O médico acabara de me dar a melhor notícia: o resultado da biópsia era benigno. O meu coração, apertado por uma semana de medo de cancro, finalmente relaxou.
Quis logo partilhar a alegria com o meu marido, Pedro, mas uma mensagem da minha sogra, Sofia, mudou tudo.
Ela pedia 50.000 euros das nossas poupanças para uma cirurgia de emergência do meu sogro, que precisava de ser feita "agora". Estranhei, já que Pedro me dissera que tinha sido adiada.
Algo não batia certo. Liguei para o consultório do "Dr. Alves", o médico dado como ausente para a cirurgia, e descobri uma mentira: ele estava de férias, não numa emergência familiar.
O meu sangue gelou. Corri para o hospital. O que encontrei lá na ala de ginecologia, com o meu marido de mãos dadas com a prima dele, Lúcia, e um folheto de "Cuidados Pós-Aborto" na mesa de cabeceira, desabou o meu mundo.
Os 50.000 euros não eram para salvar ninguém, mas para encobrir um aborto clandestino! E a criança? Era do meu marido, Pedro, com a nossa prima. Há um ano.
A traição foi um golpe físico. A minha sogra sabia de tudo e encobria-os.
Como pude ser tão cega? Como a família que jurei amar pôde ser tão cruel?
Agarrei no telefone, a mágoa e a raiva a arder dentro de mim. O divórcio era apenas o começo. Eles iriam pagar por cada mentira, por cada euro roubado, por cada pedaço da minha vida que destruíram.