cara mais babaca!

- Ele não te merece minha netinha... – Gertrude sorri gentilmente, sentada em sua cadeira de balanço.

- Eu já disse isso para ela mamãe... – Victoria abaixa a cabeça. – Mas ela não ouve!

- Ela não ouve ninguém! – Oswald completa. – Mas ela vai escutar o próprio coração quando for o momento.

- Gente! – Hazel bateu impulsivamente na mesa, fazendo com que as pessoas se assustassem. – Por favor... Chega.

- Tudo bem, tudo bem. – Megan sorri. – Por que não vamos ao meu jardim?

- Sabe que eu não gosto de ir para a praia... – Hazel responde desanimada.

- Não vamos na praia. Vamos no jardim da Megan! – Adam sorri.

- Que é próximo a praia... – Sinclair revira os olhos.

- E o que vamos fazer então? – Megan olha para a amiga com um sorriso gentil.

- Sinceramente... - A ruiva olhou para todos na sala, se levantou silenciosamente e seguiu até a porta do quarto. – Eu quero ficar sozinha.

Todos se olharam, mas respeitaram a garota, apenas demonstrando em seus olhares que estavam tristes por verem a garota decepcionada mais uma vez.

Hazel se trancou no quarto e pôde perceber que aos poucos o local ficava silencioso, pois os amigos haviam ido embora e seus pais haviam ido para o lado fora cuidar da fazenda. Sua avó ainda estava na sala, mas ela sempre foi silenciosa e era habituada a dormir facilmente.

A ruiva olhava o céu pela janela e questionava silenciosamente qual era a razão de não ser amada como merecia, se ela daria o mundo para ver Jasper feliz. Hazel ainda não entendia que o amor deveria ser leve e espontâneo, e que ela não deveria implorar para que Jones ficasse. Se ele quisesse ir, ele deveria. Mas a garota não imaginava uma vida sem ele.

Hazel se olhou através do espelho, respirou fundo e adormeceu.

****

Sinclair acordou ao anoitecer, com o som de seu telefone tocando. A princípio, a garota simplesmente hesitou em atender, porém o som a incomodou tanto que ela finalmente puxou-o do gancho.

- Hazel! – A voz de Megan ecoou pelo aparelho.

- Amiga! – A ruiva sorriu gentil e respondeu com a voz sonolenta.

- A festa, garota! – Adam grita antes que Megan pudesse dizer algo.

- Vocês querem realmente encontrar aqueles babacas da escola? – Hazel se levantou da cama, olhando para seu guarda-roupa.

- É seu aniversário! – Megan respondeu. – Eu te dou 30 minutos para se arrumar. Estamos indo até você e eu juro que se você não estiver pronta, vamos te levar do jeito que estiver.

- Então é melhor eu desligar... – A garota coloca o telefone de volta no gancho, seguindo até o guarda-roupa para escolher seu look.

Hazel revirou as suas roupas, tirando várias do cabide e das gavetas até que encontrasse um vestido xadrez rodado e em seguida olhou para o outro canto do quarto, onde havia uma bota de cano longo, que casava perfeitamente com o que escolheu.

Pronto! – Hazel puxa a toalha do cabideiro no canto da sua cama e segue rapidamente até o banheiro.

****

- Hazel! – Adam e Megan batem desesperadamente na porta do quarto.

- Calma, calma... – A ruiva vai até a porta, abrindo-a e em seguida, debruça a mão direita no batente. E aí, como eu estou?

- Mais perfeita do que nunca! – Adam sorriu com os olhos iluminados com a beleza da garota.

- Você vai brilhar! – Megan se aproxima para abraçá-la. – Nossa, você está cheirosa.

- Vamos? – A ruiva joga os cabelos para trás dos ombros.

- Não cheguem tarde! – Gertrude sorriu ao observar os jovens indo até a saída.

- Pode deixar, vovó! – Sinclair sorriu.

****

A lua iluminava as ruas escuras de Ice Garden, que apesar do nome, a cada ano que passava, ficava mais quente. As árvores pareciam secar aos poucos. Hazel observava e se lembrava que a escassez estava chegando até sua família, pois com o calor, as plantas não cresciam o suficiente, e os animais emagreciam e morriam. Mesmo com toda a dificuldade, a garota sempre mantinha um sorriso no rosto.

