A noite em Nápoles era quente, pesada, como se o próprio ar conspirasse para esconder segredos. As ruas estreitas e sinuosas do bairro antigo eram iluminadas apenas por faróis fracos, que lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra. Era ali, no coração da cidade, que o poder verdadeiro se escondia, longe dos holofotes e das manchetes. A máfia não precisava de luz para governar; ela prosperava nas trevas.
Vittorio Moretti, conhecido como Il Fantasma - O Fantasma -, era um homem que personificava o silêncio mortal das sombras. Alto, de olhos frios como o aço e uma presença que paralisava até os homens mais corajosos, ele era o chefe indiscutível da família Moretti. Sua reputação era lendária: implacável, calculista e, acima de tudo, perigoso. Mas havia uma regra que ele nunca quebrava: nunca se envolver emocionalmente. Até agora.
Do outro lado da cidade, em um apartamento minúsculo e decadente, Isabella Rossi lutava contra o desespero. Aos 24 anos, ela já havia perdido a esperança de uma vida melhor. Seus avós, os únicos que a criaram, estavam doentes e sem recursos. O sistema de saúde italiano havia falhado com eles, e Isabella estava disposta a fazer qualquer coisa para salvá-los. Qualquer coisa.
Foi assim que ela acabou na frente do escritório de Vittorio Moretti, com um coração acelerado e uma proposta que poderia mudar sua vida - ou destruí-la. Ela não sabia o que esperar, mas sabia que não tinha escolha. A vida havia a empurrado para os braços do perigo, e ela estava prestes a descobrir que, às vezes, o diabo não vem com chifres e um tridente. Ele vem com um terno impecável e um sorriso que promete tudo, menos a salvação.