Acordei no hospital com o cheiro de desinfetante, o meu corpo pesado e a única preocupação na minha mente era a minha filha, Ana.
Léo, o meu marido, estava ao meu lado, tentando esconder a verdade sobre o acidente de carro que quase nos matou, a mim e à nossa filha.
Mas o choque veio da voz trémula da minha melhor amiga, Sofia: a pessoa que nos atingiu era Inês, a ex-namorada de Léo, alcoolizada.
Olhei para Léo, que ainda defendia Inês, revelando que a "consolava" em segredo.
A traição cortou mais fundo do que qualquer ferimento físico. Mas o pior estava por vir.
A minha sogra, Dona Elvira, entrou no quarto, não para me apoiar, mas para me atacar, cega pela lealdade a um filho que a protegia e à ex-namorada.
Ela chamou-me de dramática, de ingrata, disse que Inês "só cometeu um erro" e que eu devia ter orgulho em Léo por ser "leal" à sua amiga.
O meu mundo desabou não pelo acidente, mas pela frieza das pessoas que eu mais amava.
Como puderam eles defender uma mulher que pôs a vida da nossa filha em perigo, enquanto eu estava a sangrar no hospital?
O meu coração não sangrava apenas pela dor das minhas costelas, mas pela traição que gelava a minha alma.
Ninguém me perguntava como eu estava, apenas como eu podia ser tão "escandalosa".
Foi então que soube que não havia mais "nós". O divórcio seria apenas o começo.
Eu não ia apenas sobreviver – eu ia lutar. Lutar pela minha filha, pela minha dignidade e para provar que a minha força não dependia deles.
Eles não só me perderam, como iriam perder tudo.