Os amigos corriam pela estrada de terra que levava até a casa de Edward Penywooth. A cada passo, podiam escutar o som da música se aproximar, ao mesmo tempo que podiam ver vários jovens bêbados dançando na frente da casa do garoto.

- Essa noite vai ser incrível... – Megan sorri. – Eu preciso encontrar algum garoto.

- Definitivamente, precisa. – Adam debocha.

- Ah, nossa. – A garota de cabelo liso e castanho sorri e olha para o amigo. – Você tem uma namorada? Acho que não...

- Ainda não... – Adam sorri. – Mas eu vou conquistá-la.

- Vai sim... – Dá uma risada irônica. – Vai sim.

- Queria que o Jasper estivesse aqui... - Hazel deixa uma lágrima escapar e clareia a garganta, para concertar a voz embargada. – Mas tudo bem.

Os jovens se aproximavam da casa, quando Megan olha na direção da árvore na frente da casa de Edward, onde Hilary, a líder de torcida beijava alguém que parecia familiar.

- Gente! – Megan olha para os amigos com um olhar apreensivo e aponta em direção a garota. – Aquele garoto não me é estranho.

Não... – Hazel grita ao perceber que o garoto que Hilary beijava era Jasper. - Filho da puta!

Megan olhou para a amiga, e Adam estava paralisado ao ver o olhar decepcionado da ruiva. Megan Ellie seguiu até um rapaz que segurava um copo vermelho, arrancou-o de sua mão, indo até a direção dos dois que se beijavam, tacando a bebida nos dois, fazendo-os pausar o beijo com olhares surpresos.

- Isso aqui é pela Hazel! – Megan joga o copo no chão em seguida, indo em direção aos amigos.– Vamos embora!

Hazel estava em baixo de uma árvore seca, encostada em seu tronco com lágrimas nos olhos e com o coração partido. A garota sabia que o relacionamento dos dois não era uma das melhores referências, porém, jamais imaginava que ele seria capaz de fazer isto.

-Eu preciso ir para casa. – A ruiva respira fundo, com a voz vibrada. – Esse definitivamente é o pior aniversário da minha vida.

- Nós vamos com você! – Adam segura em sua mão gentilmente.

- Não! – Hazel responde séria. – Eu quero ficar sozinha.

- Me perdoa por ter dado a idéia de virmos até aqui! – Megan abaixa a cabeça envergonhada.

- Tudo bem... – Hazel passa a mão pelo rosto para secá-lo, com a ajuda de seu vestido. E logo após, corre em direção contrária para chegar em sua casa. – Até logo... Eu acho.

****

Hazel chorou pelo caminho até sua casa enquanto corria, e ao chegar, entrou imediatamente em seu quarto, tirando suas botas e se olhando através do espelho. Seus olhos estavam inchados e as sardas que geralmente tinham destaque em seu rosto, já não apareciam tanto quanto as manchas vermelhas devido as lágrimas que a garota tentava secar a cada minuto.

- Droga, eu estou um caco! – Hazel revira os olhos, se deita em sua cama, de frente para o espelho. - Que dia de merda.

Em silêncio, Hazel fazia mil perguntas em sua cabeça, como há quanto tempo Jasper estava com Hillary, e se era apenas a Hillary ou haviam mais garotas. Perguntava também se ela não era suficiente. Em meio aquele silêncio no quarto enquanto sua mente gritava, de olhos fechados, Hazel escuta uma voz suave e gentil. Uma voz que não reconhecia.

- Por que você está chorando?

Era um rapaz incomum, seus olhos eram castanhos e expressivos, seus cabelos também eram castanhos, sua boca pequena, com uma covinha que aparecia na sua bochecha direita. Ele vestia roupas diferentes, sua calça era preta, usava um sapato e um suspensório de mesma cor, com uma camisa branca de manga comprida, e um chapéu cinza. O jovem tinha um sorriso gentil aparentemente, nada de assustador, exceto o fato de que ele estava do lado de dentro do espelho, e Hazel já não via seu reflexo, mesmo que tudo estivesse igual através do espelho, o que a ruiva via, era o rapaz aparentemente inofensivo.

- O que? – A garota coça os olhos, balança a sua cabeça na intenção de questionar sua sanidade. – Que porra é essa?

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