Era uma noite chuvosa, o barulho da chuva abafava o som acelerado do meu coração.
Dali eu via o fogo tomar conta e a chuva tentar ajudar, sem sorte. Pedaços e mais pedaços da minha história desmoronando e virando cinzas. Não sei ao certo como aquilo ficou, apaguei assim que o som dos bombeiros soou.
E lá estava eu, ano após ano. Na fila de adoção, esperando a minha vez de conseguir o que todas aquelas crianças queriam: amor.
Alguns amigos estavam lá por não serem queridos, outros por serem resgatados de quem devia os amar, e alguns perderam quem os amava, eu sou diferente, nunca tive amor, mas tive pais.
Era no mínimo doloroso ver tantas pessoas entrarem, olharem e simplesmente saírem, e isso perdurou até... hoje.
Não sei ao certo como isso aconteceu. Mas acabei caindo na simpatia de um casal disposto a adotar uma adolescente, o que é bem raro.
Andando de um lado para o outro dentro daquele quartinho onde passei boa parte da minha vida, senti medo. Sempre quis ser adotada, mas como nunca pensei realmente que conseguiria.
- Lorena? Pronta para ir? A senhora Lindsay e o senhor Connor já tão aqui.
Sorri, tentando engolir o nervosismo, pelas poucas sessões que tivemos eles parecem ser legais, então medo não é necessário.
Andando pelos corredores onde corri até não consegui mais, meu coração apertou, terei que deixar memórias aqui, mas dessa vez, não serão queimadas.
-Lorena, querida. Estamos muito felizes que você escolheu vir conosco! Venha, Connor está no carro.
Andamos até o carro e Lindsay fez questão de explicar detalhadamente como era a "sua nova casa", ela também falou que teria um irmão mais velho, que estava ansioso para me conhecer.
Sinceramente, só me deixou mais nervosa. O que vai ser da minha vida agora?