Dez anos. Dez anos ao lado de Isabela, seu braço direito, amante e cão de guarda.
Eu a protegi, matei por ela, sangrei por ela; era a lealdade encarnada em seu império.
Então, Thiago chegou, um garoto com cara de anjo, e meu mundo ruiu.
Isabela me descartou friamente, chamando-o de "leve", enquanto eu "carregava o peso do mundo".
Fui humilhado, relegado a um canto, vendo-a dar a ele o carinho que nunca me dedicou.
Thiago me provocava e manipulava, e ela, cega, o protegia com devoção.
O golpe final veio quando Isabela, por um arranhão superficial dele, arrancou minha gata Pipoca de meus braços.
Com um sorriso cruel, ela atirou minha única companheira do alto da cobertura. Minha Pipoca, morta.
Mesmo a dor da perda não a comoveu. Thiago, então, me incriminou como informante.
Cega pela raiva e pela farsa, Isabela ordenou: "Levem-no! Façam-no confessar."
Fui torturado sem piedade, cada golpe uma lembrança de sua traição.
Por fim, acorrentado, fui jogado no fundo do mar, deixado para morrer.
A dor da traição. A fúria por ser descartado como lixo.
Como ela pôde ser tão cruel, tão cega ao seu manipulador?
Dez anos de lealdade incondicional, jogados fora por uma "inocência" forjada.
Mas o mar não me quis. Acordei tossindo, em uma praia desconhecida, vivo.
E agora, eles pagariam. Não como ela planejou, mas de um jeito que jamais esqueceriam.
O jogo estava apenas começando de verdade.