"Ele não está aqui." A mulher estranha disse.
Ela olhou ao redor da casa que já conhecia tão bem, mas que agora parecia fria, vazia e sem vida. "O que quer dizer com isso... Quero dizer..." começou, mas a estranha ergueu as mãos interrompendo.
"Parece que se enganou, mocinha. O nome que mencionou não me é familiar. Nunca ouvi falar. Talvez deva perguntar em outro lugar - pode estar perdida."
"Não, senhora, não estou." Marine insistiu. Tinha certeza do que falava. Esta era a casa que considerava seu segundo lar. Foi nesta mesma casa de tijolos marrons que riu, chorou, gemeu de prazer...
Precisava parar de pensar nisso agora.
"Senhora, desculpe incomodar, mas estou certa do que digo. Procuro por Dori..." Interrompeu-se porque a mulher nem a deixou terminar.
"Mocinha. Está perdida. Não sei quem é Dorian Michel, nem Lana, nem Laura ou qualquer nome que esteja chamando. Acabei de me mudar, não sei do que está falando."
A mulher se mudara recentemente. Faziam apenas alguns dias desde a última vez que vira Dorian, diante desta varanda. Conversaram - mais discutiram - mas mesmo assim...
Não conseguia acreditar no que ouvia. Com pensamentos girando em sua mente, rezava para que seu pressentimento estivesse errado.
Quando ele partiu? Quando a casa foi alugada? Quando, quando, quando? Tinha tantas perguntas, mas a mulher à sua frente não parecia disposta a dar respostas.
"Mas..." começou novamente, e a mulher, cuja expressão já demonstrava irritação, disse: "Sem 'mas'. Não sei quem é Dorian Michel, nunca ouvi esse nome e, na verdade, estava organizando minhas coisas e cozinhando. Então, se me dá licença."
A mulher falou e, sem permitir que dissesse mais nada, bateu a porta em seu rosto.
Ela piscou uma, duas, três vezes. Beliscou-se para saber se era real. Ele fora embora sem avisá-la, exatamente como dissera que faria?
Não, ele não poderia. Disse diretamente que iria embora e que, quando fosse, não voltaria. Falara em seu rosto que não se importava mais com sua existência e que se sentira traído por ela, mas ela implorara que ficasse.
Prometera que voltaria e explicaria tudo, toda a verdade. E o que ele fez? Foi embora sem olhar para trás!
Mas a verdade estava ali, diante dela. Uma verdade tão difícil de compreender que a deixava mais que confusa. Quem iria procurar? O que faria? Essas e outras perguntas passavam pela mente de Marine enquanto caía no chão em lágrimas, seu coração se partindo, se esfacelando.
Isso não podia estar acontecendo. Recusava-se a acreditar e beliscou-se pela enésima vez, querendo acordar daquele pesadelo. Era um sonho, não era real.
Suas mãos foram instintivamente ao estômago. Apertou com força a barriguinha que crescia, enquanto um rio de lágrimas escorria por seu rosto.
Estava em um verdadeiro caos, um problema sem solução aparente. Ele fora sua única esperança, sua última chance de sair daquela enrascada, e agora o afastara com sua ignorância e mentiras cruéis.
Recusara-se a ouvir as vozes em sua cabeça, e agora pagaria caro por isso.
A realidade de toda a situação encarava-a fixamente. Ela causara tudo isso, e agora precisava pagar!